Um encontro entre três temporalidades de uma mesma mulher negra, em que suas versões do passado, presente e futuro, entram em diálogo, partilham memórias e reflexões. Essa é a história retratada no curta-emtragem Praia dos Tempos, de Luan Santos, que será exibido de forma presencial e gratuita, no dia 21 de junho, às 15 horas, na Mostra de Curtas Premiados. A exibição faz parte da programação do 28º Festival de Cinema de Vitória – Reencontro, que acontece de 21 a 25 de junho de 2022, no Centro Cultural Sesc Glória, no Hotel Senac Ilha do Boi e no Cine Metrópolis (UFES).
O primeiro insight surgiu da inspiração de Luan com a leitura de “Perfomance do Tempo Espiralar”, da ensaísta, dramaturga e professora Leda Maria Martins. “No texto, Leda Martins traz os conceitos de encruzilhada, como um lugar de multiplicidades e intermediações, assim como o tempo espiralar enquanto temporalidade revestida de linearidade e em constantes transformações. A partir desses conceitos, comecei a tecer uma imagem em minha cabeça de um encontro entre três temporalidades de uma mesma pessoa em uma praia, signo importante para as populações negras brasileiras. A praia, e o mar, como desencadeador de um retorno sobre si mesmo, um encontro entre mulheres negras que precisam se reconciliar consigo e propiciar possibilidades de cura”.
A realização do curta-metragem contou com uma troca de afetos e sensações reconfortantes, por conta das filmagens realizadas na praia, e também pela atuação de uma amiga, da mãe e da irmã do realizador. “O que me instigou a realizar essa obra foi a possibilidade de contar com uma rede de afetos que se engajou na feitura do filme de forma apaixonada com desejos profundos de fazer cinema e contar histórias”, conta Luan.
A premiação com o Troféu Vitória, como Melhor Filme pelo júri popular de sua categoria, foi surpreendente para o realizador, principalmente pelos desafios da produção do filme durante a pandemia e com poucos recursos. Luan pontua ainda a sensação de ser reconhecido pelo público: “ser premiado já é emocionante por si só, já ser premiado pelo público é incrível, quer dizer que a obra chegou até as pessoas e as tocou pela sensibilidade do cinema. Praia dos Tempos reflete sobre questões íntimas enfrentadas por mim e por outras pessoas negras, então fico feliz por essa intimidade ter, de alguma forma, gerado conforto e estabelecido relações com o público. Cinema só existe pela relação dialógica com o espectador”.
A exibição no 28º Festival de Cinema de Vitória – Reencontro é aguardada pela equipe como muita expectativa, já que será a primeira exibição presencial do filme, que já passou por outros festivais, mas apenas em formato online. “Praia dos Tempos só pode existir a partir do contato dialógico com as/os espectadores, é um filme sobre compartilhar experiências e estar junto vendo ao filme no cinema é muito emocionante”, observa Luan.
O 28º Festival de Cinema de Vitória – Reencontro conta com o patrocínio do Ministério do Turismo e da ArcelorMittal, através da Lei de Incentivo à Cultura. Conta com o apoio da Rede Gazeta e da Stella Artois, conta também com apoio institucional do Canal Like e da Universidade Federal do Espírito Santo. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).
Este projeto está sendo realizado com recursos públicos do Governo do Espírito Santo viabilizados pela Lei de Incentivo à Cultura Capixaba, da Secretaria de Cultura.

Comentários