Alunos das Escolas Municipais e Estaduais de Guarapari põem em prática o talento para a música e vídeo durante oficinas de formação, e produzem curta-metragem que resgata a história da cidade.
Entre os dias 9 a 13 de dezembro, cerca de 40 alunos de Escolas Estaduais e Municipais de Guarapari participaram de oficinas de Realização em Cinema e Vídeo e Trilha Sonora e produziram o curta-metragem Monazi, que será exibido na abertura do 26º Festival de Cinema de Vitória Itinerante, no dia 10 de janeiro, em frente ao Quiosque 18, na Praia do Morro.
A aluna Thayane Rosa Marinho, de 16 anos, diz que participou da oficina com o objetivo de aprimorar sua capacidade de desenvolver histórias e traçar roteiros. “ Eu gosto muito de roteiro e pude eu aprender bastante coisa aqui. A gente fez uma atividade interativa bem bacana, que foi fazer um roteiro a partir de três imagens, que foi uma coisa bem surreal, muito incrível. Também conhecemos várias máquinas diferentes que eu nunca tinha visto antes. E tudo isso serviu para acrescentar no nosso dia-a-dia e até na minha vida profissional futura, como artista ou roteirista ”, disse, animada com a experiência.
Abrindo a noite do dia 10, o curta Monazi terá sua trilha sonora apresentada ao vivo. Em seguida, o público presente irá assistir a exibição do filme de comédia nacional Cine Holliúdy 2: A Chibata Sideral, de Halder Gomes. Encerrando a noite de abertura, o cantor Tunico da Vila, grande revelação do samba contemporâneo irá se apresentar. Toda a programação é gratuita.
O 26º Festival de Cinema de Vitória Itinerante conta com o patrocínio do Ministério da Cidadania, através da Lei de Incentivo a Cultura, da ArcelorMittal, do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul – BRDE, do Fundo Setorial do Audiovisual – FSA e da Ancine. Conta com o copatrocínio da EDP e com o apoio da Rede Gazeta e da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo através do Edital de Chamamento 05/2019. Conta também com o apoio institucional do Shopping Vitória. A Realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).
A mistura do Congo e do Baião
O filme Monazi, produzido pelos alunos das oficinas itinerantes, será exibido numa sessão especial de lançamento do 26º Festival de Cinema de Vitória Itinerante, em Guarapari, com direito a apresentação ao vivo da trilha sonora, composta pelos alunos da EEEFM Lyra Ribeiro dos Santos e EEEFM Angélica Paixão.
O oficineiro da turma de Trilha Sonora, o músico Fábio Carvalho, orientou os alunos por uma semana e se disse grato pela troca de experiência. “ A resposta dos alunos foi maravilhosa. Eles ficaram apaixonados pelo Congo, por isso é tão bacana fazer esse tipo de intervenção, a gente estimula a fortalece a identidade cultural do capixaba, em particular desses jovens que foram beneficiados com a oficina”, enfatiza.
Fábio também falou sobre a pesquisa musical para descobrir a composição de Pedro Caetano, que falava justamente sobre a cidade. “O encontro do Baião com o Congo foi uma coisa incrível, ver a disponibilidade e vontade de aprender dos alunos foi algo realmente positivo. Foi muito bacana descobrir uma música junto com a comunidade, fazer essa mistura e ainda encaixar no contexto do filme.
Luz, Câmera… e mão na massa!
O nome do filme, Monazi, vem do termo monazítica, que além de dar nome às areias de algumas praias de Guarapari, significa estar solitário. O filme, que tem como foco principal o Radium Hotel, um dos mais importantes da história do Estado, também é uma forma de resgate à história da própria cidade. A turma incluiu ainda no roteiro outros importantes pontos da cidade para contar sua história, como as ruínas, o cemitério São João Batista e a igreja Nossa Senhora da Conceição.
Para o instrutor da turma de Realização em Cinema e Vídeo, o cineasta Bernard Lessa, a troca de ideias rendeu, além do aprendizado técnico, uma rica experiência de construção:
“A gente trabalhou um pouco da técnica da imagem audiovisual e sobretudo a importância de se desenvolver e explorar o nosso próprio olhar pro mundo, encontrar a nossa voz em meio a tantas vozes”, ele conta.
Construído em 1947 pelo Estado para ser escola naval, o Radium Hotel só foi inaugurado em 1953 pelo arrendatário italiano Alberto Quatrini Bianchi, que montou também um cassino no local. O empreendimento, localizado na praia da Areia Preta, é repleto de tradição e histórias impressionantes.
Ele também se disse muito satisfeito com a turma criativa e dedicada das escolas municipais de Guarapari que participaram da oficina: “Foi muito interessante construir com os alunos um curta a partir da experiência deles da cidade de Guarapari e de uma pesquisa que nós fizemos juntos sobre a história da cidade, que possibilitou que muitos conhecessem melhor a história da própria cidade e que eles fossem a lugares que nunca tinham ido antes. Foi muito bacana ver na prática o cinema e seu processo como ferramenta de conscientização e de reflexão sobre os espaços e sobre a vida”.