Um intercâmbio entre o cinema e a música, além de formação no universo da fotografia. Foram assim os três dias do 27º Festival de Cinema de Vitória Itinerante, que aconteceu entre os dias 28 e 30 de outubro, sempre às 19h30,  gratuitamente e em formato on-line, no Canal de YouTube do FCV

O evento on-line, que teve apresentação do ator e cantor Silvero Pereira, percorreu simbolicamente as cidades de Vitória, Cariacica e Serra e trouxe três apresentações musicais inéditas e 15 curtas-metragens que fazem parte da história do Festival de Cinema de Vitória. O evento, que gerou 12 empregos diretos e 68 indiretos, atingiu um público estimado de mais de 10 mil pessoas.

“Realizar o intercâmbio entre o cinema, a música e a formação é o grande objetivo do 27º Festival de Cinema de Vitória Itinerante. Ter a oportunidade de promover o fomento cultural e estimular o movimento da cadeia produtiva da economia da cultura é sempre uma experiência enriquecedora. Além disso,  é uma honra e uma alegria contar com parceiros como Instituto Cultural Vale – que acreditam na potência da cultura como fator transformador da sociedade”, disse Lucia Caus, diretora do FCV.  

Shows 

A cantora Alice Caymmi abriu a programação do 27º FCV Itinerante. Foto: Levi Mori/ Acervo IBCA

O evento apresentou uma programação musical potente com nomes de destaque na cena contemporânea da música brasileira. Na quinta-feira (28), quem abriu o evento foi a cantora Alice Caymmi. Ao lado do guitarrista Ian Cardoso,  fez um passeio pelo seu repertório que reúne canções como Iansã, de Caetano Veloso e Gilberto Gil; Princesa, de Mc Marcinho; até músicas autorais como Tudo Que For Leve e a recente Serpente, do recém lançado álbum Imaculada em uma apresentação emocionante. “Muito obrigada por estarem aqui resistindo, por estarem fazendo as coisas acontecerem. E, hoje em dia, a gente poder fazer as coisas acontecerem é um ato heróico. Então, força galera. Vamos juntos”, disse a cantora, no fim da apresentação.  

André Prando fez um show acústico no segundo dia do 27º FCV Itinerante. Foto: Levi Mori/ Acervo IBCA

Na sexta-feira (29), quem brilhou no palco do 27º FCV Itinerante foi o cantor e compositor André Prando. Acompanhado do seu violão, o artista realizou uma belíssima apresentação acústica que jogou luz sobre seu repertório autoral, como a recente Gatinho na Internet, do EP Calmas Canções do Apocalipse, seu trabalho mais recente lançado em 2020, e produzido durante o período de isolamento social. “Para mim é uma alegria estar aqui. Eu lembro que um dos últimos shows que eu fiz – antes do início da pandemia – foi na Tenda Musical do Festival. E foi um dos shows mais emblemáticos da minha vida. Foi muito quente, muito lindo, gratuito, na praça ocupando o Centro Histórico de Vitória. Pra mim é uma honra estar aqui mais uma vez levando música para a casa de vocês”. 

Letrux encerrou a programação musical do 27º FCV Itinerante. Foto:Gustavo Louzada/ Acervo IBCA

Fechando a programação, a carioca Letrux. Com uma presença de palco hipnotizante, a artista fez uma apresentação de tirar o fôlego. Junto com a guitarrista Natália Carrera e o tecladista Arthur Braganti, ela apresentou o show Letrux Redux, que trouxe as canções do premiado Em Noite de Climão e do seu trabalho mais recente Aos Prantos. “Muito, muito, muito obrigada a todas as pessoas envolvidas neste festival, onde a gente foi muito bem recebida. Até a próxima. Mantenham-se firmes e fortes. Falta pouco. E é isso”.  

Filmes 

Para essa edição especial do 27º Festival de Cinema de Vitória Itinerante foram escolhidos curtas-metragens que contam parte da história do evento. Durante os três dias de evento, o público conferiu 15 obras, divididas em três programas, com cinco curtas-metragens cada, e que dimensionam a pluralidade audiovisual do país. Os filmes foram exibidos no Canal de YouTube do FCV e ficaram disponíveis por 24 horas.

Macabéia, de Lizandro Nunes e Virginia Jorge, abriu a programação do 27º FCV Itinerante. Foto: Divulgação

A primeira sessão aconteceu na quinta-feira (28), e teve início com o filme Macabéia (2000), de Erly Vieira Jr, Lizandro Nunes e Virginia Jorge, uma adaptação livre do clássico A Hora da Estrela. Na sequência, Água Viva (2018), de Bárbara Ribeiro, nos apresentou um grupo de frequentadoras de uma sessão de hidroginástica. Depois de Tudo (2008), de Rafael Saar, contou a relação de um casal na terceira idade. Agrados para Cloê (2007), de Jefinho Pinheiro, é uma ficção sobre fé e tempo com linguagem poética. Santos Imigrantes (2018), de Thiago Costa, resgata a religiosidade afro a partir de uma intervenção urbana.

Manaus Hot City, de Rafael Ramos, foi exibido na segunda noite do 27º FCV Itinerante. Foto: Divulgação

Na sexta-feira (29), a segunda sessão apresentou um recorte com filmes que abordam experiências pessoais. Braços Vazios (2017), de Daiana Rocha, trouxe a questão do extermínio da juventude negra sob a perspectiva de uma mãe solo.  Manaus Hot City (2020), de Rafael Ramos, jogou luz sobre uma relação de amizade entre dois jovens. Montação (2016), de Wan Viana, acompanhou um grupo de drag queens se preparando para uma apresentação. Vento Sul (2014), de Saskia Sá, aborda a volta de uma mulher à sua cidade depois de um longo tempo ausente. Sweet Karolynne (2009), de Ana Bárbara Ramos, é sobre  a questão periférica nordestina a partir do olhar de uma criança. 

Guri, de Adriano Monteiro, foi exibido na terceira noite do 27° FCV Itinerante. Foto: Divulgação

Encerrando a programação,  no sábado (30), a terceira sessão traz filmes que atravessam o universo infantil. O Olho e o Zarolho (2013), de Juliana Vicente e René Guerra, é uma fábula  delicada sobre as novas configurações familiares. A Piscina de Caíque (2017), de Raphael Gustavo da Silva, traça um paralelo entre as brincadeiras infantis e a realidade brasileira. Guri (2019), de Adriano Monteiro, acompanha o desejo de um menino em vencer um campeonato de Bolinha de Gude do seu bairro. Pobre Yurinho (2018), de João Ademir, apresenta de forma bem-humorada o universo particular da amizade entre crianças. E a aventura futurista Arani Tempo Furioso (2019), de Roobertchay Domingues Rocha finalizou a sessão.   

Laboratório de Fotografia

Sempre com foco na importância de criar o diálogo entre a cultura e a formação, o 27º FCV Itinerante promoveu o Laboratório Criativo de Fotografia. A atividade aconteceu entre os dias 27 e 29 de outubro, de quarta a sexta, no Centro Cultural Eliziário Rangel, e foi coordenada pela fotógrafa Luara Monteiro. Tanto a participação quanto às inscrições no curso foram gratuitas.  Os interessados se inscreveram via formulário Google, e foram selecionados por ordem de chegada. 

A proposta dos encontros era apresentar para cada uma das três turmas os conceitos básicos da fotografia e da câmera considerando o olhar observador, enquadramento, timing e luz. Além de estimular a pensar imagens de pontos de vista pouco óbvios, trabalhar rapidamente conceitos e referências de autorretrato, fotojornalismo até chegar em fotografia de cinema e suas interações.

O 27º Festival de Cinema de Vitória Itinerante conta com o patrocínio do Ministério do Turismo, através da Lei de Incentivo à Cultura, e do Instituto Cultural Vale. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).