No curso dos debates e considerações acerca dos filmes concorrentes, os jurados deliberaram o seguinte resultado: 

PREMIADOS:

Troféu Vitória – Melhor Filme para Júri Técnico

Última Cidade, de Victor Furtado (FIC, CE, 70’)

O prêmio de Melhor Filme do Festival de Cinema de Vitória vai para “Última Cidade”, de Victor Furtado. É acertada a implementação do diálogo entre ficção e documentário, usando o hibridismo de maneira sofisticada para relatar a tensão social de uma Fortaleza dividida em “castas”, exposta por interpretações corporais. Do ponto de vista da gramática audiovisual, “Última Cidade” consegue o timimg perfeito de todos os raccords, seja de direção, de olhar e de movimento. Há um robusto diálogo não só com a metalinguagem (entre ficção e documentário), mas também na relação tempo e espaço.

Troféu Vitória – Melhor Direção

Mulher Oceano (Djin Sganzerla, FIC, RJ, 99’)

O júri premia a orquestração de todas as etapas da realização do filme Mulher Oceano na direção precisa de Djin Sganzerla. Sua maturidade é surpreendente para um filme de estréia e produto final.

Troféu Vitória – Melhor Roteiro

Noites de Alface (Zeca Ferreira, FIC, RJ, 79’)

Baseado no romance homônimo de Vanessa Bárbara, “Noites de Alface”, de Zeca Ferreira, dialoga com elipses temporais para apresentar um delicado olhar sobre a solidão e o desamparado da Melhor Idade. Ao optar pelo flashback, o script propõe um quebra-cabeça, colocando passado e presente na mesma esfera cronológica e deixando o ajuste temporal para a compreensão da platéia.

Troféu Vitória – Melhor Contribuição Artística

Máquina do Desejo (Joaquim Castro e Lucas Weglinski, DOC, SP, 110’)

Para o resgate histórico e projeto de pesquisa de “Máquina do Desejo”, documentário de Joaquim Castro e Lucas Weglinski. Em decisão unânime, o júri destaca o trabalho de mais de 60 anos do Teatro Oficina, de São Paulo, núcleo de resistência em batalhas contra o capitalismo selvagem, a censura e a repressão da ditatura militar. Vivemos um período sombrio, em que a liberdade das artes e existência da democracia brasileira passam por constantes ataques e ameaças. Resistência tornou-se uma palavra atemporal e necessária. Resgatar a história é uma forma de defender o futuro.

Troféu Vitória – Melhor interpretação.

João Pedro Zappa de Noites de Alface (Zeca Ferreira, FIC, RJ, 79’)

O júri reconhece e premia a destacada e delicada interpretação de João Pedro Zappa no filme Noites de Alface. Sua atuação em curto espaço dramatúrgico se faz com rigor e qualidade e assim concordamos em privilegiar o ator independente do peso na trama.

O júri decide conceder MENÇÃO HONROSA aos filmes :

– Para Victor de Melo, fotógrafo do filme “Última Cidade”, de Victor Furtado. Com sua harmônica escolha de filtros e enquadramentos, Melo conseguiu retratar com mesma força a aridez do sertão nordestino, vista em tons amarelados e terrosos, e o abandono social de uma Fortaleza marginalizada, representada, no filme, pelo vermelho sangue e tons sombrios.

Para Maria Luiza da Costa, do filme “Mirador”, de Bruno Costa. Que sua atuação, seguida de Menção Honrosa, inspire, desenvolva, descentralize e contribua para o maior acesso e participação de crianças negras no audiovisual brasileiro.

Para André Guerreiro Lopes, fotógrafo do filme “Mulher Oceano”, de Djin Sganzerla. Lopes conduz a fotografia com uma acertada paleta de cores, que acentua tanto as belezas naturais do Rio de Janeiro quanto a extrema urbanização multicolorida de Tóquio. O mar, em sua imensidão, praticamente personagem do filme, é retratado com belas e sensíveis tomadas.

Anselmo Vasconcellos
Gustavo Cheluje
Viviane Ferreira