Realizadores da 29ª Mostra Competitiva Nacional de Curtas e da 15ª Mostra Competitiva Nacional de Longas se reuniram para o debate, na manhã desta terça-feira (22), sobre as obras exibidas no terceiro dia do 32º Festival de Cinema de Vitória. A conversa aconteceu no Hotel Senac Ilha do Boi.
O Festival, que transforma a cidade de Vitória na capital do cinema brasileiro, conta com patrocínio da Petrobras e patrocínio institucional do Instituto Cultural Vale e do Banestes, através da Lei de Incentivo à Cultura do Governo Federal. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte – IBCA.
Diversos assuntos foram abordados e, logo na abertura, a mediadora Viviane Pistache falou sobre seu ponto de vista sobre as sessões da noite. “A sessão teve um desenho muito interessante em termos de fio narrativo temático e chamaria um pouco da beleza e da cegueira da fé, no sentido Milton Nascimento com a música Fé Cega, Faca Amolada”, afirmou a mediadora.
O debate teve a participação dos realizadores da 29ª Mostra Competitiva Nacional de Curtas: Diego Nunes, de Waldo; Gustavo de Carvalho e Camila Botelho, diretor e atriz de Arame Farpado; e Urânia Munzanzu, de Na Volta Eu Te Encontro. Também participou Nuno Godolphin, produtor-executivo de Brasiliana: o Musical Negro que Apresentou o Brasil ao Mundo, da 15ª Mostra Competitiva Nacional de Longas.
“É um roteiro que existe há muito tempo. Eu e Fabrício somos muito envolvidos com a escrita e o audiovisual, eu sou mais do audiovisual e ele mais da literatura. Juntamos as duas linguagens e eu tenho uma relação com o Waldo, de admiração. Fotografei o Waldo, já conhecia ele, e o Fabrício tinha uma relação mais efervescente, por serem dois escritores”, conta Diego Nunes sobre o curta-metragem Waldo, que dividiu a direção com Fabrício Fernandez.
Diego falou sobre o personagem biografado. “Waldo é um dos maiores poetas que a gente tem no Espírito Santo e no Brasil. Quase 20 anos depois das escolas comprarem livros dele, vive na precariedade. Como é a vida de um artista no Brasil? É algo marginal, muito rebelde. O cara viveu pela arte e ninguém tem preocupação com a existência dele. A gente queria um filme que traduzisse em imagem um trecho da poética do Waldo”, completou Diego Nunes.
Gustavo de Carvalho falou sobre como foi fazer Arame Farpado e lidar com as situações do interior paulista. “Sempre acho interessante mostrar como é viver nessas cidades pequenas do interior. A gente transformou um espaço de um prédio comercial em uma Unidade de Pronto Atendimento. Fizemos isso em dois dias e os moradores da cidade começaram a achar que seria uma UPA nova, a Prefeitura teve que emitir uma nota para explicar que era um filme, e isso gerou uma discussão porque nós conseguimos criar uma UPA, enquanto a cidade não tem aquela estrutura cenográfica que colocamos”.
A atriz Camila Botelho também falou da experiência em protagonizar o filme de Gustavo de Carvalho. “Foi um filme puxado também por conta das cenas andando de bicicleta (risos). Mas eu adorei, é muito diferente de tudo que eu já tinha feito. O que a gente falava muito era sobre a relação entre as irmãs, daquela família. É uma honra pra gente, o filme já rodou em vários festivais e foi feito com recursos da Lei Paulo Gustavo. Tomou proporções gigantescas e é muito bonito isso.”
Urânia Munzanzu, do filme Na Volta Eu Te Encontro, falou sobre a obra a partir do olhar de quem é “filha” da cidade de Salvador. “É importante contextualizar para quem não conhece Salvador. Nasci e fui criada lá. Conheço a cidade com outro aspecto, um outro lugar que os turistas não acessam e existe uma intimidade da vida negra em Salvador que é pouco conhecida. O que se ouve e o que se vê é muito estereótipo. Estou num lugar desafiador: negra, nordestina, com mais de 50 anos e fazendo cinema negro”.
As filmagens de Brasiliana: o Musical Negro que Apresentou o Brasil ao Mundo foram feitas entre 2022 e 2023, no Rio de Janeiro, em São Paulo, e também nas cidades de Munique, Düsseldorf e Berlim, na Alemanha. Nuno Godolphin abordou que a ideia do longa-metragem sobre o grupo Brasiliana vai além de discutir temas. “Teve uma coisa importante da decisão do Joel Zito e toda equipe. O filme tem questões políticas, questões raciais e estruturais, mas o mais importante é a memória. Trazer esse grupo à tona, sem medo das polêmicas, valorizar toda a dimensão de Brasiliana e registrar a memória”.
O 32° Festival de Cinema de Vitória conta com patrocínio da Petrobras e com patrocínio institucional do Instituto Cultural Vale e do Banestes, através da Lei de Incentivo à Cultura do Governo Federal. Conta com o apoio da TV Gazeta, da Rede Gazeta, da Carla Buaiz Joias, do Canal Brasil e do Hotel Senac Ilha do Boi, da TVE e do Fórum dos Festivais. Conta também com parceria do Sesc Espírito Santo. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte – IBCA.