Sétima edição da mostra vai premiar obras em diversas categorias,
com exibições entre os dias 11 e 15 de setembro, no Teatro Carlos Gomes

 

O Festival de Cinema de Vitória chega a sua 24º edição entre os dias 11 e 16 de setembro reunindo uma bela safra de filmes brasileiros recentes. Entre a extensa programação, que ocupa o Teatro Carlos Gomes, no centro histórico da capital capixaba, serão exibidos sete longas-metragens. Desse total, seis integram a 7ª Mostra Competitiva Nacional de Longas e concorrem ao Troféu Vitória em diversas categorias.

 

A seleção traz filmes de diversos gêneros e estilos, em um caldo grosso de inquietação com reflexões existenciais, morais e sociais. A curadoria da Mostra Competitiva Nacional de Longas ficou a cargo de Rodrigo Fonseca, crítico de cinema titular do blog P de Pop do jornal “O Estado de S. Paulo” e colunista do site Omelete.

 

Fonseca também é roteirista da TV Globo, onde participa como mediador em eventos de desenvolvimento artístico, e foi o curador do Cine PE – Festival de Cinema de Pernambuco em 2015 e 2016. É ainda autor de livros, entre eles “Meu Compadre Cinema – Sonhos, Saudades e Sucessos de Nelson Pereira dos Santos” (2005) e “Cinco Mais Cinco – Os Melhores Filmes em Bilheteria e Crítica” (2007), com Carlos Diegues e Luiz Carlos Merten.

 

A produção recente do cinema nacional está representada na 7ª Mostra Competitiva Nacional de Longas pelos filmes “Como Nossos Pais” (SP), drama de Laís Bodanzky; a mescla de ficção e documentário “Baronesa” (MG), de Juliana Antunes; a comédia dramática “A Fera na Selva” (SP), de de Eliane Giardini, Lauro Escorel e Paulo Betti; o suspense “Laura” (PR), de Jonathan Murphy; o drama “Pedro Sob a Cama” (RJ), de Paulo Pons; e o terror “Terra e Luz” (GO), de Renné França.

 

Prêmios

 

Os seis filmes concorrem ao Troféu Vitória nas categorias de Melhor Filme (Júri Oficial), Melhor Direção, Melhor Roteiro, Melhor Contribuição Artística, Melhor Interpretação e Melhor Filme (Júri Popular). O resultado da premiação será anunciado na noite de encerramento do festival, no dia 16 de setembro.

Uma realização da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA), o 24º Festival de Cinema de Vitória acontecerá entre os dias 11 e 16 de setembro e conta com o patrocínio do Ministério da Cultura, através da Lei de Incentivo à Cultura, e da Petrobras, com o apoio institucional da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo, da Cesan, da Secretaria de Cultura da Universidade Federal do Espírito Santo e do Canal Brasil, e com o apoio da Rede Gazeta, da Prefeitura de Vitória, da Academia Internacional de Cinema, da CiaRio, da Mistika e da Link Digital.

 

Uma aquarela de gêneros e estilos de cinema

(Texto do curador Rodrigo Fonseca)

 

Existe uma estatística inclusiva, sobre ocupação do parque audiovisual brasileiro, que contabiliza a aparição de quase 140 festivais no país da Retomada até hoje: são 22 anos de desbravamento de novos veios. Desse montante, alguns já existiam antes dos anos 1990 e, entre os que chegaram a partir de 1995, poucos mantiveram regularidade. Vitória foi um dos que perseveraram, mesmo em dias no qual a ameaça do desmantelo da máquina pública da Cultura se fez anunciar. Vitória driblou dificuldades inerentes à nossa indústria de imagens em movimento e seguiu, amparada no fôlego hercúleo da valquíria Lucia Caus, a Diana Prince da terra da moqueca, fazendo uma triagem de experiências narrativas em curta, média ou longa metragem. Este ano temos mais um caldo grosso de inquietação de múltiplas conexões com reflexões existenciais, morais e sociais.

 

Paulo Pons, do Sul, traz para o evento um drama sobre o exercício viral da paternidade em Pedro Sob a Cama, extraindo de Fernando Alves Pinto uma de suas melhores atuações. Já Laura, que veio lá do Paraná, usa a tecnologia para fazer o registro das formas de amor (e rancor) do mundo contemporâneo. Das Gerais vem a delicadeza de Baronesa, um dos longas de maior apreço no coração da crítica deste ano, centrado num processo de observação (metade doc, metade ficção) do cotidiano de de duas amigas no bairro Vila Mariquinha, em Belo Horizonte.

 

Tem algo sobre amizade, porém muito mais sobre a paixão, em A Fera na Selva, que põe Paulo Betti no leme de uma revisão afetiva sobre desejos e frustrações egressa do teatro e filmada no interiorzão de São Paulo. E por fim Terra e Luz, lá de Goiás, propõe uma cartografia do medo, engrossando a massa sombria do chamado “filme de gênero”, modalidade pouco explorada nesta pátria de comédia.   

 

No começo de tudo, Laís Bodanzky nos apresenta Como Nossos Pais, um 3×4 da maturidade artística de Maria Ribeiro como atriz. 

 

Eis o nosso cardápio. Sirva-se.

 

 

7ª Mostra Competitiva Nacional de Longas-Metragens
24º Festival de Cinema de Vitória

De segunda a sexta-feira (11 a 15 de novembro), a partir das 20h30
Teatro Carlos Gomes – Centro de Vitória (ES)

 

Segunda-feira (11 de setembro) | 21h15

Maria Ribeiro em “Como Nossos Pais”, filme de Laís Bondanzky que narra embate de gerações | Foto: Divulgação

COMO NOSSOS PAIS (FIC, 102’, SP), de Laís Bodansky. Rosa é uma mulher que quer ser perfeita em todas suas obrigações: como profissional, mãe, filha, esposa e amante. Quanto mais tenta acertar, mais tem a sensação de estar errando. Filha de intelectuais dos anos 70 e mãe de duas meninas pré-adolescentes, ela se vê pressionada pelas duas gerações que exigem que ela seja engajada, moderna e onipresente, uma supermulher sem falhas nem vontades próprias. Rosa vê-se submergindo em culpa e fracassos, até que em um almoço de domingo, recebe uma notícia bombástica de sua mãe. A partir desse episódio, Rosa inicia uma redescoberta de si mesma.

 

Terça-feira (12 de setembro) | 20h30

“Baronesa”, de Juliana Antunes, promove mistura de drama e documentário | Foto: Divulgação

BARONESA (DOC, 75’, MG), de Juliana Antunes. Andreia quer se mudar. Leid espera pelo marido preso. Vizinhas em um bairro na periferia de Belo Horizonte, elas tentam se desviar dos perigos de uma guerra do tráfico e evitar as tragédias trazidas junto com a chuva.

 

Quarta-feira (13 de setembro) | 20h30

Paulo Betti e Eliane Giardini em cena de “A Fera na Selva”, que leva para as telas novela de Henry James | Foto: Divulgação

A FERA NA SELVA (FIC, 90’, SP), de Eliane Giardini, Lauro Escorel e Paulo Betti. Baseado livremente na obra do escritor norte-americano Henry James, o filme narra a história de um homem que vive na esperança de presenciar, e algum momento de sua vida, algum acontecimento extraordinário – sem enxergar as pequenas maravilhas de cada dia no seu cotidiano.

 

Quinta-feira (14 de setembro) | 21h

O suspense “Laura” discute o peso da tecnologia nos relecionamentos | Foto: Divulgação

LAURA (FIC, 83’, PR), de Jonathan Murphy. Laura (Priscila Sol) é uma mulher solitária que não consegue esquecer seu antigo, secreto e conturbado relacionamento com Ben (Eucir de Souza), um homem bem-sucedido, casado com Amélia (Vanessa Loes) e com um filho pequeno. No começo, o que parecia ser somente um desencontro amoroso se transforma em perigosas relações obsessivas. Em umas das tentativas para esquecer Ben, Laura conhece Noah (Yoram Blaschkauer) num site de relacionamento. A partir daí a trama se desenvolve.

 

Sexta-feira (15 de setembro) | 20h30

Com Letícia Sabatella no elenco, “Pedro Sob a Cama” aborda a paternidade | Foto: Divulgação

PEDRO SOB A CAMA (FIC, 100’, RJ), de Paulo Pons. Mariano, depois de quase uma década desaparecido, retorna à sua cidade natal com o objetivo de encontrar o filho que jamais conhecera, Pedro, de oito anos. Ao saber da chegada do pai na cidade, o menino acaba escondido na casa de Mariano e passa a viver sob a cama dele.

 

Sexta-feira (15 de setembro) | 22h10

TERRA E LUZ (FIC, 73, GO), de Renné França. Em um futuro próximo, o ser humano foi praticamente dizimado por criaturas que se assemelham a vampiros. Neste mundo em que a noite é mortal, um homem tenta sobreviver a qualquer custo, ao mesmo tempo em que tem a chance de recuperar sua própria humanidade.