31º Festival de Cinema de Vitória: 2º dia de debate discute a força dos temas das produções

Cinema compartilhado é uma forma de promover a arte com boas ideias. Foi o que aconteceu na manhã desta segunda-feira (22), durante o segundo debate entre realizadores do 31ª Festival de Cinema de Vitória, que reuniu os responsáveis pelas produções exibidas na 28ª Mostra Competitiva Nacional de Curtas e na 14ª Mostra Competitiva Nacional de Longas, no Hotel Senac Ilha do Boi. A mediação do bate-papo foi feita por Viviane Pistache. 

Com presença de público e jornalistas, participaram da conversa os seguintes realizadores: Arthur Felipe Fiel, Thais Fujinaga, Janderson Felipe, Lucas Litrento, Clari Ribeiro, ambos da 28ª Mostra Competitiva Nacional de Curtas. Quem também esteve no encontro foram Marcos Nepomuceno e Pedro Charbel, da 14ª Mostra Competitiva Nacional de Longas.

Na noite deste domingo (21), foram exibidos, na 28ª Mostra Competitiva Nacional de Curtas: Saudades Em Cor (Arthur Felipe Fiel, ANI, ES, 9’), Quinze Quase Dezesseis (Thais Fujinaga, FIC, SP, 20’), Samuel Foi Trabalhar (Janderson Felipe e Lucas Litrento, FIC, AL, 17’) e Se Eu Tô Aqui É Por Mistério (Clari Ribeiro, FIC, RJ, 22’). Na 14ª Mostra Competitiva Nacional de Longas, o público assistiu Não Existe Almoço Grátis (Marcos Nepomuceno e Pedro Charbel, 74′, DF).

Lucas Litrento foi o primeiro a falar sobre seu filme, Samuel Foi Trabalhar. “São episódios que a gente já passou. Muito daquilo de fato veio de vivência nossa, é só lembrar dos meus estágios passados. O filme foi crescendo à medida que fomos falando dessa questão da pessoa vestir a roupa da empresa, até de mudar racialmente, vestindo uma pele branca. É um filme que tem tristeza, que não deixa o Samuel ter direito ao sonho. É algo muito pessoal nosso também, por pensarmos muitas vezes em desistir. Tem muito da nossa experiência como artista no Samuel”.

Arthur Fiel, que é professor do curso de Audiovisual da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), contou sobre o que levou à produção de Saudades Em Cor. “Tive algumas diretrizes sobre animação e isso nos ajudou. São muitas vivências que a pandemia atingiu em todos nós. Tentei trazer a perspectiva da criança, esse olhar infantil, para uma obra sensível. Pensando na perspectiva infantil, foi um convite aberto à todas as pessoas que tivesse contato com a obra, para pensar a partir de uma criança”.

Representando a diretora Thais Fujinaga, a atriz Jészz Amadeus falou sobre Quinze Quase Dezesseis, sua primeira experiência de atuação. “Jogo basquete desde que tinha 11, 12 anos. Estava lá jogando em um projeto que ajuda crianças a se formarem através do esporte. Era um campeonato lá na Augusta e a Thais me encontrou. E ela me disse: ‘amei seu penteado, amei ver você jogando. Quer fazer um teste de atuação?’ Aí marcamos o teste e ficou tudo incrível. Depois que aconteceu tudo, mudou minha vida. Tenho muito interesse por esse mundo do cinema.”

Clari Ribeiro explica que há seis anos deu início ao que seria o curta-metragem Se Eu Tô Aqui É Por Mistério. “Comecei a pensar nesse filme em 2018, durante uma residência fílmica que fizemos numa área portuária do Rio de Janeiro. É uma área que sofreu muita gentrificação por conta da Copa do Mundo e das Olimpíadas. E 2018 foi um ano muito difícil especialmente para a Mateusa, minha amiga que foi assassinada. Tivemos que nos unir muito para atravessar esse ano.”

O longa-metragem Não Existe Almoço Grátis foi o segundo exibido na 14ª Mostra Competitiva Nacional de Longas. “Esse é meu primeiro filme. Já conhecia o Marcos, a gente vinha conversando sobre captar aquele momento da posse do Lula, de forma diferente do que a imprensa faria. Os movimentos sociais são espaços de acolhimento. A gente já estava no processo de perder a vergonha da câmera em relação às protagonistas do documentário, e como eu já conhecia elas, sabia da força delas, e decidimos acompanhar esse corre do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST)”, disse Pedro Charbel, diretor do filme junto com Marcos Nepomuceno, que também falou: 

“Aquele momento ali, a gente estava saindo de um lugar onde as pessoas estavam com dificuldades de processar o pós-pandemia. Ninguém sabia o que ia acontecer, então, elas passaram uma tranquilidade, sendo que iam cozinhar para 1 mil pessoas”.

O 31º Festival de Cinema de Vitória conta com o patrocínio master do Instituto Cultural Vale e Petrobras, através da Lei de Incentivo à Cultura, Ministério da Cultura. Conta também com o patrocínio da ArcelorMittal através da Lei de Incentivo à Cultura Capixaba, Secretaria da Cultura do Espírito Santo. Tem apoio da Rede Gazeta, do Canal Brasil, do Canal Like, do Sesc Glória e da Carla Buaiz Jóias, do Canal Like. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).

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