Filme construído com fitas VHS de família e ambientadas na década de 1990 em Vitória, Castelos de Areia é feito a partir de registros da família da diretora Giuliana Zamprogno. A obra foi selecionada para a 14ª Mostra Foco Capixaba, que acontece dia 19 de julho, às 19 horas, no Sesc Glória. A mostra faz parte da programação do 32º Festival Cinema de Vitória, que acontece de 19 a 24 de julho, e conta com patrocínio da Petrobras e com patrocínio institucional do Instituto Cultural Vale e do Banestes, através da Lei de Incentivo à Cultura.
“Uma parte desses registros foi filmada por meu pai, que eu praticamente não conheci, tendo falecido dois anos após meu nascimento. Descobri nesses arquivos sua voz e jeito de andar, o que me impactou bastante. O filme é um pequeno experimento, uma forma de lidar com imagens de um passado anterior a mim. Um contato que é belo e estranho e que só foi possível porque os filmes existem”, conta Giuliana.
As fitas foram encontradas em 2021. “Uso o plural porque essa procura mobilizou algumas pessoas da minha família, principalmente mulheres. São mais ou menos 6 horas de material, o que dá poucas fitas, mas conseguimos ir atrás de digitaliza-las”, explica a diretora, que no decorrer do tempo assistiu o material para pensar na montagem e relacionar a experiência própria de lidar com arquivos de família.
“Em 2024, o filme foi selecionado no Laboratório ‘Filmes de Gaveta’ do FBCU – Festival Brasileiro de Cinema Universitário, e foi quando tive a oportunidade de mergulhar de vez na montagem. Acho que a gente cresce muito ao conversar e dividir experiências criativas com outras pessoas, e acho que foi principalmente aí que o projeto amadureceu”.
Durante esse processo de elaboração de Castelos de Areia, eis que Giuliana teve uma experiência curiosa. “Bem no início, em uma das vezes em que procurava concentrar alguns dias para reassistir o material bruto e montar o filme, tive um sonho muito nítido com o título ‘Castelos de Areia’”, revela a diretora, que completou:
“Algum tempo depois, meu analista me diz, pela primeira vez, que ele sempre costumava usar essa expressão para explicar o que era análise: como quando escavamos um castelo de areia, retirando a matéria do solo para recriar de outra forma, remoldar, mas no outro dia ou logo depois, a maré vem e desmancha o castelo, e é preciso recomeçar, de novo, sempre”.
Nascida em Vitória, Giuliana Zamprogno agora vive a ansiedade pelo dia da exibição no 32º Festival de Cinema de Vitória. “Me sinto muito grata por estrear o filme na minha terra natal. Foi uma notícia muito feliz e animadora porque até então ele só havia passado em um festival universitário fora do Brasil. Agradeço à toda equipe do FCV pelo cuidado. É a minha primeira vez expondo um trabalho de maneira pública, o que é importante para mim, mas também bastante desafiador, sendo um filme que aborda tantos aspectos pessoais”.
O 32° Festival de Cinema de Vitória conta com patrocínio da Petrobras e com patrocínio institucional do Instituto Cultural Vale e do Banestes, através da Lei de Incentivo à Cultura. Conta com o apoio da TV Gazeta, da Rede Gazeta, da Carla Buaiz Jóias, do Canal Brasil e do Hotel Senac Ilha do Boi, da TVE e do Fórum dos Festivais. Conta também com parceria do Sesc Espírito Santo. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte – IBCA.