Os filmes selecionados são um recorte da safra de curtas produzida entre 2018 e 2019, e aprofundam questões e tensões sobre a realidade
Uma das principais janelas de exibição de curtas-metragens no Brasil, a 23ª edição da Mostra Competitiva Nacional de Curtas do Festival de Cinema de Vitória acontece entre os dias 25 e 28 de Setembro. Os filmes selecionados são um recorte da safra de curtas produzida entre 2018 e 2019. A seleção aprofunda questões e tensões sobre a realidade do país, reforçando o papel questionador do cinema.
A comissão de seleção da mostra é composta por um time de quatro profissionais com os mais variados backgrounds nos campos do cinema e audiovisual: Flavia Candida, curadora, cineasta e produtora; Erly Vieira Jr, cineasta, escritor, pesquisador na área audiovisual e professor da Ufes; Ursula Dart, realizadora, produtora, diretora e fotógrafa de filmes; e Waldir Segundo, Programador do Cine Metrópolis e pesquisador de cinema.
Segundo a comissão, o destaque da seleção são filmes que buscam ampliar os modos de cartografar as experiências daqueles que sobrevivem às margens do sistema. “Sem-tetos, refugiados, população carcerária – e, nesses casos, é interessante entender que os olhares renovados, mais atentos e situados além dos usuais estereótipos, também vêm acompanhados de elaborados desenhos sonoros que buscam sacudir o espectador de seu habitual torpor”, explicam os curadores.
Os filmes selecionados são: A PRAGA DO CINEMA BRASILEIRO (William Alves e Zefel Coff, EXP, DF), ARQUITETURA DOS QUE HABITAM (Daiana Rocha, EXP, ES), COR DE PELE (Lívia Perini, DOC, PE), DÔNIARA (Kaco Olímpio, FIC, GO), FARTURA (Yasmin Thayná, DOC, RJ), GUAXUMA (Nara Normande, ANI, PE), NEGRUM3 (Diego Paulino, DOC, SP), O ÓRFÃO (Carolina Markowicz, FIC, SP), O PÁSSARO SEM PLUMAS (Tati Rabelo e Rodrigo Linhales, ES), OS MAIS AMADOS (Rodrigo de Oliveira, FIC, ES), PERPÉTUO (Lorran Dias, FIC, RJ), QUANDO ELAS CANTAM (Maria Franchin, DOC, SP), REFÚGIO (Shay Peled e Gabriela Alves, DOC, ES), RISCADAS (Karol Mendes, DOC, ES), SANGRO (Tiago Minamisawa, Bruno H Castro e Guto BR, ANI, SP), SOBRADO (Renato Sircilli, FIC, SP), e TEMPESTADE (Fellipe Fernandes, FIC, PE).
Formas de resistir, enfrentar o cotidiano e desenhar um novo presente e futuro são temas recorrentes nos enredos dos curtas selecionados. “Como bem define a sinopse do curta ‘Perpétuo’, “forças invisíveis do passado se atualizam entre as ruínas do presente” – inclusive as forças que podem virar o jogo e, com o auxílio do cinema, produzir um imaginário mais justo e diverso, capaz de nortear o futuro melhor que tanto desejamos”, conclui a comissão.
A 23ª Mostra Competitiva Nacional de Curtas faz parte da programação do 26º Festival de Cinema de Vitória, que acontece entre os dias 24 e 29 de Setembro no Centro Cultural Sesc Glória, Hotel Senac Ilha do Boi e Cine Metrópolis. A programação do Festival também conta com outras 11 mostras competitivas (confira a lista completa dos selecionados no site), além de atrações musicais, oficinas, painéis, debates e sessões especiais.
O 26º Festival de Cinema de Vitória tem o patrocínio do Ministério da Cidadania, através da Lei de Incentivo à Cultura, da ArcelorMittal, do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul – BRDE, do Fundo Setorial do Audiovisual – FSA e da Ancine, conta com o copatrocínio da EDP e do Banestes, com o apoio da Rede Gazeta, da AdoroCinema, da Ceturb ES, da Prefeitura Municipal de Vitória e da Secretaria de Estado de Turismo (Setur-ES). O Festival conta também com o apoio institucional do Centro Técnico do Audiovisual – CTAv, da Mistika, da CiaRio, da Link Digital, do Centro Cultural Sesc Glória, da Jangada VOD, do Canal Brasil e da Carla Buaiz Jóias. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte.
Serviço:
23ª Mostra Competitiva Nacional de Curtas
Data: 25 a 28 de Setembro
Local: Teatro Glória (Centro Cultural Sesc Glória)
Entrada franca
Conheça a Seleção de Filmes:
A PRAGA DO CINEMA BRASILEIRO (William Alves e Zefel Coff, EXP, DF)
Com a pedra da 3ª força, ZÉ DO CAIXÃO vai ao passado, na virada do milênio, em 2/2/2000 para evitar o TERROR POLÍTICO do Brasil instituído pelo CAPETAL e seus CAPETALISTAS, infiltrados nos setores estratégicos que arrastou o país para o 5º dos infernos com as bençãos dos boizebus, das diabas e dos satanazes dos 3 poderes. ZÉ DO CAIXÃO abre um portal para os infernos do passado onde liberta antigos filmes sequestrados pelo Capetal, pois estes trazem a luz, as palavras dos profetas que tudo sabiam.
ARQUITETURA DOS QUE HABITAM (Daiana Rocha, EXP, ES)
O cotidiano, tempo e detalhes de um lugar ocupado por pessoas.
COR DE PELE (Lívia Perini, DOC, PE)
Cor de Pele é um sensível documentário sobre a vida do menino albino Kauan, de 11 anos. Na bela cidade de Olinda, Kauan relata como é o dia a dia de sua atípica família e de seus cinco irmãos: dois albinos e três negros. Ele conta como lida com as dificuldades de ter a pele e visão sensíveis, sendo uma criança super ativa numa cidade em que o sol brilha todos os dias do ano.
DÔNIARA (Kaco Olímpio, FIC, GO)
Iara se prepara para o fim da água no mundo.
FARTURA (Yasmin Thayná, DOC, RJ)
A partir da observação de imagens domésticas feitas por famílias negras de periferias e favelas cariocas, o filme fartura investiga as relações entre encontros familiares e a comida como elemento simbólico que não só alimenta um corpo, mas também é capaz de calibrar afetos e simbolizar rituais de vida e morte. Um filme-ensaio sobre memórias marcadas pelo preparo e o oferecimento de comidas como um conjunto simbólico dos modos que famílias presentes no filme encaram a vida e revela suas relações.
GUAXUMA (Nara Normande, ANI, PE)
Eu e Tayra crescemos juntas na praia de Guaxuma. A gente era inseparável. O sopro do mar me traz boas lembranças.
NEGRUM3 (Diego Paulino, DOC, SP)
Entre melanina e planetas longínquos, NEGRUM3 propõe um mergulho na caminhada de jovens negros da cidade de São Paulo. Um ensaio sobre negritude, viadagem e aspirações espaciais dos filhos da diáspora.
O ÓRFÃO (Carolina Markowicz, FIC, SP)
Jonathas foi adotado. Mas logo é devolvido ao abrigo devido ao seu “jeito diferente”.
O PÁSSARO SEM PLUMAS (Tati Rabelo e Rodrigo Linhales, ES)
As aventuras de uma criança transexual na década de 80 que diariamente tem uma difícil escolha entre dois caminhos. O Pássaro sem Plumas é uma história de esperança e coragem.
OS MAIS AMADOS (Rodrigo de Oliveira, FIC, ES)
O mundo acaba e Emanuel precisa guiar João até o portal que leva os merecedores à eternidade. Emanuel está desesperado para ascender, mas João desafiará o direito do mestre ao paraíso. Uma adaptação queer-cristã do Apocalipse: Livro das Revelações.
PERPÉTUO (Lorran Dias, FIC, RJ)
Século XXI, América do Sul, Brasil, Rio de Janeiro, Baixada Fluminense, Nova Iguaçu, Cerâmica e Comendador Soares: Silvia e Alex voltam a morar juntos. Forças invisíveis do passado se atualizam nas ruínas do presente. Vida em movimento.
QUANDO ELAS CANTAM (Maria Franchin, DOC, SP)
Documentário sobre o projeto Voz Própria, desenvolvido por Carmina Juarez, que é voltado ao tratamento terapêutico de mulheres encarceradas a partir da articulação entre música e psicanálise. O filme acompanha de dentro da prisão os ensaios dessas mulheres para um show na Capela da Penitenciária Feminina de São Paulo, capital.
REFÚGIO (Shay Peled e Gabriela Alves, DOC, ES)
Recomeçar em um novo país – faces da crise humanitária da imigração.
RISCADAS (Karol Mendes, DOC, ES)
Tendo como cenário o Centro da capital do Espírito Santo, três artistas mulheres capixabas contam suas vivências e como a arte urbana aliado ao movimento feminista se tornaram importantes ferramentas no enfrentamento a violência contra a mulher.
SANGRO (Tiago Minamisawa, Bruno H Castro e Guto BR, ANI, SP)
Inspirado em uma história real, “Sangro” é a confissão íntima de uma pessoa que vive com HIV. Turbilhão de sentimentos. As primeiras sensações. Um filme em animação que busca desmistificar questões que sobrevivem até hoje no imaginário social em relação ao vírus.
SOBRADO (Renato Sircilli, FIC, SP)
As cicatrizes nos corpos de quatro mulheres marcam um passado difícil de esquecer. Quando um dos cômodos da casa onde elas moram é tomado por algo desconhecido às vésperas da realização de uma grande festa, a segurança delas é colocada à prova. Elas não estão mais sozinhas.
TEMPESTADE (Fellipe Fernandes, FIC, PE)
Ao longe, sobrevoando os vulcões multiplicados, uma tempestade elétrica era gestada em silêncio.
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