O terceiro dia de exibição da 25ª Mostra Competitiva Nacional de Curtas rendeu mais um debate potente sobre a produção contemporânea do cinema brasileiro. Mediado pelo jornalista e crítico de cinema, Filippo Pitanga; e pela doutoranda em psicologia e cinema pela USP e crítica de cinema para o portal Geledés, Viviane A. Pistache, o encontro teve a participação de Tati Rabelo, co-diretora de Bestiário Invisível, ao lado de Rodrigo Linhales; Sérgio Andrade diretor de Cercanias/Gatos; Kimberly Palermo, diretora de Cenas da Infância; e Filipe Gama, co-diretor de Coleção preciosa, ao lado de Rayssa Coelho.
Tati Rabelo abriu o debate explicando um pouco do processo de criação do seu documentário. “O bestiário é um documentário experimental, uma videoarte, em que a gente queria falar um pouco sobre essa visão preconceituosa que a sociedade normativa impõe sobre os indivíduos LGBTQIAP+, mas de uma forma que falasse um pouco sobre a gente também. A gente costuma dizer que é um deboche morfológico. A gente pegou esses relatos, que são bem contundentes, e transmutou isso em manifestação artística. Para o nosso processo de escolha dos personagens, desde o começo a gente decidiu que seriam artistas, pessoas que manifestaram e transmutaram a dor em manifestação artística. Isso pra gente é muito importante. Também pessoas que dialogam com nosso vocabulário visual, de alguma forma, que pudessem compor as nossas ideias”.
A realizadora Kimberly Palermo contou da ideia da sua primeira produção no audiovisual. “Cenas de Infância foi meu primeiro filme, sou aluna de cinema da UFF, em Niterói. A gente gravou antes da pandemia e ele surgiu primeiro porque eu queria fazer alguma coisa, uma primeira incursão no audiovisual. Daí eu fiz uma matéria, e a gente desenvolveu um projeto, e decidi que a gente ia desenvolver esse negócio. E se tivesse essa coisa de fazer uma filme com um contraste muito forte, com essas imagens de um mundo lúdico, um mundo da infância que é sempre muito romantizada e nostálgica pra gente e ao mesmo tempo contrastando isso com a questão do trauma e como algumas coisas pra gente tem significados a partir de uma experiência ou outra. E no caso de você ser uma criança, como isso afeta muito mais porque a gente ainda está desenvolvendo nossos códigos, nossos signos”.
Filipe falou um pouco sobre o processo de criação do documentário que usa da metalinguagem para contar um pouco da história do audiovisual no interior da Bahia. “Coleção Preciosa é um filme rodado em Vitória da Conquista, Bahia, uma cidade que tem no cinema uma atividade importante porque tem um curso de audiovisual na Universidade Estadual do Sudeste da Bahia, onde eu dou aula. Rayssa Coelho e eu, a gente vinha discutindo. Ela me apresentou essa coleção, uma coleção de cinema de um técnico em refrigeração que durante 50 anos ele foi colecionando itens de cinema. A gente decide retomar a possibilidade de visibilizar esse acervo e o cinema surge como uma possibilidade. É quando ela consegue aprovar um projeto com fundo específico do Fundo de Cultura da Bahia para a produção de curtas-metragens e agente produz o filme em 2020, já no período pandêmico. O filme surge desses múltiplos desejos não programados”.
Confira na íntegra o Debate 25ª Mostra Competitiva Nacional de Curtas – Programa 3
On-line
O Festival de Cinema de Vitória é o maior e mais importante evento de cinema do Espírito Santo. Entre os dias 23 e 28 de novembro, o evento será realizado em formato on-line e gratuito, com as mostras exibidas na plataforma Innsaei.tv. Os filmes estarão disponíveis para o público por 24 horas após a estreia.
O 28º Festival de Cinema de Vitória conta com o patrocínio do Ministério do Turismo, através da Lei de Incentivo à Cultura. Conta com o apoio da Rede Gazeta, da Tower Web e do Banestes. Conta também com o apoio institucional do Canal Brasil, da ABD Capixaba, da Carla Buaiz Jóias, da Inssaei.tv, do Centro Cultural Sesc Glória e da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).
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