Realizadores da 14ª Mostra Foco Capixaba e da 15ª Mostra Competitiva Nacional de Longas debateram, na manhã deste domingo (20), no Hotel Senac Ilha do Boi, a difusão do cinema brasileiro a partir do primeiro dia de exibições no 32º Festival de Cinema de Vitória, com 100% das produções feitas no Espírito Santo. A conversa aconteceu no Hotel Senac Ilha do Boi, na capital. Entre os assuntos abordados, o destaque foi a ausência de histórias dos universos masculinos.
O Festival, que transforma a cidade de Vitória na capital do cinema brasileiro, conta com patrocínio da Petrobras e patrocínio institucional do Instituto Cultural Vale e do Banestes, através da Lei de Incentivo à Cultura. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte – IBCA.
Com mediação da pesquisadora, crítica, curadora e roteirista Viviane Pistache, o bate-papo contou com a presença dos realizadores da 14ª Mostra Foco Capixaba Giuliana Zamprogno, de Castelos de Areia; Gabriela Busato e Júlio Cesar, de A Última Sala; Renan Amaral, de Os Cravos, e da produtora executiva, Djanira Bravo, de Nosso Tempo a Sós. Também esteve presente o diretor Bernard Lessa, de O Deserto de Akin, da 15ª Mostra Competitiva Nacional de Longas.
Na abertura do debate, que também teve a presença de jornalistas e do público, Viviane Pistache falou sobre cada filme da noite. “Nosso Tempo a Sós fala muito sobre essa ausência, para aquela avó e aquela neta, sem a falação do patrão, daquela família, a interdição daquelas pessoas. Castelos de Areia tem a pegada de luto, mas a sugestão de que existe uma masculinidade saudável, sadia. É um retrato masculino muito interessante nesses tempos, que estamos na lacuna de heróis masculinos. A gente precisou desse tempo histórico de denúncia desse masculino violento, mas a masculinidade saudável com compromisso de ser pai ela pode existir”.
A mediadora seguiu traçando um paralelo com o tema destacado por ela. “O filme A Última Sala, tem um plot twist naquela onda da ausência dos cinemas de rua, e depois dá uma virada na história, de um espaço na sociedade, do masculino, e acho muito interessante. As mulheres sempre passam pela fachada e não sabem o que acontece ali dentro, e achei interessante que sugeriu que uma mulher já entrou ali. Os Cravos trouxe uma questão interessante sobre o masculino já adoecido, em ninho fértil de traumas. E o Deserto de Akin, acho muito feliz pela temperatura de atuação. Trabalha um lugar muito legal de experimentação masculina, de arriscar, de construir alianças e afetos”.

Na sequência, os realizadores e realizadoras falaram sobre seus filmes. “Castelos de Areia tem uma coisa curiosa. Sonhei com esse nome e não consegui sair dele. A partir do sonho fui tentando entender os sentidos de Castelos de Areia. Faço análise, e meu analista, quando contei sobre o sonho e o nome, disse que essa é justamente a metáfora que uso para explicar para as pessoas o que é análise, nesse processo de escavar e montar. Esse nome no meio do sonho me ajudou a pensar nesse processo, o que é essa escavação, o que é essa memória. Foi um processo muito pessoal”, comentou a diretora Giuliana Zamprogno.
Diretor de A Última Sala, Júlio César contou sobre a origem do curta. “Tivemos que concluir o filme em um semestre durante a faculdade, e foi muito maluco (risos). Fizemos em 2023. Finalizamos da forma como achamos que merecia, então conseguimos passar no edital da Lei Paulo Gustavo para fechar a produção”. Parceira na direção, Gabriela Busato completou: “Para o tema, não pensamos somente em espaços para exibição, mas também para espaços para outras vivências”.
Em Os Cravos, Renan Amaral relata sobre o processo de adaptação que teve de fazer. “Parte muito de uma escrita criativa minha, era uma esquete de teatro. Depois se tornou um conto, publiquei um livro meu, e aí lá em 2021 levei para o audiovisual. É sempre um desafio a ficção, de como viabilizar essa história, de fazer um filme sem perder a essência”.
Na obra de estreia da 15ª Mostra Competitiva Nacional de Longas, Bernard Lessa falou sobre o que motivou a realizar O Deserto de Akin. “Foi um período de crise humanitária. Ao acompanhar as notícias, antes da pandemia chegar aqui no Brasil, víamos como estava a Itália, e causava espanto. Quem podia fugir de lá, estava fugindo. E lá foram os cubanos para cuidar das pessoas, fazendo uma brigada humana. Comecei a pesquisar sobre isso, e vi que quando surgiu o Ebola, foi a mesma coisa. Todos fugindo e lá foram os cubanos, eles vão para o olho do furacão. Por que na medicina, como forma de internacionalização, isso acontece. E aí entendi que precisamos falar de Cuba”.
O 32° Festival de Cinema de Vitória conta com patrocínio da Petrobras e com patrocínio institucional do Instituto Cultural Vale e do Banestes, através da Lei de Incentivo à Cultura. Conta com o apoio da TV Gazeta, da Rede Gazeta, da Carla Buaiz Joias, do Canal Brasil e do Hotel Senac Ilha do Boi. Conta também com parceria do Sesc Espírito Santo. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte – IBCA.