Abrindo a programação da tarde de sexta-feira (27), o Bate-Papo Banda Sonora: Do Processo Criativo ao Business com DJ Dolores abordou a importância da trilha sonora nas produções audiovisuais.
Com mais de 20 anos de carreira, DJ Dolores lançou seis álbuns com trabalhos solos e produziu remixes para faixas de artistas como Chico Buarque, Gilberto Gil e Tribalistas. Para o cinema produziu trilhas sonoras para filmes como O Som ao Redor, A Máquina e Tatuagem, que rendeu o prêmio de melhor trilha sonora no Festival de Cinema de Gramado.
Dolores começou falando sobre os diferentes processos criativos que envolvem a composição de uma trilha sonora. “Muitas vezes a música precisa estar pronta antes do filme estar pronto. Muitas vezes eu trabalho com o filme todo pronto. O diretor me manda, a gente conversa bastante, tenta contextualizar. E em outras vezes acontece em paralelo, as necessidades vão aparecendo no set e vamos trabalhando em conjunto”.
Ele também pontuou a importância de saber qual caminho o diretor vai seguir ao construir o seu projeto. “Uma coisa que é bem importante é ter claro sobre o conceito do filme. O conceito não é necessariamente a história, mas seria o ‘espírito’. Porque a mesma história pode ser contada de diversas maneiras: como uma comédia, como uma tragédia. E o compositor precisa entender qual é o tom, que tipo de voz o diretor está usando naquela obra”.
O artista falou que a construção de uma trilha sonora vai muita além de escrever canções para um filme. “Quando a gente fala de música se referindo a trilha sonora nem sempre a gente tá falando de canção. Isso é uma coisa importante de ser entendida. Eu colaborei com Kleber Mendonça Filho, no filme O Som ao Redor. E o que eu mandei pra Kleber foi basicamente um monte de ruídos. Tem um tema musical, mas a maior parte da minha colaboração foram ruídos”.
Dolores também falou do trabalho de construção que existe no processo de criação. “Tem um texto muito bacana do Edgar Allan Poe, em que ele analisa o texto O Corvo, um poema célebre que ele escreveu. Ele desmistifica essa ideia da inspiração. Ele fala porque ele escolheu usar versos que se repetem e que dão uma cadência rítmica. Tudo aquilo ali, dentro do poema, causa o efeito que ele queria. Da mesma forma a gente quando tá compondo tem que usar mais a cabeça do que o coração”.
A Filosofia da Composição de Edgar Allan Poe
As masterclasses e workshops do 27º Festival de Cinema de Vitória são resultado da parceria e articulação da montadora e editora, Natara Ney, e da generosidade dos profissionais em cederem seu trabalho de forma gratuita ao festival.