A atriz e escritora Suely Bispo, Homenageada Capixaba do 31º Festival de Cinema de Vitória, fez uma coletiva antes de receber o Troféu Vitória no Teatro Glória (Sesc Glória), e relembrou sua trajetória narrada no Caderno da Homenageada feito por Leonardo Vais e Paulo Gois. Com um percurso de mais de três décadas nos palcos capixabas, dezenas de trabalhos no cinema e a participação em uma importante obra da teledramaturgia nacional, além de vários livros, é possível perceber na vida profissional desta baiana radicada no Espírito Santo, a pluralidade nas múltiplas atuações como artista. 

“É um momento para ter consciência desse lugar de representatividade, de um lugar que é tão caro para nós, pessoas negras. É um momento que faz a gente ter essa retrospectiva. É um momento muito especial que eu realmente não esperava. Estou extremamente emocionada. Esse momento fez com que eu entrasse em contato comigo mesma, com minha carreira, e a gente não se dá conta de que fez tanta coisa”, afirmou Suely Bispo durante o bate-papo.

A arte surgiu na vida de Suely Bispo durante o período acadêmico. “Comecei a fazer História e as coisas se dão um pouco juntas. Minha primeira amizade em Vitória foi com a Veronica Gomes, que me levou para o teatro. Fui assistir ensaios e peças. Quando eu estava na antiga Casa da Cultura, eu dizia que eu sentia que meu lugar era lá em cima (palco). Estudava e fazia teatro. E o teatro me levou para a poesia. Nada na minha vida está separado.”

Após o reconhecimento por parte do 31º Festival de Cinema de Vitória, a atriz reforça o poder que a arte entrega ao artista e ao público, principalmente como ser referência para as pessoas. “Sempre tive a consciência que o artista faz e você pode agradar ou não, não sabe como vai ser a reação do público. Faço as coisas que acredito e sempre tive noção da responsabilidade social do artista. Isso também acaba me trazendo para esse lugar. A representatividade é um lugar de responsabilidade. Agradeço muito por esse momento”.  

CARREIRA 

Natural da Bahia, Suely contou o que a fez se mudar para o Espírito Santo. “Vim morar com meu pai aqui em Vitória, ele e minha mãe são separados. Fiquei porque passei no vestibular. E eu não tinha pretensão nenhuma de ser artista. Fui fazendo as coisas. Sou artista movida à ação. Essa vontade de agir é que me move. Não sabia se teria reconhecimento ou não,” destacou.

No cinema esteve em 3331 (2011), de Jorge Nascimento, Beatitude (2015), de Délio Freire, Os Mais Amados (2018), de Rodrigo de Oliveira, A Matéria Noturna (2021), de Bernard Lessa; e no terror Destinos das Sombras (2023), de Klaus Berg. Na TV brilhou como Doninha, na novela Velho Chico (2016), de Benedito Ruy Barbosa. 

Nos palcos esteve em dezenas de produções, como Shakespearianas (1998), solo que adapta textos de personagens femininas de William Shakespeare, com dramaturgia da própria Suely, e uma longeva parceria com o Teatro Experimental Capixaba, que teve início com o espetáculo Fausto (1995), inspirado na consagrada obra de Marlowe e Goethe, e segue até os dias atuais com Corpus em Vidas (2023), trabalho mais recente da companhia. 

Autora consagrada, a poesia atravessa o trabalho de Suely. Tanto que, entre inúmeros textos publicados, destacam-se três livros dedicados ao gênero: Desnudalmas (2009), Lágrima Fora do Lugar (2016) e Conversas Com o Silêncio (2022). 

O 31º Festival de Cinema de Vitória conta com o patrocínio master do Instituto Cultural Vale e Petrobras, através da Lei de Incentivo à Cultura, Ministério da Cultura. Conta também com o patrocínio da ArcelorMittal através da Lei de Incentivo à Cultura Capixaba, Secretaria da Cultura do Espírito Santo. Conta com a parceria do Sesc Glória. Tem apoio da Rede Gazeta, do Canal Brasil, do Canal Like, da TVE Espírito Santo e da Carla Buaiz Joias. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).

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