O protagonismo feminino na luta dos povos indígenas pela terra, no Brasil, é o foco de A Mãe de Todas as Lutas, de Susanna Lira. O filme integra a 12ª Mostra Competitiva Nacional de Longas, e será exibido de forma presencial e gratuita dentro da programação do 29º Festival de Cinema de Vitória, que acontece de 19 a 24 de setembro de 2022, no Centro Cultural Sesc Glória e no Cine Metrópolis. 

O longa-metragem joga luz sobre as questões indígenas a partir da perspectiva de mulheres atuantes na luta indígena. A diretora, Susanna Lira, resgata a ideia que gerou o filme: “Há muitos anos venho acompanhando os conflitos pela terra no Brasil. Nos últimos tempos vinha percebendo um protagonismo feminino muito relevante no front dessa luta. E nesses últimos quatro anos aconteceu um agravamento dessa crise. Decidi documentar a história de Shirley Krenak e Maria Zelzuíta, pois além de serem mulheres incríveis e inspiradoras, estão de fato no centro dos grandes problemas ligados à terra: as terras indígenas e os assentamentos do Movimento dos Sem Terra”. 

De acordo com Susanna, o processo de filmagem foi extremamente emocionante. “Um filme como esse provoca muita emoção. O momento mais delicado e comovente foi quando gravamos com Shirley Krenak na beira do Rio Doce, completamente devastado pelo crime do vazamento das barragens que contaminou toda a vida que habitava o rio. O luto do povo krenak que vive ao redor do rio nos comoveu bastante”.

Sobre a participação no 29º Festival de Cinema de Vitória, a diretora demonstra o propósito de compartilhar e potencializar, com o público, as reflexões propostas pelo filme. “Acompanho o festival há muitos anos. Além de muito relevante e significativo para o cinema nacional, o festival é importante para a região. Estou muito emocionada por estar junto com filmes muito poderosos nessa seleção. Estamos animadíssimos e querendo que o público possa assistir e refletir sobre as questões que o filme aborda. Tenho certeza que teremos sessões muito emocionantes pois a seleção deste ano está muito potente.”

CURADORIA 

O pesquisador em cinema, Gilberto Alexandre Sobrinho, um dos curadores da 12ª Mostra Competitiva Nacional de Longas, destacou as temáticas importantes para o debate sobre o papel das mulheres e das mobilizações indígenas. “O filme traz uma combinação de luta política, olhar e sabedoria ancestral, também assume essa perspectiva de gênero para nos conduzir a olhar para esse lugar importante, que são as questões e a luta indígena, que é uma luta que se organiza contra a violência do capital, a violência de uma modernização que destrói a natureza e passa por cima. Um filme sobre resistência, sobre como a gente tem que entender a questão indígena e o campo da resistência, que combina o protagonismo feminino na resistência”, disse ele, que dividiu a seleção com a produtora cultural e jornalista, Leila Bourdoukan.  

A Mãe de Todas as Lutas concorre ao Troféu Vitória em sete categorias: Melhor Filme (Júri Técnico), Melhor Filme (Júri Popular), Melhor Direção, Melhor Roteiro, Melhor Fotografia, Melhor Contribuição Artística e Melhor Interpretação.  A Cerimônia de Premiação será realizada em uma noite especial de encerramento do Festival, no dia 24 de setembro, no Teatro Glória, no Centro Cultural Sesc Glória.  

O 29º Festival de Cinema de Vitória conta com o patrocínio do Ministério do Turismo, através da Lei de Incentivo à Cultura e também com o patrocínio da EDP, através da Lei de Incentivo à Cultura Capixaba. Conta com o apoio da Rede Gazeta e da TV Educativa ES. E conta com o apoio institucional do Canal Like, da Carla Buaiz Jóias e do Cine Metrópolis. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).

A Mãe de Todas as Lutas
Diretor: Susanna Lira  
[DOC, Cor, MP4 H264, 84’, RJ, 2021]

Sinopse: Uma narrativa que recorre à memória para vislumbrar um futuro de mudanças sob a ótica feminina. O filme acompanha a trajetória de Shirley Krenak e Maria Zelzuita, mulheres que estão na frente da luta pela terra no Brasil. Shirley traz a missão de honrar as mulheres e a sabedoria das Guerreiras Krenak, da região de Minas Gerais. Maria Zelzuita é uma das sobreviventes do Massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará, e suas trajetórias nos ligam ao conceito da violência e apropriação do corpo feminino.
Classificação Indicativa: 14 anos