Com um percurso múltiplo na área cultural e, em especial, no cinema do Espírito Santo, Margarete Taqueti é a Homenageada Capixaba do 28º Festival de Cinema de Vitória, que acontece entre os dias 23 e 28 de novembro, em formato on-line e gratuito, na plataforma InnSaei.TV.  A artista irá receber o Caderno da Homenageada e o Troféu Vitória, na Cerimônia de Encerramento do evento, no domingo (28), às 19 horas.

Para Lucia Caus, homenagear Taqueti é uma oportunidade de reconhecer a importância das mulheres na produção audiovisual brasileira e, em especial, no Espírito Santo. “Margarete Taqueti é uma das profissionais mais versáteis do Estado. Talentosa, atua em diversas frentes do audiovisual e realiza, com excelência, seu trabalho como diretora, produtora e roteirista, além de ter papel fundamental na fundação da ABD Capixaba e no movimento cineclubista local. Para nós, do FCV, é um prazer poder reconhecer a sua importância  para o audiovisual capixaba”. 

Diretora, roteirista, pesquisadora, produtora, continuísta, atriz, dramaturga, cineclubista, gestora pública de cultura… muitas foram as funções exercidas por essa mineira natural de Aimorés e radicada em terras capixabas desde a adolescência nos anos 60. Com 67 anos completos em 2021, ela construiu uma trajetória diversa e sempre engajada na luta pela preservação e pela difusão da memória artístico-cultural do Espírito Santo. 

Sua estreia como diretora foi com A Lira Mateense (1992), documentário sobre a banda musical homônima da cidade de São Mateus e sobre o seu  maestro Datan Coelho. Sua primeira ficção foi O Fantasma da Mulher de Algodão (1995), curta-metragem que apresenta a lenda urbana da mulher do banheiro para abordar as transformações da adolescência e o fantasma da ditadura. Outro importante trabalho seu o documentário Relicário de Um Povo (2003), que resultou de sua pesquisa junto ao arquivo pessoal da escritora Maria Stella de Novaes e da parceria com a pesquisadora Juçara Luzia Leite. 

Seu mais recente trabalho para o cinema é o documentário Memórias do Esquecimento, longa-metragem em fase de finalização que conta com a co-direção de com Adriana Jacobsen e trata de acervos e sítios arqueológicos indígenas de São Mateus para discutir o apagamento da memória cultural local e nacional. Em seu currículo constam ainda a direção dos documentários Danúbio Azul (1995), Por Quem os Sinos Dobram (2002) e dos videoartes Ter + Ver + Comer (2003), Dietriste (2001)  e Menestrel (2001),.

Amiga e parceira do jornalista, crítico e cineasta Amylton de Almeida, Margarete atuou junto com ele na adaptação de textos para roteiros de cinema e foi sua assistente de direção e roteirista em Piúma: Concha (1988) e assistente de direção em Nasce uma Cidade (1989), ambos documentários. Outra parceria recorrente em seus trabalhos é com a jornalista, atriz e diretora Glecy Coutinho: Margarete foi a produtora executiva da ficção Eu Sou Buck Jones, curta dirigido por Coutinho, e com esta realizadora também dividiu a direção de dois curtas-metragens o documentário Festa na Sombra (2005) e a ficção  A Passageira (2006).

Margarete ainda participou de outros dois curtas ficcionais: foi a assistência de direção e de finalização de O Ciclo da Paixão (2000), de Luiz Tadeu Teixeira, e a continuísta de Mundo Cão (2001), de Sáskia Sá. 

Teatro, Cineclubismo e Gestão Pública

Margarete iniciou seu envolvimento com o fazer artístico quando era estudante de Odontologia da Ufes no final dos anos de 70 ao integrar o grupo de teatro experimental Phantasias de Assucar. Com essa trupe estreou nos palcos como atriz no espetáculo As Interferências (1976), dramaturgia de Maria Clara Machado sob a direção de Claudino de Jesus, e também atuou em outras quatro montagens cujas dramaturgias foram criadas coletivamente e que contaram com a direção de Magno Godoy. Inspirada em seu trabalho como odontóloga, Margarete escreveu o espetáculo Boca Padrão: Uma fantasia Transreal por trás de cada Sorriso que foi montado pelo Grupo de Teatro Ponto de Partida e circulou entre os anos de 1988 a 1990.

Entre o final dos anos 80 e início dos anos 90, Margarete Taqueti foi a presidente do Centro de Estudos Ludovico Persici (Celp), onde contribuiu para a fundação do Cineclube Penedo, para a criação do jornal Trippé e para realização dos Noitões de Cinema no Centro Cultural Carmélia de Souza. De 2002 a 2009, foi servidora pública na Secretaria de Estado da Cultura, onde atuou diretamente no desenvolvimento e na execução da política pública de cultura para o setor audiovisual com ações voltadas para o fomento, a difusão, a formação de público e a preservação da memória audiovisual capixaba.

Taqueti foi a secretária da primeira diretoria da ABD Capixaba, entidade fundada em 2000 para defender os interesses dos realizadores locais de audiovisual, e também participou da implantação e da definição da programação da TV Guarapari, emissora criada em 1998 e na qual atuou como produtora de diversos programas. Em 2020, Margarete foi condecorada como a Comenda Maurício de Oliveira pela Prefeitura Municipal de Vitória.

O 28º Festival de Cinema de Vitória conta com o patrocínio do Ministério do Turismo, através da Lei de Incentivo à Cultura. Conta com o apoio da Rede Gazeta, da Tower Web e do Banestes. Conta também com o apoio institucional do Canal Brasil, da ABD Capixaba, da Carla Buaiz Jóias, da Inssaei.tv, do Centro Cultural Sesc Glória e da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).