A representatividade feminina foi a pauta do debate da 5ª Mostra Mulheres no Cinema, que aconteceu na tarde de sábado (28). O bate-papo foi mediado pela doutoranda em psicologia e cinema pela USP e crítica de cinema para o portal Geledés, Viviane A. Pistache e contou com a participação da realizadora Larissa Nepomuceno, Seremos Ouvidas; com a diretora Marília Nogueira, do curta Ângela; Gabriela Altaf, diretora de Esmalte Vermelho Sangue; e Mariana Campos, realizadora do Minha História é Outra

O debate começou com Larissa Nepomuceno falando sobre a ideia do filme Seremos Ouvidas. “Na época que a ideia nasceu, em 2018, eu fazia aula de libras. Eu fiquei sabendo que existia o feminismo surdo e fui pesquisar um pouco e não encontrei nenhum filme que falasse sobre isso. Porque não passar a informação adiante? Fazer com que outras pessoas possam ter acesso. E, claro, não só pessoas ouvintes, mas pessoas surdas também”.  

Marília Nogueira revelou que o filme foi pensado para a atriz Teuda Bara, do Grupo Galpão de Teatro. “Chegou um momento em que eu me dei conta de como era diferente fazer cinema sendo mulher. Eu imaginava que o problema era eu, Marilia, que não tinha capacidade de entrar em festivais, capacidade de conseguir os trabalhos que eu queria, esse era o problema e o fato de ser mulher não tinha nada com isso. Em 2014, eu comecei a ficar mais consciente desse problema, não só pessoal, mas do que eu via nas telas. Do abusrdo que é a representação da mulher na frente das câmeras. Então eu quis muito escrever algo que tivesse uma protagonista mulher, foda e incrível. E eu queria muito trabalhar com a Teuda Bara”.

Gabriela Altaf falou das inspirações para levar as telas Esmalte Vermelho Sangue, documentário que cria uma narrativa sobre as práticas de beleza para falar sobre violência doméstica. “”A minha motivação para fazer esse filme é o corpo. No meu mestrado eu investiguei mulheres que se acham feias. As implicações na vida social, profissional e amorosa dessas mulheres e o que era o feio na cultura contemporânea. E uma das coisas que ficou pra mim nessa pesquisa foi o quanto as práticas de beleza eram muito complexas.E as teorias, no geral, as tratavam como boas ou más. Ou opressivas ou por um viés liberal, ‘você faz o que você quiser com seu corpo’. E para mim isso não dava conta de representar o que as práticas representavam na vida dessas mulheres”. 

Minha História É Outra é um projeto idealizado pelo coletivo Agô yá, dirigido por Mariana Campos, que fala sobre a afetividade entre mulheres. “Fundamos o coletivo em 2017 e desde então usando o audiovisual como uma ferramenta para visibilizar as temáticas sociais. Esse foi o nosso norte trazer um recorte de gênero, de raça, de diversidade sexual. Em uma de nossas conversas, chegamos nesse tema que muitas de nós queria contar e que poderia ser tema de um filme. Nesse meio tempo surge um edital de financiamento na cidade de Niterói e a gente começa e criar esse projeto que fala sobre visibilizar o amor entre mulheres pretas. Algo que sempre nos incomodou, falando de toda a trajetória do cinema brasileiro e internacional, é a representação do corpo lésbico, bissexual. Do corpo não hetero. É sempre carregado de muita violência, não é humanizado. Sempre tem uma história com final triste e a gente queria fazer um filme que partisse do lugar do afeto”. 

O 27º Festival de Cinema de Vitória conta com o Patrocínio do Ministério do Turismo, através da Lei de Incentivo à Cultura, e do Banestes. Conta com o apoio da Unimed Vitória, da Rede Gazeta, do Canal Brasil, da Stella Artois e da Suzano. Conta também com o apoio institucional do Centro Técnico do Audiovisual (CTAv), da Tower Web, da Dot, da Link Digital, da Mistika, da ABD Capixaba, da Carla Buaiz Jóias, do Findes, do Sesi Cultural e da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).

Confira na íntegra o Debate da 5ª Mostra Mulheres no Cinema