Uma das figuras mais importantes para a cultura no Brasil, e também no mundo, Claudino de Jesus foi o Homenageado Capixaba do 27º Festival de Cinema de Vitória. A cerimônia aconteceu na noite de abertura do evento, na última terça-feira (24), em formato online em função da pandemia do Covid-19, e foi transmitida e continua disponível na plataforma InnSaei.TV e no Canal de YouTube do FCV

Produtor, ator, técnico e diretor nas áreas de audiovisual e artes cênicas, Claudino de Jesus é um dos principais personagens da retomada do movimento cineclubista brasileiro no início dos anos 2000, que o levou à presidência do Conselho Nacional de Cineclubes (1981 a 1995 / 2004 a 2010) e à presidência da Federação Internacional de Cineclubes (FICC), cargo exercido por quase dez anos – de 2010 a 2019.

Além da trajetória múltipla no mundo das artes, ele também é médico, gestor público, professor universitário e ambientalista. O que une essas diferentes áreas de atuação em sua biografia é o seu engajamento nas causas coletivas, na defesa da democracia e da diversidade.

Muito emocionado, Claudino subiu ao palco do Espaço Cultural Rui Lima do Nascimento – Teatro do Sesi, de onde a cerimônia foi gravada para agradecer a homenagem no FCV. “É uma honra estar aqui com vocês. Eu queria falar da grande emoção, da alegria, da comoção que eu fui tomado com o convite para ser homenageado pelo festival. É de uma importância imensa na minha história, no meu currículo, na minha vida ser homenageado no meu Estado, na minha cidade, por um festival que eu conheço desde o seu nascedouro”. 

Assista a Homenagem para Claudino de Jesus e a Cerimônia de Abertura do 27º Festival de Cinema de Vitória

No seu discurso de agradecimento ele relembrou a infância no interior do Espírito Santo e da trajetória pelos direitos igualitários. “Essa trajetória se inicia em Barra de São Francisco nos anos 50, atravessa os anos 60, 70, 80 e 90 que começou em uma grande luta de jovens, adolescentes, pela redemocratização do país contra a ditadura e pelas liberdades democráticas. A gente sempre teve a cultura como elemento fundamental para construção da cidadania e das liberdades. A busca por uma sociedade justa, solidária, e de um mundo de paz, sempre foi a nossa meta”.

Ele destacou a importância da universidade pública na sua formação e para a cultura do estado. “A Universidade Federal do Espírito Santo, foi o celeiro que irrigou nossas almas. Na década de 70 era o espaço da democracia e ali a cultura brotou. E nela eu estava, com toda a equipe que lá trabalhava, com uma coisa pujante para a história do país e, em especial, para a história do Estado do Espírito Santo”. 

Claudino também relembrou o período em que esteve à frente do Movimento Cineclubista e da luta por inclusão e democratização do audiovisual. “O Movimento Cineclubista Internacional e Nacional foram responsáveis pela possibilidade de hoje eu ser um cidadão universal. Através dele, rodei todos os cantos e encantos deste país, e todo o mundo. Na busca de consolidar os direitos do público, de acesso universal às culturas e ao audiovisual que tão bem representa a conjugação de todas as artes na demonstração cultural de um povo”.

O produtor também relembrou de Gilberto Gil, Homenageado Nacional desta edição: “um companheiro que me chamou para a rearticulação do movimento cineclubista no início dos anos 2000″, período em que o músico baiano ocupou a cadeira de Ministro da Cultura.  

Claudino de Jesus e os filhos, Marcus Vinicius e Catarina, durante a Homenagem do 27FCV. Foto: Tati Hauer

Claudino ofereceu a homenagem à memória dos seus pais e dedicou a honraria com aos filhos Marcus Vinícius de Jesus Vieira e Catarina Bispo Martins, representando a nova geração.  “Todo nosso trabalho, se não for pra se transformar em um legado, de responsabilidade, com as questões ambientais, a erradicação da pobreza, a busca da felicidade, terá sido em vão se a gente não deixar isso como um legado concreto para as novas gerações”.  

Como parte da homenagem será produzido o Caderno do Homenageado, uma publicação exclusiva assinada pelo jornalista Paulo Gois Bastos, uma escultura inédita criada pelo artista José Carlos Vilar e uma joia exclusiva da Carla Buaiz Jóias, além do Troféu Vitória.