O cinema de gênero para falar sobre o mundo contemporâneo. Essa é a proposta da 3ª Mostra Do Outro Lado, que reuniu seus realizadores para um bate-papo em torno das suas produções. Mediado pelo curador e produtor audiovisual, Waldir Segundo; o encontro teve a participação de Clara Martins Hermeto, diretora de Planta Baixa; Begê Muniz, diretor de Jamary; Marcelo Oliveira e William Oliveira, diretores do curta Ar; Isabella Secchin e Luis Fernando Bruno, diretores do filme  Um Espinho de Marfim;  e de Ilka Goldschmidt, co-diretora de Magnético, ao lado de Cassemiro Vitorino.  

A realizadora Clara Martins Hermeto deu início falando sobre a ideia do curta que une questões ligadas à moradia com tecnologia. “Planta Baixa é meu filme de TCC da faculdade e foi filmado em 2017/ 2018 foi passando por processos de finalização e terminou em 2021. Ele nasceu de uma experiência muito corriqueira, que todo mundo já teve de buscar apartamentos para alugar em aplicativos. Isso somado a uma ideia política a respeito da transformação do espaço e da cidade, especialmente nessas cidades da periferia do capitalismo, como é o caso aqui de São Paulo, e como isso se dá com uma violência imensa. E também de leituras sobre coisas de tecnologia, mídias geolocalizadas, redes sociais, algoritmos e coisas assim”, disse a diretora que agradeceu a seleção: “E estou muito feliz pela seleção e pela ótima companhia. Tive a oportunidade de ver os filmes e estou muito feliz”. 

Begê Muniz explicou a proposta do seu curta, que mistura o mundo contemporâneo com a tradição dos povos originários. “É um filme que conta a história de uma menina, que é Youtuber, e que encontra um ser fantástico de origem indigena, o Anhangá. Um ser conhecido de algumas pessoas, mas pouco explorado no nosso cinema e tem esse caráter fantástico, e de defesa da floresta amazônica que – digamos assim – é a principal mensagem do filme, pra gente buscar nossas origens e proteger a floresta”, pontuou o realizador sobre o seu curta de estreia. “Queria dizer que sou ator e esse é meu primeiro curta-metragem. A gente fez a partir da Lei Aldir Blanc do ano passado e está colhendo bons frutos, participando de grandes festivais como esse”. 

Marcelo Oliveira contou que o filme foi realizado durante a pandemia, com o casal assumindo todas as funções técnicas do curta. “Ar surgiu na pandemia, a gente ganhou um auxílio emergencial do Sesc, eu e ele dentro de casa, a equipe é formada só por nós dois, e a gente optou por fazer um terror LGBT com essa temática da pandemia”.  

Luis Fernando Bruno falou um pouco da adaptação do universo literário para o audiovisual. “Um Espinho de Marfim é um conto de Marina Colassanti que tem mais de 100 contos no universo fantástico. Ela prontamente cedeu seu conto para essa adaptação cinematográfica. A obra da Marina é muito interessante porque ela trata, ela aborda de forma fantástica, vários contos maravilhosos, do universo fantástico, dos contos de fada, mas sempre muito próxima das questões do humano. É o fantástico que não consegue resolver esses dilemas que são tão nossos”. O curta foi realizado durante a pandemia. “Foi um projeto contemplado pela Lei Aldir Blanc. A gente filmou durante a pandemia, no mês de janeiro, tomando todos os cuidados e cumprindo todos os protocolos. A gente conseguiu reunir uma grande equipe para realizar esse filme. A verba não era muito grande, mas o intuito era poder realizar e reunir o máximo de artistas que a gente pudesse. Claro que pra poder ajudar muita gente que estava precisando, mas também pra trazer esse ar e esse gosto que a gente estava sentindo tanta falta de poder produzir”. 

Ilka Goldschmidt contou sobre o processo de criação do filme, e que a equipe acompanha os fenômenos do agroglifos desde 2015. “O Magnético trata desse fenômeno que acontece em uma cidade vizinha, que fica a 80 km, e vamos ver o que está acontecendo. Sempre entre outubro e novembro aparecem sinais nas plantações de trigo, os famosos agroglifos, e ninguém sabe o que é. Isso se tornou algo natural para aquela comunidade. E a gente conseguiu captar muitas histórias incríveis. De coisas que as pessoas viram, e o que elas pensam… elas mesmas desenvolvem algumas teses do que acontece e o porque esses sinais surgem nas plantações e ninguém sabe explicar. E a gente decidiu, no documentário, explorar essa narrativa mais fantástica”.   

Confira na íntegra o Debate 3ª Mostra Do Outro Lado – Cinema Fantástico 

On-line

O Festival de Cinema de Vitória é o maior e mais importante evento de cinema do Espírito Santo. Entre os dias 23 e 28 de novembro, o evento será realizado em formato on-line e gratuito, com as mostras exibidas na plataforma Innsaei.tv. Os filmes estarão disponíveis para o público por 24 horas após a estreia.

O 28º Festival de Cinema de Vitória conta com o patrocínio do Ministério do Turismo, através da Lei de Incentivo à Cultura. Conta com o apoio da Rede Gazeta, da Tower Web e do Banestes. Conta também com o apoio institucional do Canal Brasil, da ABD Capixaba, da Carla Buaiz Jóias, da Inssaei.tv, do Centro Cultural Sesc Glória e da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).