As memórias experienciadas com a arte são usadas como um lugar de afago em um momento difícil da vida. Essa é uma das camadas de Teatro de Máscaras, filme de Eduardo Ades, que compõe a 27ª Mostra Competitiva Nacional de Curtas, que integra a programação do 30º Festival de Cinema de Vitória, que acontece de 18 a 23 de setembro, no Centro Cultural Sesc Glória, no Hotel Senac Ilha do Boi e no Cine Metrópolis, na Ufes.

No curta-metragem, Vera Holtz interpreta Sara, uma mulher com câncer cerebral que relembra as histórias de peças teatrais que assistiu durante a vida, como forma de lidar e dar sentido a essas experiências. A narrativa é inspirada no processo de adoecimento da mãe do diretor-roteirista. Ela também tinha forte ligação com as artes – no caso dela, com o cinema – e talento para cativar a atenção dos ouvintes com suas resenhas sobre os filmes que via ou dos quais se lembrava. “Sara, a personagem do curta, evocaria as peças de Vera Holtz, a própria atriz que a desempenha, o que remeteria também às minhas próprias experiências com o processo de adoecimento e morte da minha mãe, Rachel”, explica o diretor. 

As peças citadas pela personagem de Vera são alguns dos trabalhos que mais marcaram a carreira da atriz, como Pérola, de Mauro Rasi, pela qual recebeu quatro prêmios e ficou cinco anos em cartaz. “Indo até Pérola, descobri um texto que era como um memorial do autor para sua mãe. Creio que aí as coisas começam a se encaixar. É quando eu chego às máscaras – que não são objetos de ocultamento, mas de revelação. São múltiplas camadas que se sobrepõem e vão criando novos e novos sentidos”. 

A pandemia teve grande impacto na produção do curta, com todas as restrições e controles de distanciamento social. Os riscos eram grandes, pois o elenco era composto por muitos atores com mais de sessenta anos e também pelo fato de boa parte do filme se passar em um hospital. “A gente vivia traçando planos A, B, C, Z. E as prorrogações para a realização dos projetos viviam em doses homeopáticas – todo mês prorrogavam por apenas mais um mês. E aí as curvas de contágio da Covid subiam e a gente ficava sem ter como filmar”, relembra o diretor. 

O filme contou com recurso da Lei Aldir Blanc, através da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro. Em função das prorrogações ligadas ao Covid 19, foi possível adaptar o projeto e concluir o filme. “Finalmente, acabaram prorrogando por um prazo maior e conseguimos nos estruturar direito. Com essas prorrogações, acabamos tendo que substituir várias pessoas da equipe, mas felizmente conseguimos garantir o elenco. Com esse tempo maior de pré-produção, conseguimos também ótimas locações, como o Teatro João Caetano, o Hospital Quinta D’Or, que nos apoiou, e as ruínas do Teatro Villa-Lobos”.

O diretor também comentou sobre suas expectativas acerca da exibição do curta no 30º Festival de Cinema de Vitória. “É incrível ter o filme selecionado para o Festival de Cinema de Vitória, um dos mais tradicionais do país. A Dama do Estácio, meu primeiro curta, também passou no festival, em 2012, e foi uma sessão muito especial. A seleção do festival para esse ano me pareceu muitíssimo forte e instigante. Estou muito animado não só para exibir meu filme e conversar sobre ele, como também para assistir uma boa parte dessa programação”.

Teatro de máscaras concorre ao Troféu Vitória em oito categorias:  Melhor Filme (Júri Técnico), Melhor Filme (Júri Popular), Prêmio Especial do Júri, Melhor Direção, Melhor Roteiro, Melhor Fotografia, Melhor Contribuição Artística e Melhor Interpretação.

O 30⁰ Festival de Cinema de Vitória conta com o patrocínio do Instituto Cultural Vale, da Petrobras e da ArcelorMittal, através da Lei de Incentivo à Cultura, Ministério da Cultura. Conta com o apoio do Canal Brasil, do Canal Like, da Universidade Federal do Espírito Santo, do Cine Metrópolis, da Rede Gazeta, da Carla Buaiz Jóias e do Sesc Glória. Conta também com o patrocínio institucional do Banestes. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).

30º FESTIVAL DE CINEMA DE VITÓRIA
18 a 23 de setembro

27ª MOSTRA COMPETITIVA NACIONAL DE CURTAS
19 a 22 de setembro
Teatro Glória, Sesc Glória
TEATRO DE MÁSCARAS
Eduardo Ades
[FIC, Cor, DCP, 16×9, 22’, RJ, 2022]
Sinopse: Sara, uma mulher aficionada por teatro, começa a vivenciar episódios de confusão mental. Nesta fase difícil da vida, ela recorre às memórias das peças a que assistiu.