Janela pautada pela experimentação, a 9ª Mostra Corsária realizou debate na tarde desta quarta-feira (26) junto aos realizadores dos filmes que compõem a programação. O bate-papo foi mediado pelo crítico e jornalista Filippo Pitanga e da doutoranda em psicologia e cinema pela USP e crítica de cinema para o portal Geledés, Viviane A. Pistache

Participaram da conversa  os realizadores, Armando Lima (Cultural); Maíra Campos e Michel Ramos (Temporal); Leonardo Martinelli (O Prazer de Matar Insetos); Lívia Costa e Sunny Maia (Pátria); Cleissa Regina Martins (Naquela Época Devoraram meus Olhos); e Fábio Baldo e Tico Dias (O Jardim Fantástico). 

Abrindo o debate, Armando Lima, diretor do curta-metragem Cultural, falou sobre o processo de criação do filme. “O processo do filme começa quando eu conheço os avós da minha companheira. Embriagado dos festivais, das linguagens e referências eu resolvi fazer um filme que fosse uma pintura, que eu pudesse levar ele pra sala de montagem e começasse a entender ele lá. É um filme de muitos simbolismos, às vezes, maior que eu”. 

Michel Ramos, diretor de Temporal ao lado de Maíra Campos, falou a adaptação do roteiro e do improviso pelo qual os realizadores passaram durante a realização do curta. “A parte mais interessante do ‘Temporal’ é a compreensão do que o filme era e do que ele virou. Nós realizadores temos que lidar com esse ele elemento: às vezes a gente escreve uma história, imagina como isso vai finalizar, mas existe uma força maior que o próprio filme que emana e vai conduzindo por caminhos que fazem a gente ‘perder o controle’. Temporal mostrou isso pra gente o tempo inteiro”.  

Para o diretor de O Prazer de Matar Insetos, de Leonardo Martinelli, o curta dialoga com várias questões contemporâneas.  “Ele é um filme que trata muito de contradições internas quanto de contradições externas. A gente tem dois personagens que representam uma categoria de fé, uma crença no imaterial, mas o plot do filme é o fim de recursos terrestres. A gente tenta propor esse espaço de contradição para propor o diálogo entre essas duas características humanas, o material e o imaterial, e como essas coisas estão se cruzando no mundo hoje”. 

Pátria, Lívia Costa e Sunny Maia, fala sobre o Brasil usando elementos clássicos que representam a identidade nacional. “Eu tinha desejo de falar de símbolos nacionais, de patriotismo atrelado a ideia do patriarcado. O curta foi sendo realizado entre a pré-eleição e a copa do mundo. Mas é um filme que de fato se concretizou e virou a história que a gente queria contar na ilha de montagem quando a gente uniu com imagens de arquivo e conseguiu materializar a ideia” contou Lìvia.

Cleissa Regina Martins, realizadora de Naquela Época Devoraram meus Olhos, disse que a ideia do filme surgiu quando ela morava fora do Brasil.  “O filme começou como uma ficção, querendo emular uma experiência que eu tinha vivido lá de entender o meu lugar no Canadá, enquanto estrangeira. Durante o dia de filmagem, em super 8, quando a gente gravou sem áudio, o filme mudou e acabou ganhando elementos documentais”. 

Fábio Baldo, co-diretor de O Jardim Fantástico com Tico Dias relatou como a experiência da dupla com o Ayahuasca projetou a ideia do curta. “Dessa experiência, o que mais chamou a atenção da gente, foi encontrar adolescentes e crianças no ritual.E aí ficou essa impressão de como o universo infantil consegue lidar com essa experiência que para um adulto é muito forte. Começamos a fazer pesquisa do uso de Ayahuasca na cultura indigena, onde eles usam como forma de conhecimento e perpetuação cultural. E a gente achou valeria unir esses dois elementos: o universo infantil e do processo de educação, de quem conta suas histórias”. 

O 27º Festival de Cinema de Vitória conta com o Patrocínio do Ministério do Turismo, através da Lei de Incentivo à Cultura, e do Banestes. Conta com o apoio da Unimed Vitória, da Rede Gazeta, do Canal Brasil, da Stella Artois e da Suzano. Conta também com o apoio institucional do Centro Técnico do Audiovisual (CTAv), da Tower Web, da Dot, da Link Digital, da Mistika, da ABD Capixaba, da Carla Buaiz Jóias, do Findes, do Sesi Cultural e da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).

Confira na íntegra o Debate  9ª Mostra Corsária