No 28° Festival de Cinema de Vitória – Reencontro, a sala de cinema deu destaque a curtas-metragens de todo o Brasil. Durante cinco dias o público conferiu a Mostra de Curtas Premiados, que apresentou os filmes exibidos na edição on-line do 28º Festival de Cinema de Vitória e vencedores do Troféu Vitória. A seleção múltipla, que contou com a curadoria de Erly Vieira Jr, Waldir Segundo e Flavia Candida, trouxe documentários, videoclipes e ficções que apresentam um recorte da produção audiovisual contemporânea.
Foram 23 curtas exibidos durante os cinco dias de festival, sempre às 15 horas, na Sala Cariê Lindenberg, no Centro Cultural Sesc Glória. As exibições foram seguidas de debates com os realizadores, com a mediação do crítico e jornalista Filippo Pitanga, que geraram diversas reflexões, discussões e questões divididas com o público sobre os temas levantados nos filmes e os processos de produção, inspirando e fortalecendo a criação audiovisual.
Nas sessões do primeiro dia (21) de festival, os curtas tiveram como ponto comum as histórias de personagens em processos de reflexão sobre si mesmos. “Além da projeção e visibilidade que tivemos com o festival online, ainda ter uma versão presencial é perfeito. Já vi a exibição do filme outras vezes, mas a primeira vez com a sala tradicional do cinema cheia foi aqui. Foi muito bom ver a reação do público, as pessoas interagiram muito, isso pra mim não tem preço, foi muito gratificante”, contou Victor Quintanilha, realizador do curta Portugal Pequeno.
No segundo dia (22), foi a vez de curtas marcados por questões ligadas à memória, como afetividades, família e espiritualidade. O realizador Heraldo de Deus, do filme 5 Fitas, destacou a emoção de ver seu filme na sala escura e da troca durante o Festival. “Todos os filmes dos colegas que estavam exibindo junto com o meu, falavam muito sobre essa coisa do território, essa coisa da fé, costumo dizer que memória também é território, pra gente que muitas vezes temos nossa história negada. Ver o meu filme junto com aqueles outros filmes trouxe uma emoção muito bacana, fez a energia e emoção ficar mais forte ainda, porque de fato eles dialogavam, dentro das suas realidades”.
No dia 23 de junho, terceiro dia de exibição, a mostra contou com filmes marcados pela linguagem documental, contando com documentários, um vídeo experimental e um videoclipe que traziam temáticas históricas da realidade, como povos indígenas ameaçados por projetos de desenvolvimento, a questão da violência policial nas periferias, entre outros contextos. “Foi a primeira vez que vi esse filme em tela grande. Foi uma troca bem legal, fiquei muito feliz de poder exibir esse filme. A sessão foi muito bacana, com muita gente conversando e perguntando. O Filippo Pitanga é um articulador muito bom, conseguiu ainda costurar questões junto com os outros filmes que estavam sendo exibidos, junto com outros parceiros que estavam exibindo filmes, outros cineastas que estavam assistindo e as turmas de escolas para trocar isso. Rendeu bastante assunto”, comentou Thomaz Pedro, realizador do documentário Tapajós Ameaçado.
O cineasta Roberto Mamfrim, realizador do videoclipe Lockdown, também comentou sobre a visibilidade e a identificação de vivências gerada durante o debate: “foi a primeira exibição pública que pude acompanhar e sentir a reação do público, e fui muito bem recebido, era um público de escola pública, do Ensino Médio. Deu para perceber que essa violência não acontece só em São Paulo, e está em todas as periferias. Fiquei super extasiado com a reação do público, não estava esperando que fosse ser bem recebido, foi uma alegria intensa. O espaço que o Festival está dando pra um videoclipe independente é uma janela muito importante para divulgação, e para incentivar a realização de filmes e clipes com baixo orçamento”.
A programação de curtas seguiu, no dia 24 de junho, trazendo novas produções premiadas que desta vez tinham as temáticas da comunidade LGBTQIA+, vivências de comunidades periféricas ou invisibilizadas, e também filmes com propostas estéticas experimentais. O realizador do videoclipe Bruta, Raymundo Calumby, comentou a importância da estética em seu filme, compondo outro ponto em comum nesta sessão, que foi a grande preocupação estética, a fotografia e a construção visual das obras. “Sempre gostei muito de desenho, não tenho formação técnica em cinema, mas sempre fui muito aficcionado por desenho animado. Para mim, as produções devem partir muito do que é essa imagem. Não é que vem depois, eu gosto muito da narrativa, tem toda uma história. Mas isso a estética é um diferencial que nos diverte, desarma. Faz parte do processo de chegar nas pessoas”.
No último dia do festival, a sessão encerrou esta edição com curtas marcados por experimentações do cinema fantástico, misturando temáticas da realidade com narrativas ficcionais em torno de histórias particulares e originais a cada filme. “Foi muito incrível, esse carinho de formar um festival só de reencontro, porque de fato está sendo um respiro pra sendo circulou só online. E outra coisa é estar aqui com a sala cheia, a galera muito participativa. Está sendo incrível, esse sentimento é fundamental, porque é isso que move a gente no final das contas. Fiquei muito emocionada com a sessão, de poder estar aqui”, disse Henrique Arruda, realizador do filme Os Últimos Românticos do Mundo.
O 28º Festival de Cinema de Vitória – Reencontro conta com o patrocínio do Ministério do Turismo e da ArcelorMittal Tubarão, através da Lei de Incentivo à Cultura. Conta com o apoio da Rede Gazeta e da Stella Artois, conta também com apoio institucional do Canal Like e da Universidade Federal do Espírito Santo e da TV Educativa do Espírito Santo. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).Este projeto está sendo realizado com recursos públicos do Governo do Espírito Santo viabilizados pela Lei de Incentivo à Cultura Capixaba, da Secretaria de Cultura.
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