31º Festival de Cinema de Vitória: filme com Betty Faria abre a mostra de curtas da noite e longa cearense tem atriz do ES

A noite de terça-feira, 23 de julho, teve mais uma sessão da 28ª Mostra Competitiva Nacional de Curtas e da 14ª Mostra Competitiva Nacional de Longas. Com apresentação de Silvero Pereira e Lucas Leto, foram exibidos os curtas Como Chorar Sem Derreter, Vollúpya, Vão Das Almas e Dias De Pouco Pão e Zero Sonho. Já entre os longas-metragens, foi a vez do público conferir a produção cearense Quando Eu Me Encontrar.

No curta-metragem Como Chorar Sem Derreter, de Giulia Butler, Betty Faria protagoniza a história de uma mulher que não consegue derramar lágrimas de seus olhos. “É a primeira exibição do meu filme de estreia. Emoção enorme, um filme que fiz sobre minha avó e para minha avó”, disse a diretora, que é neta da veterana atriz.

Com estreia realizada no Frameline Film Festival, considerado o maior evento de cinema LGBTQIAPN+ do mundo, em São Francisco (EUA), o curta-metragem Vollúpya, de Jocimar Dias Jr e Éri Sarmet, conta a história de uma boate de Niterói, na década de 1990, na produção feita após pesquisa de imagens de arquivo de pessoas LGBTQIAPN+. 

Éri Sarmet e Jocimar Dias Jr. na 28ª Mostra Competitiva Nacional de Curtas. Foto: Vikki Dessaune/ Acervo Galpão IBCA

“Estamos fazendo a estreia nacional, a estreia internacional foi em São Francisco (EUA). O Festival de Vitória apoia nossos filmes desde sempre. Estamos felizes por dividirmos esse filme com vocês. Mesmo a gente tendo vivido em Niterói, não sabíamos da existência dessa boate. Encontramos um material incrível e entendemos que dava um filme sobre a Vollupya. A gente montou uma equipe incrível e fizemos toda a produção acontecer. Esse filme foi desenvolvido durante a pandemia, quando não podíamos filmar, já que a maioria dos entrevistados tinham entre 60 e 80 anos”, contou Éri Sarmet.

Parceiro na direção de Vollúpya, Jocimar Dias Jr também se pronunciou antes da sessão: “Tem essa história LGBT que é muito apagada e um dos gestos do filme é tentar evitar que nossa história vá para a lata do lixo. Assim que as pessoas LGBT falecem, essa história é jogada no lixo. Alguns arquivos foram preservados e outros não. Nosso objetivo é tirar a história LGBT da lata de lixo”, afirmou.

De Edileuza Penha de Souza e Santiago Dellape, Vão das Almas surgiu a partir de muitas ideias da direção. A versão do Saci no curta teve diversas formas rodopiantes para depois se materializar no universo quilombola. A equipe que produziu o curta-metragem teve a oportunidade de acompanhar o envolvimento do povo Kalunga – descendentes de africanos escravizados no Centro-Oeste brasileiro.

Edileuza Penha de Souza diretora de Vão das Almas. Foto: Vikki Dessaune/ Acervo Galpão IBCA

“É meu primeiro filme no Festival de Vitória. É o 105º festival que Vão das Almas é selecionado e já foram 31 prêmios. A gente conta um suposto mito de como o saci perdeu a perna, mas a gente entende que o maior terror das comunidades quilombolas é o agronegócio, é a invasão das terras. Quero agradecer a presença da minha família e de amigos”, frisou Edileuza Penha de Souza, que é capixaba.

Encerrando mais uma noite de sessão da 28ª Mostra Nacional de Curtas, Dias de Pouco Pão e Zero Sonho, por definição da realizadora capixaba Saskia Sá, é uma fantasia urbana, com recorte das vidas precarizadas de pessoas que vivem e circulam no Centro de Vitória. São pessoas que respiram arte e que estão sempre na encruzilhada entre a luta pelo sonho e o desistir, às vezes sendo favorecidas pelo destino, outras vezes tendo que arcar com as consequências das suas escolhas. 

Saskia Sá e a equipe de Dias de Pouco Pão e Zero Sonho. Foto: Sérgio Cardoso/ Acervo Galpão IBCA

“Quero agradecer muito a essa equipe maravilhosa, feita por pessoas diversas, elenco incrível, e o filme é resultado de edital da Secult, realizado com recursos públicos. Agradeço a todos que apoiaram esse filme, totalmente rodado no Centro de Vitória. Esse roteiro foi adaptado de um conto meu, narrado na segunda pessoa, e o desafio foi trazer esse olhar para o filme, que é sobre pessoas tentando sobreviver, pessoas que estão na corda bamba, que estão nesse capitalismo selvagem cruel. Esse filme é sobre pessoas que tentam sonhar”, vibrou a cineasta capixaba.

14ª MOSTRA COMPETITIVA DE LONGAS

O filme Quando Eu Me Encontrar, de Amanda Pontes e Michelline Helena, tem um crossover de um filme em que Dayane, personagem principal, foge da família. Isso acontece no primeiro curta que a dupla dirigiu. A ideia do filme surgiu a partir desta derivação com a personagem. Outras camadas se adicionaram com a construção dos demais personagens e a Dayane, que é muito falada, mas não aparece no filme, se tornou a premissa para falarem sobre relações familiares, maternidade, expectativas e frustrações que permeia a história do longa. “Muito lindo ver esse teatro cheio, com filmes tão potentes! É uma honra estarmos aqui”, comemorou Amanda Pontes, que estava acompanhada da atriz Di Ferreira. “Sou capixaba, mas saí daqui aos 5 anos! Cresci no Ceará e moro lá há 30 anos. Sou essa mistura de capixaba com cearense. Aqui no Espírito Santo tenho minha base de família sanguínea”, revelou a atriz.

O 31º Festival de Cinema de Vitória conta com o patrocínio master do Instituto Cultural Vale e Petrobras, através da Lei de Incentivo à Cultura, Ministério da Cultura. Conta também com o patrocínio da ArcelorMittal através da Lei de Incentivo à Cultura Capixaba, Secretaria da Cultura do Espírito Santo. Tem apoio da Rede Gazeta, do Canal Brasil, do Canal Like, do Sesc Glória, da Carla Buaiz Jóias e da TVE Espírito Santo. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).

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