31º Festival de Cinema de Vitória: primeiro debate destaca como os temas se envolvem com cada realizador

O diálogo, a formação e a difusão no cinema brasileiro fazem parte das propostas da 31ª edição do Festival de Cinema de Vitória. Na manhã deste domingo (21), no Hotel Senac Ilha do Boi, aconteceu o primeiro debate entre realizadores da 13ª Mostra Foco Capixaba e da 14ª Mostra Competitiva Nacional de Longas

Entre os assuntos abordados, o destaque foi a forma como os temas se envolvem com cada realizador. A mediação do debate foi realizada pela pesquisadora, crítica, curadora e roteirista da Viviane Pistache, e contou com a participação dos realizadores da 13ª Mostra Foco Capixaba Luã Ériclis, de T-Rex E A Pedra Lascada, Felipe Risallah, de Fala Vô!, Thais Helena Leite, de Mulheres Maratimbas, e Ricardo Sá, de O Caboclo do Sapê. Da 14ª Mostra Competitiva Nacional de Longas, Erly Vieira Jr falou sobre o documentário Presença

Luã Ériclis, diretor de T-Rex E A Pedra Lascada. Foto: Gustavo Louzada/ Acervo Galpão IBCA

Durante o debate, que além do público também teve a presença de jornalistas e do público, os realizadores falaram sobre as referências das produções. Entre elas, a presença de manifestações da cultura popular. “O folclore está presente no filme e como isso é importante aqui no Espírito Santo. É inventivo, mas a partir de agora existe. Para mim, foi muito significativo, por conta da minha relação de infância com o rio que passa por diferentes cidades. E sou biólogo por formação, então isso também me faz pensar positivamente. E agora, quem viu o filme costuma comentar que tem observado as formas em lugares, na vegetação”, comenta Luã Ériclis.

A mediadora abordou a forma singela que o público sentiu do filme Fala, Vô!, do diretor Felipe Risallah. “Vi pessoas conversando sobre isso e, principalmente, enviando vídeos um para o outro com imagens e conversas de suas avós, seus avôs. É interessante como um curta mexe com as pessoas”, destacou Viviane Pistache. E Risallah complementou: “No início de 2022, comecei a fazer o filme. Estava aprendendo, na Ufes, como desenvolver animação.”

Viviane Pistache, Felipe Risallah e Antonio Rodrigues no Debate do 31º FCV. Foto: Gustavo Louzada/ Acervo Galpão IBCA

A realizadora do curta Mulheres Maratimbas, se emocionou ao lembrar que as protagonistas puderam experimentar a sensação única de estarem numa sala de cinema. “Eu queria o olhar das mulheres sobre o lugar onde vivem. Trazê-las para assistir um filme é mais do que qualquer seleção, do que ganhar qualquer coisa. Coloquei elas dentro de uma van, trouxeram filhos e netos, todos vendo. Espero que essa sementinha, na comunidade, possa ser mais vista. Tem uma que nunca foi ao cinema, outra que foi há mais de 50 anos, então, é um feito importante para a comunidade delas”, relata Thais Helena Leite.

O diretor Ricardo Sá, do curta-metragem O Caboclo do Sapê, levou o protagonista ao debate. “O filme é uma reflexão do que a gente está fazendo. Nós continuamos firmes no Brasil”, afirma Antônio Rodrigues, o Caboclo Sapezeiro. Ele explicou o que as comunidades quilombolas da região Norte produzem.

Erly Vieira Jr, diretor do longa-metragem Presença. Foto: Gustavo Louzada/ Acervo Galpão IBCA

Sobre o filme Presença, de Erly Vieira Jr., “é um filme que surge a partir de coisas que se equivocaram muito”, frisou o diretor, que complementou: “É meu primeiro longa-metragem, e um retorno meu à direção audiovisual depois de 12 anos. O filme não tem pretensão de dar conta de temas tão grandes, que atravessam há anos e profundamente as obras desses artistas,  mas parte da ideia da performance como uma forma de se transmitir conhecimentos a partir do corpo, das sensações, para apresentar algumas possibilidades de se conectar com nossos corpos de espectadores. Por isso apostamos numa estética multissensorial, num desenho de som que trabalha com a sinestesia, e num tratamento criativo de imagens de arquivo baseado nisso também.”

O 31º Festival de Cinema de Vitória conta com o patrocínio master do Instituto Cultural Vale e Petrobras, através da Lei de Incentivo à Cultura, Ministério da Cultura. Conta também com o patrocínio da ArcelorMittal através da Lei de Incentivo à Cultura Capixaba, Secretaria da Cultura do Espírito Santo. Tem apoio da Rede Gazeta, do Canal Brasil, do Canal Like, do Sesc Glória, da Carla Buaiz Jóias e da TVE Espírito Santo. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).

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