Aumentar o alcance de produções periféricas e de baixo orçamento que, em sua maioria, são realizadas por diretores autodidatas em cidades do interior ou nos arredores das grandes capitais. Essa é a proposta da Mostra Cinema de Bordas, que chega a sua sexta edição, como parte da programação do 30º Festival de Cinema de Vitória que conta com o patrocínio do Instituto Cultural Vale, da Petrobras e da ArcelorMittal, através da Lei de Incentivo à Cultura, Ministério da Cultura. 

A sessão é gratuita e acontece no dia 21 de setembro, quinta-feira, às 16 horas, na Sala Cariê Lindenberg, no Sesc Glória. A Curadoria da Mostra é da escritora e pesquisadora Bernadette Lyra, criadora do termo “cinema de bordas” e contou com a parceria da jornalista, e também escritora, Lívia Corbellari, que atuou como assistente de curadoria. 

Nesta edição, a janela joga luz sobre o trabalho do realizador Expedycto Lyma, com a exibição do filme Dois Nós Cegos no Oeste, de 1980-1981. O longa-metragem é uma comédia que faz uma sátira ao ‘bangue bangue’, forma popular como são conhecidos os filmes de faroeste. “Seus filmes emulam outras produções, inclusive hollywoodianas, já vistas e repetidas por ele; bordejam características do popular e do midiático, do artesanal e do mercadológico; são testemunhas de que muitas e diversificadas historiografias podem ser partilhadas no universo cinematográfico e audiovisual brasileiro. Merecem ser exibidos e levados ao conhecimento público”, afirma Bernadette.

Com mais de 20 longas-metragens de ficção no currículo, o diretor é um dos maiores realizadores em super 8 do Brasil, tendo 10 títulos filmados entre os anos de 1979 e 1984, o que o torna o mais produtivos realizadores do país na bitola em longas-metragens de ficção. Nascido em 1939 em Tietê e radicado em Tatuí, no interior de São Paulo, Expedycto teve uma longa trajetória no circo-teatro. No audiovisual, foi produtor, diretor, ator, diretor de arte, técnico de efeitos especiais, trilheiro, divulgador e bilheteiro.  Voltou a filmar em VHS no fim dos anos 1990, quando teve que buscar novas maneiras de viabilizar sua produção. 

SOBRE A MOSTRA 

A Mostra Cinema de Bordas é uma janela não-competitiva que apresenta produções periféricas, realizadas por cineastas autodidatas de pequenas cidades ou arredores das grandes capitais, normalmente realizados em suas comunidades. “Trata-se de uma produção de realizadores interioranos e autodidatas (muitos sem formação acadêmica ou inserção nos circuitos reconhecidos pela crítica e pela mídia especializada) que vivem o sonho de fazer cinema, ainda que  com poucos recursos e tecnologias precárias”, explicou a escritora, curadora e pesquisadora do gênero, Bernadette Lyra.

Os filmes desta sessão são um recorte da produção brasileira deste gênero audiovisual, que utiliza regionalismos, guerras imaginárias, monstros, maldições, tragédias e comédias do cotidiano para contar suas histórias de uma forma não convencional e voltadas para o entretenimento. “As produções de bordas quase sempre são feitas com orçamentos que beiram o zero e adotam o estatuto do improviso e da precariedade, além de serem adeptas de uma estética mais ou menos “tosca”, “impura”, “mista” ou “trash”, que reutiliza – com humor e sem constrangimento – aspectos ligados aos gêneros canônicos: horror, ficção científica, faroeste, comédia, musical, ação entre outros”, afirmou a pesquisadora. 

UMA JANELA DE 30 ANOS PARA O CINEMA BRASILEIRO

Depois da Mostra Comemorativa 30 Anos do Festival de Cinema de Vitória, as comemorações de 30 anos do Festival de Cinema de Vitória seguem a todo vapor. De 18 a 23 de setembro, acontece a 30ª edição do Festival de Cinema de Vitória, que apresentará a safra atual e inédita do cinema brasileiro. Além das exibições nas mostras competitivas, o evento contará lançamentos de filmes, debates, formações e homenagens que transformarão a cidade de Vitória na capital do cinema brasileiro. A programação gratuita será realizada no Sesc Glória, no Cine Metrópolis (Ufes) e no Hotel Senac Ilha do Boi.

O 30⁰ Festival de Cinema de Vitória conta com o patrocínio do Instituto Cultural Vale, da Petrobras e da ArcelorMittal, através da Lei de Incentivo à Cultura, Ministério da Cultura. Conta com o co-patrocínio do Banestes. Conta também com o apoio do Canal Brasil, do Canal Like, da Universidade Federal do Espírito Santo, do Cine Metrópolis, da Rede Gazeta, da Carla Buaiz Jóias e do Sesc Glória. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).

Serviço
30º Festival de Cinema de Vitória

18 a 23 de setembro
6ª Mostra Cinema de Bordas
21 de setembro, quinta-feira, às 16 horas
Sala Cariê Lindenberg – Sesc Glória
Entrada Gratuita
*retirada de ingressos uma hora antes de cada sessão 

Dois Nós Cegos no Oeste
[FIC, 88′, SP, 1980-1981]
Expedycto Lyma

Elenco: Expedycto Lyma, André Peres, Maria Madalena, Rosecler Camargo, Alceu Antunes, João M. Sales, José Carlos Belesa, Donizzeti Costa Andrade, Elyane Lyma, José Antônio Bueno, Wilson J. Fogaça, Jane Lyma, Paulo Rex e José Penatti.

Sinopse: O filme conta as peripécias de Chola (Expedycto Lima) e Fredô (André ‘Magal’ Peres) em busca de um grande tesouro. Chola tem o mapa, Fredô entra na dele e acaba ficando com a namoradinha do Chola, Lucy (Rosecler Camargo). Porém Chola é gamado mesmo em Shyrlei (Maria Madalena). Eles vivem às voltas com a truculência do desonesto xerife e sua xaroposa quadrilha. Ao final, depois de muitos tiros, murros, pernadas e outros quejandos, os dois, eficientemente coadjuvados por uma voluptuosa loira, acabam triunfando e, tesouro a tiracolo, vão gozar as delícias de novos ricos.

Uma comédia divertida. Bangue-bangue na sátira!