O segundo debate desta quarta-feira (24) girou em torno dos filmes exibidos na 8ª Mostra Outros Olhares. Mediado pelo jornalista e crítico de cinema, Filippo Pitanga, o bate-papo contou com a participação do  ator Alberto Sena, representando o curta 1º Turno, de Clementino Junior; do diretor Gregory Baltz, do documentário Ouro Para o Bem do Brasil; diretor Natal Portela, de  A Beleza de Rose; do ator Guilherme Quadrado, representado o filme A Balada da Nobre Senhora, de Hsu Chien, e de Rayane Penha, diretora de Utopia. 

O bate-papo começou com Alberto Sena, que até então era apenas roteirista, falando sobre o curta-metragem. “O filme retrata muito um ato de resistência, tem várias camadas e uma delas é a reflexão das nossas escolhas, dentro do país em que a gente vive”, pontuou ele. Gregory Baltz, explicou das inspirações para um projeto que parte de material de arquivo. ” Esse meu filme é o projeto de finalização de curso da faculdade. Foi um tema que eu descobri assistindo um filme que eu gosto muito, Jango, do Silvio Tendler, que é essencial para se pensar o Brasil, mas também um filme essencial para se ver filmes feitos de arquivo no Brasil. A partir disso eu escolhi fazer o filme com esse tema, que tem muito mais coisa dentro, tem muito mais história. Claro que em um filme de 17 minutos você não consegue abarcar tudo, mas eu tentei trazer um pouco dessa história e diferentes pontos de vista. Mesmo que eu concorde, mesmo que eu não concorde, eles estão representados dentro do filme”. 

Guilherme Quadrado relembrou o processo de criação do projeto que, além de ator, ele também participa da produção.  “Esse é um dos primeiros festivais que o filme está participando. É um filme recente, a gente filmou entre janeiro e março. Eu participei do filme como ator, mas eu idealizei o filme com outras pessoas que me acompanharam. O projeto ganhou a Retomada Cultural, aqui no Rio de Janeiro, da Lei de Incentivo da Aldir Blanc, e a gente conseguiu fazer com um pouquinho mais de dignidade. Eu consegui pagar as pessoas, consegui ajudar outros profissionais da cultura aqui no Rio com esse dinheiro que a gente ganhou. Eu fiquei muito feliz porque eu escrevi o projeto, escrevi o argumento do filme. Foi uma coisa que eu comecei a acreditar, eu queria colocar pra fora aquilo que acredito e que estava no meu coração”, pontuou o ator. “Eu tive todo o aparato do Hsu Chein, um diretor que está no mercado a bastante tempo, tem muita experiência e que é um amigo muito querido. Eu tive o prazer de estar com a Camila Amado, que faleceu este ano. Foram só presentes que eu ganhei fazendo esse filme”. 

Natal Portela partiu de uma lembrança da juventude para falar sobre o racismo estrutural. “Beleza de Rose surgiu de uma imagem de infância, da rua em que eu morava. De uma época em que não se falava, não tinha essa militância e nem essa disputa legítima  e muito bonita por narrativas como se tem hoje”, conta o diretor. “É um filme totalmente com atores não profissionais. É um filme que nasce de um processo orgânico que se dá a partir do encontro desse elenco com essa equipe e dessas personagens todas que aparecem ali”. 

Rayane Penha falou sobre como seu filme parte de questões pessoais para tratar de assuntos que atravessam outros lugares. “Utopia” é um documentário que fala sobre luto, sobre saudade, a partir da perspectiva da perda do meu pai que veio a falecer dentro de um garimpo no interior do Amapá. Após a morte dele eu vou em busca das histórias que ele vivenciava dentro desse garimpo, mas o filme acabou sendo uma perspectiva mais ampla desse lugar. Então eu trago pro filme, o luto, a saudade, mas a dureza que é essa atividade”.  

Confira na íntegra o Debate Mostra 8ª Outros Olhares

On-line

O Festival de Cinema de Vitória é o maior e mais importante evento de cinema do Espírito Santo. Entre os dias 23 e 28 de novembro, o evento será realizado em formato on-line e gratuito, com as mostras exibidas na plataforma Innsaei.tv. Os filmes estarão disponíveis para o público por 24 horas após a estreia.

O 28º Festival de Cinema de Vitória conta com o patrocínio do Ministério do Turismo, através da Lei de Incentivo à Cultura. Conta com o apoio da Rede Gazeta, da Tower Web e do Banestes. Conta também com o apoio institucional do Canal Brasil, da ABD Capixaba, da Carla Buaiz Jóias, da Inssaei.tv, do Centro Cultural Sesc Glória e da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).