Cinco filmes vindos do Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste do Brasil compõem a programação da 15ª Mostra Competitiva Nacional de Longas, que acontece de 19 a 23 de julho, a partir das 19 horas, no Teatro Glória (Sesc Glória), durante o  32º Festival de Cinema de Vitória. O Festival, que transforma a cidade de Vitória na capital do cinema brasileiro, conta com patrocínio da Petrobras e patrocínio institucional do Instituto Cultural Vale e do Banestes, através da Lei de Incentivo à Cultura. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte – IBCA.

A Comissão de Seleção da 15ª Mostra Competitiva Nacional de Longas é formada pelo professor e pesquisador de cinema e audiovisual Gilberto Alexandre Sobrinho e pela jornalista e produtora cultural Leila Bourdoukan. “Os filmes reunidos nesta seleção evidenciam a impressionante capacidade do cinema brasileiro contemporâneo de reinventar a arte de narrar, articulando diferentes modos de fabulação – sejam eles testemunhais, narrativos, performativos ou intermidiáticos”, avaliam a dupla.

Na pandemia da Covid-19, o mundo acompanhou o grande número de mortes diárias na Itália por conta da doença, mostrando que aqueles que podiam, fugiram do país. Em direção contrária a essa atitude, uma brigada de médicos de Cuba foram ao foco do vírus. E é inspirado nessa ação que surge O Deserto de Akin, produção capixaba do diretor  Bernard Lessa. “O filme propõe uma ficção política ancorada na realidade recente do país”, pontua a dupla de curadores. “O que se desenha é um cinema do político, da liberdade de ser e desejar, da resistência cotidiana.”

O filme Centro Ilusão, de Pedro Diógenes, tem como um dos protagonistas o músico Fernando Catatau, fundador da banda Cidadão Instigado. Figura emblemática da música desde os anos 1990, ele é um dos protagonistas do longa-metragem. “Centro Ilusão articula cinema e música em um percurso urbano por Fortaleza, acompanhando dois músicos de gerações distintas em um dia de encontros e desejos. A cidade aparece longe dos cartões-postais, revelando rostos, lugares e sons pouco visibilizados. O filme também revela as tensões do sistema de produção cultural atual, ao mesmo tempo em que reivindica uma criação musical e cinematográfica mais livre e sensível”.

Com imagens e depoimentos históricos de uma companhia de espetáculo cênico importante na difusão da cultura brasileira, o filme Brasiliana: o Musical Negro que Apresentou o Brasil ao Mundo é assinado pelo aclamado diretor Joel Zito Júnior. “O filme mobiliza o testemunho e os arquivos históricos para narrar sobre a trajetória de uma companhia teatral, cujo repertório afro-brasileiro e protagonismo negro foram centrais para a imagem do Brasil apresentada internacionalmente. Trata-se de um gesto de escavação histórica e estética, que não apenas reconta uma memória esquecida, mas reinscreve a potência da cultura negra na centralidade da cena nacional e internacional”, pontua os curadores.

O diretor Fábio Meira cursava o terceiro ano do curso de cinema, em Cuba, e escreveu um roteiro há 15 anos. Numa mistura entre o acaso e a construção artística, durante todo esse período ele produziu o filme Mambembe, em que ele misturou ficção e documentário, com captações e conversas filmadas em diferentes países. “O reencontro com essas imagens e com o tempo decorrido ativa uma fabulação sobre o próprio cinema e sua condição precária e imprevisível. É um filme sobre o que não foi, sobre o que poderia ter sido, e sobre como a memória do inacabado pode se tornar matéria sensível para uma narrativa profundamente autorreflexiva.”

Do Rio de Janeiro, o filme Insubmissas reúne, à convite da diretora-geral Carol Benjamin, as visões de Tais Amordivino, Luh Maza, Julia Katharine e Ana do Carmo para contos de autoras pouco aclamadas na literatura brasileira, mas que se opuseram aos padrões sexistas com um feminismo em construção no Brasil. “Com forte apuro estético e soluções visuais que dialogam com a pintura, cada filme dentro do filme, reinventa esses mundos literários para abordar questões de gênero, raça e memória, propondo uma fabulação visual do que antes foi apenas escrito – agora transformado em corpo, som e gesto sobre os dilemas condição feminina”, concluem Gilberto Sobrinho e Leila Bourdoukan.

O 32° Festival de Cinema de Vitória conta com patrocínio da Petrobras e com patrocínio institucional do Instituto Cultural Vale e do Banestes, através da Lei de Incentivo à Cultura. Conta com o apoio da TV Gazeta, da Rede Gazeta, da Carla Buaiz Jóias, do Canal Brasil e do Hotel Senac Ilha do Boi, da TVE e do Fórum dos Festivais. Conta também com parceria do Sesc Espírito Santo. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte – IBCA.

15ª Mostra Competitiva Nacional de Curtas
De 19 a 23 de julho

Local: Teatro Glória (Sesc Glória) – Avenida Jerônimo Monteiro, 428, Centro, Vitória.
Horário: 19 horas 
19 de julho
O Deserto de Akin (Bernard Lessa, FIC, ES, 78’)
20 de julho
Centro Ilusão (Pedro Diógenes, FIC, CE, 85’)
21 de julho
Brasiliana: o Musical Negro que Apresentou o Brasil ao Mundo (Joel Zito Araújo, DOC, MG, 83’)
22 de julho
Mambembe (Fábio Meira, DOC, GO, 98’)
23 de julho
Insubmissas (Ana do Carmo, Carol Benjamin, Julia Katharine, Luh Maza e Tais Amordivino, FIC, RJ, 72’)
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