Os diretores dos filmes exibidos na terceira noite da 29ª Mostra Competitiva Nacional de Curtas e na quarta noite da 15ª Mostra Competitiva Nacional de Longas participaram de um debate na manhã desta quarta-feira (23), no Hotel Senac Ilha do Boi. A conversa, que integra a programação do 32º Festival de Cinema de Vitória, teve mediação do crítico Vitor Búrigo.
O Festival, que transforma a cidade de Vitória na capital do cinema brasileiro, conta com patrocínio da Petrobras e patrocínio institucional do Instituto Cultural Vale e do Banestes, através da Lei de Incentivo à Cultura. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte – IBCA.
Da 29ª Mostra Competitiva Nacional de Curtas participaram os realizadores Giovani Barros, de Carne Fresca, Lis Paim, de Fenda, e Natália Dornelas, de Sola. Fábio Meira, diretor de Mambembe, representou o filme exibido na 15ª Mostra Competitiva Nacional de Longas.

Giovani Barros falou sobre a proposta do filme Carne Fresca, que se passa no Carnaval do Rio de Janeiro. “Eu tinha muito interesse também em retratar o que acontece em volta da Sapucaí, mostrar o Rio diferente do que as pessoas veem. A gente achou que o carnaval era um bom lugar para fazer essa ideia, abriu todas as possibilidades possíveis”, disse o diretor, que complementou: “A ficção é fabulada a partir dessa lógica documental. A ideia foi isso, fazer esse fantástico, ter um lugar de magia, que é o que acontece nesses eventos. Tem um carnaval vivo das pessoas que estão vivendo em volta da Sapucaí. A gente entendia que usar esse carnaval daria possibilidade para a gente jogar na tela todo fantástico possível dessa construção”, completou.

Em meio a pandemia da Covid-19, a cineasta Lis Paim decidiu iniciar o desejo de ter seu primeiro filme, Fenda, protagonizado por mulheres negras, entre a maturidade e a velhice. “Gravamos em 2023, lançamos ano passado e o elemento do fantástico está muito ali nessa questão do ovo, muitas pessoas perguntam sobre isso, e veio dessa vontade de ter esse elemento e que rachasse esse cotidiano. Era um elemento improvável desse encontro que talvez nunca aconteceria e veio para reconectar um elo ancestral na vida das personagens. Esse ovo que não foi chocado e que racha tardiamente, mas racha, ainda há tempo para rachá-lo”, destaca Lis Paim.

Como as mulheres negras percebem e moldam o mundo ao seu redor, especialmente quando ocupam espaços de poder? Foi essa a pergunta que inspirou a cineasta capixaba Natália Dornelas a realizar o filme Sola. “Queria muito fazer um filme que falasse sem precisar usar palavras, que eu conseguisse traduzir a sensação de uma pessoa que se sente desconfortável. Então, a necessidade do som, a imagem de um universo perfeito, estática, esse jeito de filmar convencional, os quadros montados e esse som que realmente tenta expressar como ela se sente. Queria tratar desse assunto de afetividade e de como a pessoa se sente”, avalia a diretora.

O diretor Fábio Meira cursava o terceiro ano do curso de Cinema, em Cuba, e escreveu um roteiro há 15 anos. Numa mistura entre o acaso e a construção artística, durante todo esse período ele produziu o filme Mambembe, documentário que reúne conversas filmadas em diferentes países. “Tinha muita vontade de fazer, mas não tinha a mesma experiência mesmo. Pensei em filmar uma parte e captar o dinheiro em edital. Mas isso não aconteceu. Passaram oito anos quando ganhei um edital. Por isso acabou virando um documentário. Tive muita sorte também, porque era uma verba minúscula. Eu tinha ganhado também mais um dinheiro da Funarte, de um trabalho que fiz. Tive como revisitar aquele material e reencontrar as personagens”.
O 32° Festival de Cinema de Vitória conta com patrocínio da Petrobras e com patrocínio institucional do Instituto Cultural Vale e do Banestes, através da Lei de Incentivo à Cultura. Conta com o apoio da TV Gazeta, da Rede Gazeta, da Carla Buaiz Jóias, do Canal Brasil e do Hotel Senac Ilha do Boi, da TVE e do Fórum dos Festivais. Conta também com parceria do Sesc Espírito Santo. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte – IBCA.