Uma roda de conversa com foco em diversos assuntos que atravessam o mundo contemporâneo tendo o audiovisual como fio condutor. Assim foi o Debate 11ª Mostra Competitiva Nacional de Longas, que encerrou o ciclo de encontros com os realizadores do 28º Festival de Cinema de Vitória. Mediado pelo jornalista e crítico de cinema, Filippo Pitanga, o encontro teve a participação de Ana Johann, diretora de A Mesma Parte de um Homem; Djin Sganzerla, diretora de Mulher Oceano; Bruno Costa, diretor de Mirador; Zeca Ferreira, diretor de Noites de Alface; e Joaquim Castro, co-diretor de Máquina do Desejo, ao lado de  Lucas Weglinski. 

Quem abriu o debate foi Ana Johann que falou sobre o processo de criação do seu filme e relembrou uma história de início de carreira.  “Eu comecei a trabalhar nesse projeto de roteiro em 2012, no núcleo de roteiro aqui em Curitiba, e depois passou por alguns laboratórios como o Sesc Novas Histórias. Depois em 2015 entrou outra roteirista. E em 2027 que a gente conseguiu orçamento para fazer esse filme. A gente estreou no Festival de Tiradentes e eu estou muito feliz de participar do Festival de Vitória porque a Lucia [Caus, diretora do FCV] tem um lugar muito especial na minha vida porque o meu primeiro filme eu fiz pelo Revelando os Brasis, em 2007, que era um projeto para produzir filmes de realizadores de cidades de até 20 mil habitantes. Eu sou do interior do Paraná. Foi uma oportunidade de realizar o meu filme e agora eu estou aqui firme, continuando, investindo nos meus projetos e com meu primeiro longa de ficção”. 

Joaquim Castro contou sobre o processo de feitura do seu documentário que resgata, digitaliza e dá a dimensão histórica do Teatro Oficina para o Brasil. “É uma alegria muito grande participar do Festival de Vitória. É uma ‘competitiva’ que eu sempre gosto de ressaltar que a ideia não é exatamente competir com os meus e sim celebrar essas criações que foram tão árduas certamente para todo mundo. E Máquina do Desejo surge da urgência e do cuidado do arquivo do Teatro Oficina. O projeto surgiu porque eu e o Lucas, que é co-diretor, era ator do Oficina e a gente se conheceu na montagem dos Sertões, quando o Oficina foi para Canudos, e de lá a gente começou uma parceria de muitos anos. Filmamos vários DVDs, várias peças. E estava ficando complicado cuidar do acervo, muita coisa sem backup, HDs sem fonte… e a gente decidiu criar esse projeto de longa-metragem, digitalizar uma série de materiais do oficina e construir esse longa que eu acho que é muito importante pro Brasil”. 

Bruno Costa falou sobre a percepção do cotidiano e de como transformou o dia a dia em filme. “Mirador é um roteiro meu, em parceria com William Biagioli, e ele partiu de uma observação muito do cotidiano, do que acontecia muito ao meu redor, situações que amigos próximos estavam passando, ligado principalmente a paternidade. Fico feliz, muito feliz de estar aqui no Festival de Vitória, o filme está sendo exibido, chegando até as pessoas, da forma que é possível nesse momento, on-line. É isso. Vamos em frente”. 

Zeca Ferreira abriu sua fala com uma memória sobre sua participação no Festival de Cinema de Vitória. “Eu tenho um carinho bem especial pelo festival de Vitória, eu passei meu primeiro curta chamado Áurea, e tive dias maravilhosos, bem inesquecíveis. Então poder voltar aqui com meu primeiro longa é uma alegria enorme”. Na sequência, ele falou sobre o processo inicial do seu longa de estreia. “Noites de Alface é um filme que começa por volta de 2013. Aí eu fui agarrado por esse livro da Vanessa Barbara, uma escritora da minha geração, que eu conhecia muito das crônicas e não conhecia da ficção. E assim que peguei o livro, li o primeiro capítulo, me deu muita vontade de adaptar. Pelo olhar que ela tem sobre esse tema, que eu acho um olhar muito especial, muito único e pela forma. É um livro que dava possibilidades de cinema muito grandes”. 

Djin Sganzerla falou sobre o processo de criação e de trabalhar com uma equipe majoritariamente formada por mulheres. “Eu comecei como atriz, minha trajetória é toda como atriz, com uma experiência sempre em frente às câmeras. Mas uma vontade enorme de dirigir. Isso me acompanhava durante anos. Mas eu não achava a premissa, nenhum roteiro que eu lia dialogava. Em 2018, quase como uma catarse, resolvi escrever o roteiro, com uma co-roteirista, e a gente escreveu em um tempo absolutamente relâmpago. Existia uma urgência de filmar. Eu escrevi uma história que se passava na cidade onde eu nasci, no Rio de Janeiro, e no Japão. Porque o mar é um personagem dessa história de duas mulheres. Porque eu queria colocar a mulher como um papel central nesse filme, não só como protagonista, mas a diretora mulher, as roteiristas mulheres, grande parte da equipe é composta por mulheres. Eu embarquei nisso e filmei”.   

Confira na íntegra o Debate 11ª Mostra Competitiva Nacional de Longas

On-line

O Festival de Cinema de Vitória é o maior e mais importante evento de cinema do Espírito Santo. Entre os dias 23 e 28 de novembro, o evento será realizado em formato on-line e gratuito, com as mostras exibidas na plataforma Innsaei.tv. Os filmes estarão disponíveis para o público por 24 horas após a estreia.

O 28º Festival de Cinema de Vitória conta com o patrocínio do Ministério do Turismo, através da Lei de Incentivo à Cultura. Conta com o apoio da Rede Gazeta, da Tower Web e do Banestes. Conta também com o apoio institucional do Canal Brasil, da ABD Capixaba, da Carla Buaiz Jóias, da Inssaei.tv, do Centro Cultural Sesc Glória e da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).