O olhar feminino sobre suas obras e também sobre a produção audiovisual. Foi em torno deste universo que girou o Debate 6ª Mostra Mulheres no Cinema, janela exclusiva para filmes dirigidos exclusivamente por mulheres. Mediado pela doutoranda em psicologia e cinema pela USP e crítica de cinema para o portal Geledés, Viviane A. Pistache; o bate-papo teve a participação de Natasha Jascalevich, diretora de O Peixe; Brunna Laboissière e Bruna Carvalho Almeida, diretoras de Eu Espero o Dia da Nossa Independência; e Laís Catalano Aranha e Drica Czech, diretoras de  Fora de Época. 

Natasha Jascalevich abriu o debate explicando o processo de pesquisa que resultou no seu primeiro curta-metragem como diretora. “O Peixe é meu primeiro filme como diretora e roteirista. Eu sou atriz, trabalho com audiovisual, mas me aventurei a dirigir e fazer um roteiro. Porque um pouquinho antes da pandemia eu estava trabalhando em um processo de pesquisa de alguns anos que trata da temática do prazer e da comida, entre o prazer feminino e a comida. São duas coisas muito presentes no meu trabalho, em tudo que eu faço. Eu fiquei muitos anos pesquisando para produzir a peça e durante esse processo, a pandemia começou. Fiquei pensando como eu trato essa temática no meio disso tudo. Por causa de um edital de roteiro, lendo e pesquisando muito, eu cheguei até esse conto do século IV, de uma japonesa muito maravilhosa. Me identifiquei na hora e foi um processo de gestação muito rápido e veio o roteiro de forma muito rápida na cabeça. Escrevi para esse edital de roteiristas. Fui até quase a final. Depois eu pensei, ‘vou fazer na loucura’. Consegui passar em outro edital e fazer o filme. Foi um processo me descobrir como diretora. Peixe é resultado de uma pesquisa de muitos anos, sobre afrodisíacos, prazer feminino e a comida”. 

Bruna Carvalho Almeida  falou um pouco sobre o processo de criação para o documentário que acompanha o Harack, movimento popular pró-democracia na Argélia. “É muito incrível, poder debater com mulheres sobre fazer cinema. O nosso curta, eu e a Bru, a gente já tinha trabalhado juntas e a gente teve uma parceria muito massa. Em um determinado momento a gente fez uma viagem para Portugal – ela com um curta e eu com um longa que eu tinha dirigido – a gente estava se perguntando um pouco sobre nossos caminhos no cinema, como seria o nosso futuro como realizadores e pensando se a gente propunha algum projeto juntas. Quando a gente viajou para Portugal para exibir os filmes,  lemos algumas notícias sobre a Argélia, e existiu algo nessas notícias que cativou o nosso interesse. Na viagem a gente ficou com muito medo, o filme fala um pouco sobre isso, porque não foi uma entrada fácil no país. A gente sempre distante, filmando um pouco escondidas. Em um determinado momento a gente estava em uma roda de debates, tinham muitos homens discutindo muito, e a gente viu a Arádia. Com uma roupa vermelha, cabelo solto, que pra gente foi algo muito surpreendente porque a Argélia é um país islâmico, que tem muitas restrições sobre as vestimentas das mulheres e ela foi a primeira mulher que a gente viu de ombros de fora, de cabelo solto, maquiagem. Ela pegou microfone pra falar na roda, ela tinha uma força pra se colocar naquele espaço masculino que foi muito fascinante pra gente. E a partir disso ela conduziu a gente pras manifestações”. 

Laís Catalano Aranha falou sobre criar um filme durante o período de isolamento social. “Fora de Época é um filme pandêmico então ele já nasceu nas condições que a gente tinha para realizar um filme dentro de uma quarentena. A gente teve que usar os recursos que a gente tinha, que era basicamente nós duas, o espaço e áudios de amigos, colegas, atores para construir essa história. 

Confira na íntegra o Debate 6ª Mostra Mulheres no Cinema

On-line

O Festival de Cinema de Vitória é o maior e mais importante evento de cinema do Espírito Santo. Entre os dias 23 e 28 de novembro, o evento será realizado em formato on-line e gratuito, com as mostras exibidas na plataforma Innsaei.tv. Os filmes estarão disponíveis para o público por 24 horas após a estreia.

O 28º Festival de Cinema de Vitória conta com o patrocínio do Ministério do Turismo, através da Lei de Incentivo à Cultura. Conta com o apoio da Rede Gazeta, da Tower Web e do Banestes. Conta também com o apoio institucional do Canal Brasil, da ABD Capixaba, da Carla Buaiz Jóias, da Inssaei.tv, do Centro Cultural Sesc Glória e da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).