Em 2020, comemora-se o centenário do nascimento de Clarice Lispector. Considerada uma das maiores escritoras da língua portuguesa, ela transitou com sucesso por diversos gêneros literários, como o conto e a crônica, mas foi no romance que ela produziu alguns de seus maiores clássicos.
Um deles é Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres, que ganhou uma adaptação cinematográfica batizada de O Livro dos Prazeres, dirigida por Marcela Lordy, e que faz parte da programação da 10ª Mostra Competitiva Nacional de Longas do 27º Festival de Cinema de Vitória, que acontece entre os dias 24 e 29 de novembro, em formato online e gratuito.
Segundo Marcela, a ideia era dar vida às personagens criadas por Clarice, em uma obra que apresenta uma protagonista feminina ao mesmo tempo forte e complexa, e realizar uma livre adaptação da obra, que foi originalmente publicada em 1969, para os dias de hoje. “O desejo de transformar uma narrativa sensível, do campo do pensamento e da imaginação, numa obra cinematográfica autoral vibrante, capaz de abrir o cinema e a literatura brasileira para um público ainda maior. Esses são os pontos de partida do filme” explica a diretora.
A diretora acredita que a protagonista da obra é a personificação de alguém que deseja viver para além das máscaras. “A trajetória de Lóri é a de toda mulher em busca de autonomia. Não só da mulher, mas de toda pessoa que tem coragem de olhar para dentro e enfrentar o que nem sabe que existe”, afirma ela. E complementa: “Lóri aprende a se colocar atravessando uma jornada de autoconhecimento que culmina na expressão do seu canto de sereia. Ao mesmo tempo selvagem e suave”.
A jornada para realizar o filme também foi grande. Concebido há quase uma década, o trabalho passou por diversos tratamentos de roteiro em um trabalho quase artesanal, até chegar ao produto final que será exibido nas telas.
“Antes de iniciar a escrita do roteiro, comprei 5 metros de um rolo de papel de embrulho, daqueles cor de rosa bem antigos, e fiz uma linha do tempo transcrevendo as principais ações e imagens importantes de cada capítulo. Desenhei muito também. Entendi a estrutura do livro em atos e a partir dali escrevi a primeira versão do roteiro” relembra a diretora, que dividiu esse primeiro momento com uma colega.
O filme privilegia o olhar feminino e as mulheres estão em presentes em várias das funções da produção. Para Marcela Lordy é um prazer exibir o filme em um festival que prioriza a pluralidade. “Para a gente é um honra participar do festival ao lado de tantas diretoras mulheres e diversidade de temas”.
Online
O Festival de Cinema de Vitória é o maior e mais importante evento de cinema do Espírito Santo. Sua 27ª edição se materializa de forma diferente em 2020. Entre os dias 24 e 29 de novembro, o evento será realizado em formato online, com as mostras exibidas na plataforma InnSaei.TV, no Canal de Youtube e nas redes sociais do evento. Os filmes estarão disponíveis para o público por 24 horas, de acordo com a programação, que será divulgada em breve.
O 27º Festival de Cinema de Vitória conta com o Patrocínio do Ministério do Turismo, através da Lei de Incentivo à Cultura, e do Banestes. Conta com o apoio da Unimed Vitória, da Rede Gazeta, do Canal Brasil, da Stella Artois e da Suzano. Conta também com o apoio institucional do Centro Técnico do Audiovisual (CTAv), da Tower Web, da Dot, da Link Digital, da Mistika, da ABD Capixaba, da Carla Buaiz Jóias, do Findes, do Sesi Cultural e da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).
27º Festival de Cinema de Vitória
10ª MOSTRA COMPETITIVA NACIONAL DE LONGAS
O LIVRO DOS PRAZERES (FIC, 99’, RJ), de Marcela Lordy
O Livro dos Prazeres é uma livre adaptação do romance de Clarice Lispector para os dias de hoje. Um drama erótico, baseado num jogo de sedução, numa época de amores líquidos e apatia emocional, que conta a história do encontro de Lóri e Ulisses e seus desafios pessoais na aceitação do amor. Professora do ensino fundamental, melancólica e reservada, Lóri vive só. Uma rotina monótona entre as tarefas da escola e relacionamentos furtivos, que evidenciam sua dificuldade em construir relações com afeto. Num acaso, ela conhece Ulisses, um reconhecido professor de filosofia, argentino egocêntrico e provocador, mas que ainda não entendeu nada sobre as mulheres. É com ele que Lóri aprende a amar enfrentando sua própria solidão. Classificação indicativa: 16 anos.