Nome chave para entender a contracultura dos anos 1960, os capixabas d’Os Mamíferos refletem sobre sua história no documentário Diante dos Meus Olhos, de André Félix, que chega ao 25º Festival de Cinema de Vitória para competir na 8ª Mostra Competitiva Nacional de Longas.

O longa acompanha os ex-integrantes d’Os Mamíferos, 45 anos após a dissolução da banda. Vivendo um cotidiano simples, Marco Antônio Grijó, Afonso Abreu e Mario Ruy recordam a formação do grupo em meio ao surgimento da contracultura nos anos 1960.

À sombra de grupos mais conhecidos e fora do centro Rio-São Paulo, Os Mamíferos foram motivo de resgate também em livro: “Os Mamíferos – Crônica de uma Banda Insular”, biografia do grupo, assinada pelo escritor Francisco Grijó, foi publicado em 2017.

Documentário acompanha o cotidiano dos ex-integrantes da banda Os Mamíferos

Confira abaixo a entrevista com o diretor André Félix:

Quando você conheceu Os Mamíferos?

Conheci os integrantes separadamente. Conheci Afonso Abreu num show em 2005, no Carlos Gomes. Bem depois, conheci o Marco Antônio Grijó pelo intermédio do Francisco Grijó. O Mario Ruy eu conheci na Curva da Jurema, numa noite do Jazz na Curva. Mas a história da banda, efetivamente, conheci em 2010, através do Francisco Grijó, que falou que estava escrevendo um livro sobre contracultura capixaba na década de 1970. Em 2013, fui convidado para dirigir o filme e, a partir de então, comecei um processo mais intenso de pesquisa.

E o que te chamou atenção na história deles?

Eu achava que a banda tinha uma história muito incrível e, ao mesmo tempo, faltava a essa história uma documentalidade, registros de imagens, registros fonográficos daquela época. Me interessei pela investigação do que fez a banda não se tornar um clássico da música brasileira. A partir de então, fui entendendo como a vida dessa pessoas foi se desenrolando, e como a vida na cidade de Vitoria foi se desenrolando. Isso contribuiu para que história não chegasse para a nossa geração. O que me interessou foi essa possibilidade de refletir sobre a memória, sobre a velhice, sobre sonhos que não são realizados, ou são realizados em parte.

Depois de ter feito o documentário, você consegue medir a importância da banda para a música brasileira?

A importância deles é a de ser mais um tijolo nessa grande construção. Eles realmente são a coisa mais interessante que foi feita aqui em Vitória em termos de música popular. A geração que estava alinhada ao zeitgeist. Não sei se existe um protagonismo ou não, mas é claro que se eles não estão no panteão da música brasileira, é muito por falta de ter gravado um disco e conseguido levar a cabo aquele projeto. Faltava um pensamento de produção, uma pessoa que estivesse olhando de fora e pudesse alavanca-los. Eles foram jovens muito talentosos, depois adultos e senhores muito talentosos, que tiveram que lidar com esse talento durante a vida inteira. Foram amigos de pessoas da MPB, viram pessoas com menos talento chegar lá. Mas esse é um lugar que a gente está tentando restabelecer.

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25º FESTIVAL DE CINEMA DE VITÓRIA

Uma realização da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA), o 25º Festival de Cinema de Vitória conta com o patrocínio do Ministério da Cultura, através da Lei de Incentivo à Cultura, da Petrobras, do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), do Banco Regional de Desenvolvimento (BRDE), do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), da Ancine, e do Governo Federal, com apoio da Rede Gazeta, da Prefeitura Municipal de Vitória, e da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo. O Festival conta também com Apoio Institucional do Centro Técnico do Audiovisual (CTAv), do Canal Brasil, da Arcelor Mittal, da Link Digital, da Mistika, da Cia Rio, da UVV, da Marlim Azul Turismo e da Carla Buaiz Joias.

Quando: até sábado, 8 de setembro.

Onde: Teatro Carlos Gomes, Centro de Vitória.

Confira a programação completa!