A emoção tomou conta do Teatro Glória na cerimônia de homenagem ao ator Marcos Palmeira, que aconteceu na quinta-feira, 15 de junho, dentro da programação da Mostra Comemorativa 30 Anos do Festival de Cinema de Vitória, uma edição especial que apresenta um recorte especial com filmes que foram exibidos nas últimas três décadas do mais tradicional evento audiovisual do Espírito Santo. 

Com apresentação do ator e cantor Silvero Pereira e da atriz Bel Kutner, o roteiro da noite jogou luz sobre a extensa trajetória do ator que participou de mais de 40 filmes, dezenas de trabalhos na televisão e aproximadamente 20 espetáculos teatrais, além de uma expressiva presença como empreendedor e ambientalista. Na sequência, foi exibido um vídeo especial do Canal Brasil, que contou parte da história do homenageado com imagens de seus trabalhos. 

Logo após, o ator subiu ao palco do Teatro Glória para receber das mãos dos seus pais, o cineasta Zelito Viana e a produtora Vera de Paula, e da sua esposa, a diretora Gabriela Gastal, o Troféu Vitória e o Caderno do Homenageado, além de uma exclusiva da designer Carla Buaiz. Zelito destacou a alegria de poder render a homenagem ao filho. “Eu quero agradecer ao Festival a oportunidade de dar um prêmio ao meu filho. Para pai e mãe não tem nada melhor do que ver seu filho consagrado, essa figura maravilhosa. Pode subir ao palco e pegar seu prêmio”. 

Muito emocionado, Marcos Palmeira recebeu o carinho do público e fez um balanço da sua história. “Eu vou fazer 60 anos. E uma homenagem é uma reflexão de tudo que eu fiz na minha vida. E é bom ver que valeu a pena. É bom ver que a gente consegue levar entretenimento para as pessoas. A gente consegue fazer com que as pessoas pensem fora da caixinha. Isso é muito importante. Um país que não fortalece a sua cultura não consegue se reconhecer como país”. 

O ator também falou sobre a sua relação com o cinema e a escolha da profissão de ator. “É muito emocionante olhar para trás e ver quanta coisa eu fiz e quanta coisa eu quero fazer. Esse carinho que o público tem comigo, esse reconhecimento. Eu estou sem palavras para agradecer ao Festival de Cinema de Vitória, poder estar aqui participando de um festival de resistência, como todos os festivais de cinema do Brasil. Para quem vive de cinema é uma luta diária, é uma guerrilha constante. Eu nasci vendo a dificuldade de se fazer cinema. Não foi uma opção fácil pra mim ser ator, apesar de estar dentro de um universo artístico, porque eu sei a dificuldade que é, a quantidade de grandes atores que não conseguem sair dessa arrebentação e entrar no mar um pouco mais tranquilo. Então é muita gratidão poder estar aqui, com minha mulher, que me dá todo apoio, uma diretora incrível, uma pessoa com uma sensibilidade gigante. Minha mãe produtora e meu pai cineasta. Eu sou filho de um filho legítimo do cinema novo, tenho muito orgulho disso. Poder estar sendo homenageado dentro da minha casa, eu tenho muito orgulho de fazer parte do cinema brasileiro”. 

Finalizando seu discurso, Marcos agradeceu ao carinho que recebe do público e afirmou querer seguir produzindo ainda mais. “Obrigado ao cinema brasileiro. Espero ter um longo caminho pela frente, trazendo mais entretenimento e diversão para vocês. E dividindo esse amor que eu recebo. Porque a vida é uma troca. Eu sempre recebo muito amor. Nas ruas, no trabalho, dos colegas. O tempo inteiro. Eu estou sempre aberto a dividir esse amor e celebrar a vida”. 

SESSÃO RETROSPECTIVA DE LONGAS-METRAGENS

Logo após, também no Teatro Glória, o público conferiu a segunda exibição da Sessão Retrospectiva de Longas-Metragens, com a produção Corumbiara, de Vincent Carelli, que aborda o genocídio indígena e as práticas de resistência em defesa dos povos originários. O documentário parte de um fato que aconteceu no ano de 1985, quando Marcelo Santos, um trabalhador audaz da Fundação Nacional do Índio do Brasil, denunciou um massacre de índios na região sem lei de Corumbiara. O diretor filmou as provas e, desde então, acompanhou as investigações em torno de uma série de genocídios na região. Juntos, levam anos a encontrar os sobreviventes, membros de três grupos nunca contactados, que vivem escondidos nas parcelas existentes de florestas, aterrorizados com o homem branco.

Mostra Comemorativa 30 Anos do Festival de Cinema de Vitória conta com o patrocínio do Instituto Cultural Vale, da Petrobras e da ArcelorMittal, através da Lei de Incentivo à CulturaMinistério da Cultura. Conta também com o apoio do Canal Brasil, da Universidade Federal do Espírito Santo, do Cine Metrópolis, da Rede Gazeta, da Carla Buaiz Jóias, do Sesc Glória e da Prefeitura Municipal de Vitória. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).

HOMENAGEM MARCOS PALMEIRA
Fotos: Andie Freitas, Gustavo Louzada e Sérgio Cardoso