28ª Mostra Competitiva Nacional de Curtas: Saci, quilombo e um pedaço do Brasil no filme Vão das Almas

Histórias, sentimentos e mistérios permeiam o filme Vão das Almas, de Edileuza Penha de Souza e Santiago Dellape, que será exibido na 28ª Mostra Competitiva Nacional de Curtas, que será realizada de 21 a 24 de julho, às 19 horas, no Sesc Glória. A mostra integra a programação do 31º Festival Cinema de Vitória, que acontece de 20 a 25 de julho, na cidade de Vitória.

“Participar de um festival com história e reputação tão sólidas como o de Vitória, é uma honra que nos motiva a continuar produzindo e buscando a excelência em nosso trabalho. É uma confirmação de que estamos no caminho certo e que nossas histórias têm o poder de tocar e engajar o público”, afirmam os realizadores Santiago Dellape e Edileuza Penha de Souza.

FILME 

Sobre o curta-metragem, a dupla de realizadores relata particularidades que levaram à produção, feita na vila quilombola da Chapada dos Veadeiros, chamada Vão de Almas. “É um filme que nasce talvez mais de sentimentos e sensações do que necessariamente de uma ideia. Vem do cheiro de fumaça impregnada na roupa depois de uma contação de história à beira da fogueira e do calafrio que percorreu a espinha quando pensamos ter ouvido o assovio do Saci roçando a mata na hora morta”.

No relato dos diretores, Vão das Almas surge a partir de muitas ideias. A versão do Saci no curta teve diversas formas rodopiantes para depois se materializar no universo quilombola. “Essa que talvez tenha sido a associação de ideias responsável por trazer algum sopro de novidade às narrativas mitológicas do Saci e da Matinta que tanto amamos”, conta a dupla.

O processo de produção do filme teve início pela criação e desenvolvimento do roteiro, passou por algumas revisões antes da versão que chegou às telas. “Em seguida, enfrentamos a fase de pré-produção, onde cuidamos de todos os detalhes logísticos, como a escolha do elenco, seleção de locações, montagem da equipe técnica, e planejamento do cronograma de filmagem”.

Santiago e Edileuza contam que, toda a equipe de produção, teve dias longos e de bastante trabalho para chegar ao resultado final de Vão das Almas. “Cada cena foi cuidadosamente planejada e executada para garantir que a nossa visão fosse fielmente traduzida para a tela”, contam os realizadores, que tiveram processo colaborativo com a expertise de cada membro, assegurando a qualidade do curta-metragem.

A equipe que produziu o curta-metragem teve a oportunidade de acompanhar o envolvimento do povo Kalunga – descendentes de africanos escravizados no Centro-Oeste brasileiro. “Rejeitando a noção do quilombo enquanto mera locação e pano de fundo para a história, Vão das Almas abraçou a comunidade e foi abraçado de volta da forma mais generosa”, revelam os diretores.

O plano inicial da produção era trabalhar com elenco de Brasília, mas a comunidade Kalunga se envolveu ao ponto de 10 pessoas realizarem uma oficina de interpretação, quando faltava uma semana para o início das gravações. “O protagonista Luan Vinícius – que não estava inscrito na oficina – passou aleatoriamente na porta da sala em que ela acontecia e perguntou se poderia participar: quando ouvimos sua voz de baixo profundo, soubemos que ele seria o Saci”.

Vão das Almas foi selecionado pela curadoria do 31º Festival de Cinema de Vitória, maior evento audiovisual capixaba, estado onde nasceu Edileuza Penha de Souza, realizadora do filme, em Cachoeiro de Itapemirim. Ela e Santiago Dellape comemoraram a classificação para terem o filme exibido na programação competitiva de curtas.

“Ser selecionado para o 31º Festival de Cinema de Vitória foi uma grande alegria para todos nós da equipe do projeto. O Festival de Vitória é hoje uma importante janela de exibição no país, reconhecido por sua relevância no cenário cinematográfico brasileiro. Representa um reconhecimento significativo do trabalho e do talento investido na produção, como também proporciona uma plataforma valiosa para que nosso filme seja visto por um público diversificado e por críticos de cinema”.

31º FCV

De 20 a 25 de julho, acontece a 31ª edição do Festival de Cinema de Vitória, que apresentará a safra atual e inédita do cinema brasileiro. Além das exibições nas mostras competitivas, o evento contará com lançamentos de filmes, debates, formações e homenagens que transformarão a cidade de Vitória na capital do cinema brasileiro. Toda programação é gratuita.

31º Festival de Cinema de Vitória conta com o patrocínio master do Instituto Cultural Vale e Petrobras, através da Lei de Incentivo à Cultura, Ministério da Cultura. Conta também com o patrocínio da ArcelorMittal através da Lei de Incentivo à Cultura CapixabaSecretaria da Cultura do Espírito Santo. Conta com a parceria do Sesc Glória. Tem apoio da Rede Gazeta, do Canal Brasil, do Canal Like, da TVE Espírito Santo e da Carla Buaiz Jóias. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).

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