Teve início na segunda-feira (08), o Laboratório Criativo – Tecnologias Sociais nos Festivais de Cinema, workshop online e gratuito que trata, em três aulas, sobre as etapas que levam a construção de um festival de cinema. Para participar foram disponibilizadas 20 vagas, além de 100 inscrições para ouvintes. A atividade faz parte da programação do Festival de Cinema de Vitória: Panorama Diversidade 27 Anos, projeto que conta com cursos da Lei Aldir Blanc

A primeira aula foi ministrada pela advogada e produtora executiva do Festival de Cinema de Vitória e diretora do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA), Larissa Delbone, que atua em projetos na área da cultura, artes, assistência social e direitos humanos. Ela mapeou com os inscritos, que interagiram com perguntas, os caminhos para a realização de uma produção executiva descomplicada. 

“É importante, quando a gente vai propor, gerir e implementar um projeto cultural, o que essa teia de relacionamentos quer construir”, pontuou a gestora no começo da sua fala sobre a relação que se estabelece entre o público e o que o evento pretende oferecer. 

A produtora destacou a importância do produto cultural como um espaço de troca entre quem participa, tanto como produtor, artista ou ouvinte. “Tecnologias sociais partem dessa premissa chave: o diálogo, a escuta e o entendimento. Eu não gosto muito de encarar as tecnologias sociais para a cultura como sendo resolução de problemas. Eu acho que a gente na verdade instrumentaliza nossos espectadores, a gente desperta senso crítico e consegue com um projeto cultural abrir novas possibilidades sejam econômicas ou apenas de fruição”. 

Larissa também falou sobre como foi adaptar a 26ª edição do Festival de Cinema de Vitória, do formato presencial para online, em função da pandemia do Covid-19. “Revisitar a história do festival foi o que nos deu ânimo e fôlego para pensar nessa desterritorialização como um ponto positivo” explicou ela, que complementou: “O que a gente precisava naquele momento era achar um lugar em que o festival coubesse e, dentro deste lugar, que a gente conseguisse levar um pouco de conforto para as pessoas que queriam assistir ao cinema brasileiro como um momento de diálogos transversais e de outros encontros”.  

Delbone também destacou a importância de identificar para quem o seu evento é direcionado. “Acho que é importante bater sempre nessa tecla: para quem produz eventos é fundamental prestar atenção no seu público. Entenda quem é o seu público. Quem é o seu público agora, quem vai ser o seu público na próxima edição e quais são as suas possíveis plateias. Esse entendimento só acontece se você observar quem consome o seu produto”. 

Além disso, Larissa pontuou o impacto de um produto cultural em várias áreas. “Os projetos culturais não são ações que impactam diretamente apenas no público que consome, mas eles impactam no entorno. Aumentando a circulação de pessoas, a circulação de bens e a injeção de recursos na economia. Investir em ações culturais é investir em programação turística, em programação humana, em descentralização de recursos e ocupação do espaço urbano”. 

Panorama Diversidade 27 Anos 

O Festival de Cinema de Vitória: Panorama Diversidade 27 Anos é um projeto retrospectivo que apresenta 20 curtas-metragens exibidos no Festival de Cinema de Vitória ao longo de quase três décadas de existência. 

A programação foi dividida em três programas: Mostra Panorama Brasil, que trata da diversidade de temas associados ao Brasil; Mostra Panorama Espírito Santo, que joga luz sobre o cinema produzido no Estado que sedia o evento; e Mostra Panorama Diversidade, que trata da diversidade sexual e de gênero, além de atividade de formação, com o Laboratório Criativo – Tecnologias Sociais nos Festivais de Cinema,  e do lançamento da revista Panorama

Com realização do Instituto Brasil de Cultura e Arte, o projeto conta com recursos da Lei Aldir Blanc, via Edital de Seleção de Projetos e Concessão de Prêmio Artes Integradas 2020, por intermédio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult ES), direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.