Na manhã desta segunda-feira (21), realizadores da 29ª Mostra Competitiva Nacional de Curtas e da 15ª Mostra Competitiva Nacional de Longas, que exibiram suas produções na noite de domingo (20), debateram sobre as obras exibidas no segundo dia do 32º Festival de Cinema de Vitória. A conversa aconteceu no Salão Penedo, do Hotel Senac Ilha do Boi.
O Festival, que transforma a cidade de Vitória na capital do cinema brasileiro, conta com patrocínio da Petrobras e patrocínio institucional do Instituto Cultural Vale e do Banestes, através da Lei de Incentivo à Cultura. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte – IBCA.
O debate contou com a participação dos realizadores e representantes dos filmes da da 29ª Mostra Competitiva Nacional de Curtas: Melina Galante, roteirista e diretora de O Panda e o Barão, Clarissa Santos, produtora executiva de A Nave Que Nunca Pousa, e Alex Lemos, diretor de arte de O Tempo É Um Pássaro. Também esteve presente Pedro Diógenes, diretor do filme Centro Ilusão, exibido na 15ª Mostra Competitiva Nacional de Longas.

Alex Lemos, diretor de arte de O Tempo É Um Pássaro no debate do 32º FCV. Foto: Melina Furlan/ Acervo Galpão IBCA
A mediadora, Viviane Pistache, falou sobre suas impressões. “Brinco que escuto vozes o tempo inteiro, porque sou viciada em podcasts. Então, adoro filmes verborrágicos. O Panda e o Barão, por exemplo, é interessante por causa dessa verborragia, meio delirante, falando do passado, ancorando gente naquela profusão que está sendo dita”.
Durante o debate, que além dos realizadores também teve a presença de jornalistas e do público, cada membro das produções falou sobre as ideias para a finalização de cada uma. “O filme surgiu de uma matéria de A Gazeta. Sou de Itapemirim e uma tia me enviou (o título era Urso panda no ES? Barão de Itapemirim tinha animal entre os bens). Não se sabe quanto tempo ele viveu, mas ele existiu. O Barão de Itapemirim é uma figura da história do Brasil de relevância nos piores sentidos possíveis, por tráfico de pessoas. Ele mandava e desmandava no Sul do Estado”, contou Melina Galante, que complementou: “Comecei a viajar nessa história. O mais interessante do filme é que a gente tinha uma recriação do Brasil no século XIX e pensei em como colocar um panda. Tive uma ideia de fazer um mockumentary (falso documentário) para falar da história do panda.”
Clarissa Santos falou sobre A Nave Que Nunca Pousa, que tem olhar sobre a exploração das usinas eólicas no sertão da Paraíba, com a percepção do cinema como potência e ferramenta histórica para falar sobre o tema. “Conhecendo os impactos na região semi-árida, nos possibilita pensar nesses projetos. Propomos um filme sobre um tema que tem várias possibilidades de abordagens, que além de ambientais, sociais e econômicos. Começamos as captações acompanhando a Marcha das Mulheres, voltada para a questão da energia eólica, e a coisa foi acontecendo, nascendo no processo. Nem usamos esse material, porque caiu a ficha que a locação é onde foi gravada Aruanda (filme de Linduarte Noronha feito no sertão da Paraíba em 1959)”.

O Tempo é um Pássaro conta a história de Zuri, que vive num lugar onde seu pertencimento está por um fio: seus parentes não falam mais a sua língua. Depois de algumas tentativas, ela toma coragem e inicia uma jornada pela construção do seu espaço de conforto e vai ao encontro de sua verdadeira família.“A equipe é formada por pessoas que tiveram uma trajetória muito próxima. A gente tem a mesma faixa etária na formação do audiovisual, e todos cresceram trabalhando nos projetos uns dos outros. O Rio de Janeiro é muito segregado e todos moravam num subúrbio distante, o que aproximava a gente”, disse Alex Lemos, diretor de arte do filme.
“Esse deslocamento até o Centro do Rio fez parte da nossa trajetória enquanto artistas e trabalhadores do cinema. O audiovisual no Rio de Janeiro acaba sendo um instrumento de ascensão social. Imageticamente, a gente pensa em imagens de Ipanema, Leblon, tipo novela, mas não é isso”, finalizou.
O filme Centro Ilusão, de Pedro Diogenes, tem como um dos protagonistas o guitarrista, cantor e artista plástico cearense, Fernando Catatau, fundador da banda Cidadão Instigado. Figura emblemática da música desde os anos 1990, ele é um dos protagonistas do longa-metragem. Mas o filme mostra a cena artística de Fortaleza, entre conhecidos e desconhecidos.
“Me identifico muito com a vontade de fazer a arte. Muitos artistas estão em Fortaleza e talvez nunca vão sair de lá, muitos não o identificam como artista, e eu tinha muita vontade de levar os cearenses para o primeiro plano do filme. Eu tinha muita vontade de filmar no Centro de Fortaleza, que é uma cidade segregada, mas o Centro tem várias possibilidades de encontro, como esse lugar de qualquer coisa pode acontecer, o inesperado pode acontecer”.
O 32° Festival de Cinema de Vitória conta com patrocínio da Petrobras e com patrocínio institucional do Instituto Cultural Vale e do Banestes, através da Lei de Incentivo à Cultura. Conta com o apoio da TV Gazeta, da Rede Gazeta, da Carla Buaiz Jóias, do Canal Brasil e do Hotel Senac Ilha do Boi, da TVE e do Fórum dos Festivais. Conta também com parceria do Sesc Espírito Santo. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte – IBCA.