Com foco na importância de disseminar a cultura e a memória afro-brasileiras, a Mostra Cinema e Negritude chega a sua 3ª edição neste ano. Parte da programação do 25º Festival de Cinema de Vitória, a sessão acontece no dia 8 de setembro, às 14h, no Teatro Carlos Gomes. A entrada é gratuita.

Neste 25º FCV, a janela reúne seis curtas-metragens de quatro Estados do Brasil – Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia -, contemplando os gêneros de ficção, experimental e animação. A curadoria desta edição ficou a cargo do jornalista Leonardo Vais e da gestora cultural Thaís Souto Amorim.

Representatividade

Ao longo de quase um século de produção audiovisual, não obstante alguns avanços, a representatividade negra no cinema ainda é pequena. Basta observar os dados levantados pela pesquisa “Informe Diversidade de Gênero e Raça nos Lançamentos Brasileiros de 2016”, divulgada em junho deste ano pela Agência Nacional do Cinema (ANCINE). O estudo analisou 142 longas-metragens brasileiros lançados comercialmente em salas de exibição em 2018, entre obras de ficção, documentários e animação.

Em números absolutos, a pesquisa aponta que pretos e pardos são 13,3% dos atores principais e 2,1 % dos diretores de longas-metragens nacionais. Por isso, segundo os curadores, a Mostra Cinema e Negritude se apresenta como uma janela importante para evidenciar o trabalho de profissionais negros do audiovisual.

“Embora voltada para a produção de curtas-metragens, a mostra visibiliza o protagonismo de negros na frente e atrás das câmeras, além de ser um espaço de informação para a reflexão sobre a sociedade contemporânea”, afirmam os curadores, no texto de apresentação da mostra.

Recortes

“Por meio desses seis filmes, a mostra é um canal para que jovens realizadores apresentem vários recortes sobre o povo preto. Esses trabalhos discutem as dores, apresentam os sorrisos e as descobertas, reverenciam a cultura e a religião, para reafirmar a potência e a criatividade da população negra, além de trazer um novo fôlego criativo e novas cores à produção cinematográfica brasileira”, completam.

As obras selecionadas concorrem ao Troféu Vitória na categoria Melhor Filme. Os vencedores do festival serão conhecidos na noite de encerramento – 8 de setembro -, no palco do Teatro Carlos Gomes.

Uma realização da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA), o 25º Festival de Cinema de Vitória conta com o patrocínio do Ministério da Cultura, através da Lei de Incentivo à Cultura, da Petrobras, do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), do Banco Regional de Desenvolvimento (BRDE), do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), da Ancine, e do Governo Federal, com Apoio da Rede Gazeta, da Prefeitura Municipal de Vitória, e da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo. O Festival conta também com Apoio Institucional do Centro Técnico do Audiovisual (CTAv), do Canal Brasil, da Arcelor Mittal, da Link Digital, da Mistika, da Cia Rio, da UVV e da Marlim Azul Turismo. O lounge do Festival é co-realizado pela Galpão Produções e pela molaa.

 

25º FESTIVAL DE CINEMA DE VITÓRIA

Quando: 3 a 8 de setembro.

Onde: Teatro Carlos Gomes, Centro de Vitória.

Entrada gratuita.

 

3ª MOSTRA CINEMA E NEGRITUDE

Quando: sábado, dia 8 de setembro, às 14h.

 

Confira os filmes selecionados:

Maria (Vinicius Campos, FIC, SP, 12’). Adaptado do conto homônimo de Conceição Evaristo, Maria é uma mulher que trabalha como empregada doméstica. Ao entrar no ônibus para sua casa, Maria se depara com Anderson, um ex-amante e pai do seu primeiro filho. O encontro com o ex traz uma série de lembranças para Maria.

Onde você ancora seus silêncios? (Charlene Bicalho, EXP, ES, 3’15’’). Perdida em um mar de silêncios sobre sua ancestralidade africana, a personagem busca na Calunga algum lugar onde possa se encontrar. Desequilibrada, sem porto, resolve ela mesma ancorar-se dentro de uma frágil nau.

Eu sou o super-homem (Rodrigo Batista, FIC, SP, 19’32’’). Lucas, 7, negro, vai a uma festa de aniversário vestido de Superman. Eric, 7, branco, o aniversariante, teve a mesma ideia. Agora os dois garotos vão fazer de tudo para provar quem é o verdadeiro Homem de Aço.

Òpárá de òsún: quando tudo nasce (Pâmela Peregrino, ANI, BA, 4’16’’). O filme conta a história da Orixá das águas doces, que no Candomblé é Òsùn, a deusa da fertilidade que faz tudo crescer e fertilizar na força do Axé.

Algum romance transitório (Caio Casagrande, FIC, RJ, 18’). Bruno vaga pela cidade em busca de afetos que nunca conheceu.

Cinema e negritude

Quem perdeu o telhado em troca recebe as estrelas (Henrique Zanoni, FIC, SP, 14’). Um imigrante congolês não encontra emprego. Uma moradora de uma ocupação é expulsa de casa. Ele não sabe para onde vai, ela não tem para onde ir. Juntos, perambulam pela noite da cidade.