A relação entre a série de animação Irmão do Jorel, que completa uma década em 2025, e o Festival de Cinema de Vitória (FCV), é muito próxima. Criador da obra, o capixaba Juliano Enrico fez suas primeiras oficinas de animação e roteiro no início dos anos 2000, em edições do evento. Depois, a partir de uma página no Fotolog – extinta rede social que funcionava como um blog de fotos – que tudo começou, até chegar ao sucesso no canal Cartoon Network.
Parte dessa história será contada na quarta-feira (23), com a exibição especial de seis episódios, na sessão Irmão do Jorel 10 Anos e Além, às 16 horas, na Sala Marien Calixte, 3º andar do Sesc Glória, durante a programação do 32º FCV. O Festival conta com patrocínio da Petrobras e patrocínio institucional do Instituto Cultural Vale e do Banestes, através da Lei de Incentivo à Cultura do Governo Federal. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte – IBCA.
“Exibir o Irmão do Jorel no Festival de Cinema de Vitória é especial. Desde criança acompanhando meu pai, anunciando que uma sessão iria começar, vendo filmes dele exibidos no Festival. Fiz oficina de animação pela primeira vez no Festival, de roteiro também. Conheci amigos que tenho até hoje frequentando o Festival. Companheiros de trabalho, inclusive amigos que trabalharam no Irmão do Jorel, como Raul Chequer e Daniel Furlan”, conta Juliano Enrico.
Serão exibidos os episódios Profissão: Palhaço, Consequência ou Consequência, Os Embalos de Sábado à Tarde, Perdido no Cinema, Parceira da Mamãe e O Mundo Maravilhoso dos Objetos Inanimados que trazem memórias vividas na capital capixaba. “Embalos de Sábado à Tarde tem muita influência das noites de Vitória, especialmente das pessoas que frequentavam a Mega Zoom (risos)”, revela.
A ideia da série surgiu por conta dos objetos da família que Juliano Enrico via em casa desde criança. Fotos, vídeos, roupas, muitos detalhes percebidos em sua infância e adolescência. “A gente usava e compartilhava nos anos 1980 e anos 1990, e também nas décadas anteriores porque meus pais são do teatro, do cinema, da dança, e também são acumuladores. E não é que uma pessoa só é acumuladora, todos somos. Eu acumulo as coisas deles, que me lembra algo que eles tiveram, e vou usando. E o que isso tem a ver com Irmão do Jorel? Tudo, porque eu vou criando a partir dessas memórias que existem, não só na nossa cabeça, nosso coração, mas que existem fisicamente”.
Juliano então começou a fazer registros das peças que tinha em casa e começou a compartilhar fotos também de registro familiar em uma página no Fotolog. “Foi ficando meio popular, e as pessoas foram falando que minha família era muito engraçada. Fui começando a desenhar, porque eu gostava de fazer quadrinhos, e, aos poucos, fui adaptando esse universo, exagerando ele e criando outro sentido”.
Depois do Fotolog e dos quadrinhos, Juliano Enrico desenvolveu um projeto de série em 2007, pelo Ministério da Cultura. “Tive verba, tempo para fazer, fiz projeto completo com descrição de cenário, desenhar cada personagem, trabalhar conceito, sinopse, tudo. E aí aconteceu que, em 2009, teve o pitching no Fórum Brasil TV”.
Foi aí que o Cartoon Network entrou na história da criação do Irmão do Jorel. “Fui um dos cinco selecionados. Tive tanto material para mostrar e todo mundo entendeu muito rápido o que era. O Cartoon foi super paciente, deu liberdade criativa, não só para as ideias, mas para a escolha de parceiros, e conseguimos um estúdio para fazer o piloto”.
Irmão do Jorel, na visão de Juliano Enrico, é uma inspiração em sua família representando outras famílias brasileiras. “Tem também as memórias de todo mundo que trabalha comigo, os roteiristas, mas o ponto de partida foi na minha casa, observando o comportamento de cada um da minha família. Quanto mais pessoal, mais íntimo, mais pra dentro você olha, o mundo inteiro se conecta, outras famílias se conectam”.
Além da exibição de seis episódios dessa primeira década de Irmão do Jorel, Juliano Enrico vai interagir com o público para celebrar esse momento. “Convido o público a assistir esses episódios com a gente. Estarei lá, minha família estará lá, muitos artistas que fizeram parte da série também. Cada episódio foi escolhido com muito cuidado e muito carinho, com elementos que ajudaram a moldar o que o Irmão do Jorel se tornou. A gente foi descobrindo isso durante o processo. A gente vai fazer esse passeio, ver a série evoluindo”.
O 32° Festival de Cinema de Vitória conta com patrocínio da Petrobras e com patrocínio institucional do Instituto Cultural Vale e do Banestes, através da Lei de Incentivo à Cultura do Governo Federal. Conta com o apoio da TV Gazeta, da Rede Gazeta, da Carla Buaiz Joias, do Canal Brasil e do Hotel Senac Ilha do Boi, da TVE e do Fórum dos Festivais. Conta também com parceria do Sesc Espírito Santo. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte – IBCA.