Autointitulada como “a cronista do povo”, Carmélia Maria de Souza nasceu na Fazenda Rodeio (atualmente distrito Princesa), em Rio Novo do Sul, em 1936. A escritora, que trabalhou nos principais jornais do Estado, como A Tribuna e A Gazeta, também atuou na Escola Técnica Municipal de Teatro, Dança e Música (Fafi), entre outros lugares sempre relacionados à informação e à cultura. Ela faleceu aos 38 anos e seus textos ficaram marcados na história capixaba.
Com uma história que atravessa a cultura capixaba, ela é o tema do documentário Não se Aproxime: A Vida e Obra de Carmélia M. de Souza, feito em parceira com a Galpão Produções, que será exibido na Sessão Especial de Encerramento, que acontece no dia 25 de julho, a partir das 19 horas, no Teatro Glória, durante a programação do 31ª Festival de Cinema de VItória.
“A ideia é resgatar personalidades LGBTQIAPN+ do Espírito Santo, que ainda não tiveram visibilidade e trazer luz à história. Carmélia era uma escritora maravilhosa, cronista, que não teve livro publicado, só postumamente”, conta Tati Rabelo, realizadora do documentário ao lado de Rodrigo Linhales, pela Mirabólica.
Além da parceria com a Galpão Produções, o filme teve recursos do Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo (Funcultura). “Essa parceria com a Galpão é muito natural pra gente. O Festival é a maior janela do Espírito Santo, com alcance muito grande, e é um prestígio estrear o filme num evento que está completando 31 anos”, garante Tati.
A produção do documentário teve que ser detalhadamente pensada, por ausência de registros da época. “Esse filme é um documentário híbrido. A gente usou os textos da Carmélia para fazer as encenações, então posso dizer que é um docudrama. A gente alternou essas encenações com os textos da própria Carmélia, com entrevistas de pessoas que foram do convívio dela e historiadores”.
Dessa forma, era preciso encontrar alguém que pudesse interpretar Carmélia Maria de Souza, nas cenas paralelas às entrevistas. “Tivemos a sorte de achar a Inácia Freitas, que é uma veterana do teatro capixaba, que encarnou Carmélia de forma magistral”, destaca Tati Rabelo.
As locações escolhidas foram o próprio Teatro Carmélia, onde funcionava o antigo estúdio da TVE, e as externas aconteceram em espaços que a escritora frequentava. “Praia de Camburi, Praia do Canto, cais do hidroavião, Centro, enfim, a gente fez uma escolha de externas de acordo com os lugares de vivência da personagem”.
No que depender da Mirabólica, a cena que apresenta capixabas de grande destaque, vai continuar e a lista só tem nomes de peso. Melhor do que isso, é trabalhar com quem é do Espírito Santo. “A gente sempre prioriza, principalmente, uma equipe e um elenco 100% capixabas, porque a gente acredita que um projeto com financiamento estadual, merece ter uma equipe local. E realmente, resgatar a história de pessoas marginalizadas na sociedade por causa de preconceitos da época e da pouca visibilidade que se tem, é um projeto muito rico pra gente. Nosso próximo objeto de documentário é o Aprígio Lyrio e depois o Milson Henriques”, finalizou Tati Rabelo.
31º FCV
De 20 a 25 de julho, acontece a 31ª edição do Festival de Cinema de Vitória, que apresentará a safra atual e inédita do cinema brasileiro. Além das exibições nas mostras competitivas, o evento contará com lançamentos de filmes, debates, formações e homenagens que transformarão a cidade de Vitória na capital do cinema brasileiro. Toda programação é gratuita.
O 31º Festival de Cinema de Vitória conta com o patrocínio master do Instituto Cultural Vale e Petrobras, através da Lei de Incentivo à Cultura, Ministério da Cultura. Conta também com opatrocínio da ArcelorMittal através da Lei de Incentivo à Cultura Capixaba, Secretaria da Cultura do Espírito Santo. Conta com a parceria do Sesc Glória. Tem apoio da Rede Gazeta, do Canal Brasil, do Canal Like e da Carla Buaiz Jóias, da TVE Espírito Santo e do Canal Like. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).