Uma das principais janelas de exibição do cinema brasileiro, o Festival de Cinema de Vitória se consolidou como um dos maiores eventos do audiovisual do Espírito Santo. Em quase três décadas de atividades, o evento exibiu centenas de filmes, de diversas partes do Brasil que dialogam, divertem e refletem sobre o país.
Um recorte simbólico e representativo deste material será exibido dentro da Mostra Panorama Brasil, que integra a programação do Festival de Cinema de Vitória: Panorama Diversidade 27 Anos, projeto que conta com recursos da Lei Aldir Blanc, e que acontece a partir de 24 de fevereiro, às 19 horas, e segue até 26 de março, em formato online e gratuito, no Canal de Youtube do Festival.
Com curadoria do cineasta, pesquisador e professor do curso de Cinema e Audiovisual da Ufes Erly Vieira Jr, e do produtor audiovisual, editor e curador Waldir Segundo, a mostra apresenta cinco curtas-metragens que dialogam com a proposta plural do Festival de Cinema de Vitória.
“Este programa busca traduzir a ideia central do festival, que fala de diversidade e resistência dentro do cinema brasileiro, a partir de um recorte que aborda essas questões tanto nas temáticas quanto nos modos de produzir imagens nas mais diversas regiões”. explicou a dupla de curadores.
Filmes
A Mostra Panorama Brasil abre com Sweet Karolynne, de Ana Bárbara Ramos. O documentário aborda a questão periférica nordestina para além dos estereótipos, conduzida por por um duplo olhar feminino: o da documentarista e o da criança-protagonista.
Na sequência, dois trabalhos que tratam das tradições formativas do povo brasileiro: Santos Imigrantes, de Thiago Costa, resgata a religiosidade afrodescendente a partir da intervenção urbana e da performance, enquanto que Porcos Raivosos, de Isabel Penoni e Leonardo Sette, é uma construção coletiva na qual as mulheres da tribo Kuikuro narram um mito indígena – e a própria câmera dialoga com a forma de narrar daquele povo.
Fechando a seleção, dois filmes sobre a resistência de gênero no Brasil contemporâneo: o filme No Devagar Depressa dos Tempos, de Eliza Capai, vai até o sertão do Piauí para mostrar uma revolução silenciosa que ocorre em famílias chefiadas por mulheres que deixaram a linha da pobreza; e BR3, de Bruno Ribeiro, que mostra a diversidade cotidiana de pessoas trans no complexo da Maré, no Rio de Janeiro.
Texto Curadoria Mostra Panorama Brasil
Este programa busca traduzir a ideia central do festival, que fala de diversidade e resistência dentro do cinema brasileiro, a partir de um recorte que aborda essas questões tanto nas temáticas quanto nos modos de produzir imagens nas mais diversas regiões. O programa abre com um clássico dos anos 2000: Sweet Karolynne aborda a questão periférica nordestina para além dos estereótipos, conduzida por por um duplo olhar feminino: o da documentarista e o da criança-protagonista. Seguem-se dois trabalhos a tensionarem as tradições formativas do povo brasileiro: Santos Imigrantes resgata a religiosidade afrodescendente a partir da intervenção urbana e da performance, enquanto que Porcos Raivosos é uma construção coletiva na qual as mulheres da tribo Kuikuro narra um mito indígena – e a própria câmera dialoga com a forma de narrar daquele povo. Encerramos o programa com dois retratos de resistência de gênero no Brasil contemporâneo: o filme No Devagar Depressa dos Tempos, de Eliza Capai, vai até o sertão do Piauí para mostrar uma revolução silenciosa que ocorre em famílias que deixaram a linha da pobreza, chefiadas por mulheres; e BR3, de Bruno Ribeiro, mostra a diversidade cotidiana de pessoas trans no complexo da Maré, no Rio de Janeiro, seus imaginários, afetos e modos de existir e amar.
Erly Vieira Jr e Wadir Segundo
Panorama Diversidade 27 Anos
O Festival de Cinema de Vitória: Panorama Diversidade 27 Anos é um projeto retrospectivo que apresenta 20 curtas-metragens exibidos no Festival de Cinema de Vitória ao longo de quase três décadas de existência.
A programação foi dividida em três programas: Mostra Panorama Brasil, que trata da diversidade de temas associados ao Brasil; Mostra Panorama Espírito Santo, que joga luz sobre o cinema produzido no Estado que sedia o evento; e Mostra Panorama Diversidade, que trata da diversidade sexual e de gênero.
Com realização do Instituto Brasil de Cultura e Arte, o projeto conta com recursos da Lei Aldir Blanc, via Edital de Seleção de Projetos e Concessão de Prêmio Artes Integradas 2020, por intermédio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult ES), direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.