A formação audiovisual oferecida no Festival de Cinema de Vitória, ao longo de suas quase três décadas, tem sido uma das marcas fundamentais do evento. Entre as oito oficinas oferecidas na edição especial Reencontro, a oficina O Personagem como Centro de um Universo no Cinema de Não-Ficção, com Gustavo Vinagre, trouxe uma formação focada no personagem como interlocutor da criação de um filme, no qual ele é o pilar central. 

Com sua ampla experiência como documentarista brasileiro, Gustavo Vinagre veio à Vitória para compartilhar sua maneira de abordar a personagem, com olhar sensível e profundo sobre suas histórias e vivências. “Essa oficina é basicamente sobre meu método de abordagem dos personagens, nos documentários que eu faço. Então, é quase uma retrospectiva dos meus filmes todos, desde o primeiro curta, em 2007, até os dias de hoje. Vou passando e repassando o filme, falando justamente das relações com os personagens, as negociações que você tem que fazer para essa criação do documentário, essa cocriação e colaboração” explicou Vinagre.

O diretor também falou sobre o método que utiliza para escrever seus roteiros para produções documentais. “A questão do roteiro no documentário é algo que muito trabalho. Escrevo roteiros, muitas vezes dialogados, a partir das histórias que os personagens trazem. O principal que tento passar pras pessoas é justamente essa transparência com o personagem, esse respeito com o personagem, amor pelo personagem, saber que aquelas pessoas estão ali, expondo suas vidas, suas intimidades, e que tem que ter muito carinho e cuidado. É um lugar de muita exposição, de muita fragilidade”. 

A partir dessa proposta, a inscrita Gabriela demonstrou como a formação enriqueceu sua relação com a criação de documentários: “Escolhi essa oficina com Gustavo Vinagre porque gosto muito de documentário, sempre gostei muito, e gosto muito de ouvir histórias, e de caçar histórias também. Não sou da área de cinema, sou da arquitetura, e pra mim tá sendo muito interessante, tô gostando muito, tendo outra visão sobre documentário e formas de contar uma história. Está sendo ótimo, nunca participei de um festival de cinema dessa forma, mas já conhecia, e estar tendo essa experiência está sendo bem bacana. Estou achando muito rico, tenho visto muita movimentação, as pessoas estão falando bastante do festival”.

Assim, os participantes da oficina foram envolvidos pela diversidade de possibilidades de retratar pessoas no cinema. “Estou interessado em conhecer mais sobre cinema latino-americano, brasileiro e capixaba. Sou designer de som, para pós-produção de filmes. Estou interessado em conhecer mais, mais sobre cultura, sobre o que está passando no Espírito Santo e no Brasil. O Gustavo experimenta muito essa mistura entre documentário e filme, com uma só pessoa em geral”, disse Danilo, que veio de Bogotá, Colômbia, e atualmente mora em Vitória. 

Vinagre afirmou que a experiência está sendo enriquecedora, especialmente nesse momento de retomada das atividades. “Estou achando uma experiência maravilhosa, ainda mais nesse tempo de pandemia, poder reencontrar pessoas que eu não via há bastante tempo, e estar junto, poder estar fisicamente presente”. 

O 28º Festival de Cinema de Vitória – Reencontro conta com o patrocínio do Ministério do Turismo e da ArcelorMittal Tubarão, através da Lei de Incentivo à Cultura. Conta com o apoio da Rede Gazeta e da Stella Artois, conta também com apoio institucional do Canal Like e da Universidade Federal do Espírito Santo e da TV Educativa do Espírito Santo. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).

Este projeto está sendo realizado com recursos públicos do Governo do Espírito Santo viabilizados pela Lei de Incentivo à Cultura Capixaba, da Secretaria de Cultura.

OFICINA O PERSONAGEM COMO CENTRO DE UM UNIVERSO NO CINEMA DE NÃO-FICÇÃO

Foto: Andie Freitas/ Acervo Galpão IBCA