Um dos maiores nomes do cinema brasileiro, o produtor, fotógrafo e jornalista Luiz Carlos Barreto, o Barretão, foi homenageado na noite desta quinta-feira, no 25º Festival de Cinema de Vitória. A noite foi apresentada pelo ator Sérgio Marone e a atriz e cantora Zezé Motta – que, inclusive, canta no Lounge do FCV nesta sexta-feira, às 22 horas.

Amigo de Barretão, o cineasta Luiz Carlos Lacerda representou o homenageado no Teatro Carlos Gomes. Foto: Sérgio Cardoso

A homenagem a Barretão começou com a exibição de um vídeo produzido pelo Canal Brasil, resgatando a trajetória do produtor desde os clássicos do Cinema Novo, na década de 1960, até as obras mais recentes. Conhecido pela preocupação com a realidade social do Brasil, Barretão comentou, no vídeo, sobre a relação do cinema com o cotidiano: “O cinema é uma espécie de espelho da vida. Quando a gente faz um filme no Brasil, está refletindo a vida brasileira.”

Por motivos pessoais, o homenageado não pôde comparecer ao FCV. Quem recebeu o Troféu Vitória e uma joia da Carla Buaiz Joias foi o cineasta Luiz Carlos Lacerda, amigo de Barreto. “É uma honra muito grande receber esse troféu em um festival tão importante para o cinema brasileiro”, disse Lacerda.

“É um filme de avô”

Em Vitória para a exibição de “A Chave do Vale Encantado“, o músico e diretor Oswaldo Montenegro apresentou o filme no palco do Carlos Gomes. “A única coisa que posso dizer é que é um filme de avô”, disse ele.
Muito aplaudido pelo público, Oswaldo se referiu à produtora e flautista Madalena Salles, sua primeira esposa, com quem trabalha há mais de 40 anos. “Buscamos a vida inteira alguma coisa eterna. É a grande busca do ser humano. E só há uma coisa eterna nessa vida: a sua ex”, brincou ele. “E tenho orgulho de dizer que sou muito amigo da minha ex”, completou.

Diretor de “A Chave do Vale Encantado”, Oswaldo Montenegro marcou presença na exibição do filme. Foto: Sérgio Cardoso

Quilombolas

Ao anunciar os curtas da Mostra Competitiva Nacional, a apresentadora Zezé Motta não perdeu a oportunidade de exaltar o filme “Maré“, de Amaranta César, que retrata a vida de várias gerações de mulheres quilombolas. “Temos no Brasil em torno de 3 mil quilombolas. E os brasileiros não sabem disso. Os quilombolas são muito marginalizados. Existem alguns ainda sem saneamento básico, sem luz”, disse ela.
Diretora de “Peripatético“, Jéssica Queiroz lembrou a importância das primeiras mulheres negras realizadoras de cinema no Brasil: “Se eu estou aqui, é porque houve mulheres negras no audiovisual que abriram o caminho.”

Debate

Nesta manhã de quinta-feira, aconteceu mais uma rodada de conversas entre realizadores e público, no Hotel Senac Ilha do Boi. Às 10h, artistas e plateia se detiveram nos filmes da 22ª Mostra Competitiva Nacional de Curtas.

Cineasta Neville D’Almeida falou sobre sua carreira em bate-papo com o público no Hotel Senac Ilha do Boi. Foto: Sérgio Cardoso.

A partir das 11h, o debate girou em torno do documentário “Neville D’Almeida – Cronista da Beleza e do Caos”, de Mario Abbade, que esteve presente na ocasião, ao lado de Neville. Durante a conversa, a relação de Neville com a indústria cinematográfica e a política de editais foi um dos temas mais discutidos.

“Neville brigou com o mundo inteiro. Tudo que ele pensa, ele diz. Isso cria, obviamente, um atrito. Você acaba julgando o homem, e não a obra”, afirmou Mario Abbade.

“Existe uma dominação cultural e política”, opinou Neville. “Entrou agora essa coisa ridícula chamada cabresto cultural. Vivemos a ditadura do gosto de quem formula a política cinematográfica. E, mais do que isso, vivemos a ditadura do gosto medíocre.”

 

25º FESTIVAL DE CINEMA DE VITÓRIA

Uma realização da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA), o 25º Festival de Cinema de Vitória conta com o patrocínio do Ministério da Cultura, através da Lei de Incentivo à Cultura, da Petrobras, do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), do Banco Regional de Desenvolvimento (BRDE), do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), da Ancine, e do Governo Federal, com apoio da Rede Gazeta, da Prefeitura Municipal de Vitória, e da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo. O Festival conta também com Apoio Institucional do Centro Técnico do Audiovisual (CTAv), do Canal Brasil, da Arcelor Mittal, da Link Digital, da Mistika, da Cia Rio, da UVV, da Marlim Azul Turismo e da Carla Buaiz Joias. O lounge do Festival tem parceria com a Ecobier e o restaurante Gosto Capixaba e é co-realizado pela Galpão Produções e pela Molaa.

Quando: até sábado, 8 de setembro.

Onde: Teatro Carlos Gomes, Centro de Vitória.

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