Em mais um dia de Teatro Glória lotado, a quinta noite do 30º Festival de Cinema de Vitória movimentou o Centro da capital capixaba com os programas finais da 27ª Mostra Competitiva Nacional de Curtas e da 13ª Mostra Competitiva Nacional de Longas. Um dos destaques da noite foi a Homenagem aos 25 Anos do Canal Brasil.
Na programação vespertina, aconteceu a 6ª Mostra Nacional de Cinema Ambiental, a Sessão Especial do filme A Cozinha, de Johnny Massaro, a exibição do filme Porto Príncipe, de Maria Emília Azevedo, além da quarta sessão da mostra A Cinemateca é Brasileira. Os debates com os realizadores seguiram ocupando as manhãs do Hotel Senac Ilha do Boi e o público infantojuvenil participou das duas últimas sessões do 23º Festivalzinho de Cinema de Vitória, no Cine Metrópolis, na Ufes.
Abrindo a programação da noite, foi realizada a Homenagem aos 25 Anos do Canal Brasil. O diretor geral do Canal Brasil, André Saddy, recebeu das mãos do ator Silvero Pereira o Troféu Vitória sobre a contribuição do veículo para o fomento e preservação do cinema brasileiro. “É muito bom comemorar 25 anos aqui, quando o festival comemora 30 anos. Quando a gente olha a história do cinema brasileiro, as iniciativas de fomento, de apoio ao cinema durante esse tempo todo, já tem muito valor. Por isso, a gente tem que comemorar a longevidade dessas duas iniciativas e a sua ampliação ao longo de todo esse tempo”.
Com apresentação da atriz e cantora, Emanuelle Araújo e da jornalista Simone Zucolotto, quem abriu a exibição da 27ª Mostra Competitiva Nacional de Curtas foi o filme Deixa, de Mariana Jaspe. “O filme é uma história de amor. Nem todas as histórias de amor são felizes, mas não deixa de ser uma história de amor por isso. O filme é protagonizado pela Zezé Motta. Um dos poucos filmes que ela protagonizou ao longo de uma carreira tão longa e importante no cinema. É um filme sobre amor de uma pessoa de 70 anos e sobre perdas e descobertas também. O curta é uma tentativa de colocar nós, pessoas negras, fazendo cinema de gênero, aqui no lugar do melodrama. Eu estou muito emocionada. A gente rodou o filme em 2019, e só estreou em 2023, então é a primeira vez que eu vou ver o filme no cinema, que noite!”, pontuou a diretora, que estava acompanhada do editor Ricardo Gomes.
Na sequência, o diretor Higor Gomes subiu ao palco do teatro Glória para apresentar o curta-metragem Ramal. “O filme acompanha uma tarde com cinco jovens nesse local chamado Ramal, que fica na entrada do meu bairro. A gente vai acompanhar esse grupo enquanto eles se divertem. Uma premissa rarefeita, não quero dar muito spoiler, mas a gente toca em temas como território, masculinidade e fabaulação do cinema negro que consegue deixar os realizadores seguindo por outras estradas”.
Depois, Anderson Bardot falou sobre o curta-metragem Procuro teu Auxílio para Enterrar um Homem. “Pra gente fazer cinema no Brasil não é fácil e a gente sabe que é um trabalho que começa com uma ideia na cabeça, mas ela vai se transformando, vai crescendo, vai germinando e o processo de germinação é caudaloso, difícil, mas pra se florir, se fazer primavera, é necessário que a gente descubra um ponto no horizonte que é essa primavera que vocês estão vendo aqui. Esse filme é uma homenagem a Margareth Galvão, que tem 50 anos de carreira. E quando eu homenageio a Margareth eu estendo essa homenagem a todos vocês, e a todas as pessoas que enfrentam em seu cotidiano as suas durezas para fazer arte” pontuou o diretor, que estava acompanhado de parte da equipe formada por quase 300 pessoas.
Fechando a mostra de curtas, a produção Escasso, de Clara Anastácia e Gabriela Gaia Meirelles. “Escasso é a concretude de uma pesquisa que eu venho desenvolvendo, um conceito que eu venho edificando há alguns anos chamado melodrama decolonial. Escasso é o primeiro movimento artístico , cinematográfico. E o melodrama decolonial ele é um vislumbramento meu de um novo gênero, que esteja debruçado literalmente sobre a decolonialidade nesse país. Então resolvi depois de elaborar, edificar com a Gaia, nessa parceria, entendo que não há decolonialidade sem um embate direto, não há decolonialidade sem a gente pôr as cartas na mesa. Eu assino a direção artística, por ser autora, por pensar o filme, por estar atuando e dirigir ele na frente das câmeras e a Gaia por trás das câmeras”, disse Clara Anastácia, que estava ao lado de Gaia Meirelles, que complementou: “Cada movimento desse é uma oportunidade de agradecimento porque a gente não sabe mais quantos festivais a gente vai ter a oportunidade de estar encontrando as pessoas”.
Encerrando as exibições da 13ª Mostra Competitiva Nacional de Longas o documentário Jovem que Desceu do Norte, de Ana Teixeira. A produtora executiva Camila Santana subiu ao palco do Teatro Glória para falar sobre o filme. “Eu estou aqui representando uma equipe brilhante de artistas do interior de São Paulo. Toda a parte de animação, de fotografia, som e trilha sonora foi feita lá. Nosso filme trás 11 protagonistas do cotidiano. São pessoas que vêm de Ortolândia e de Campinas, que moram lá, mas na verdade vieram de vários pontos do sertão brasileiro. E de uma forma muito generosa eles compartilham com a gente suas memórias, suas batalhas diárias. Eles também falam sobre sonhos e das lutas que a gente insiste e precisa travar”.
TARDE
A programação vespertina começou às 14 horas, com a penúltima sessão da Mostra A Cinemateca é Brasileira, que exibiu o O Bandido da Luz Vermelha, clássico da década de 1960, de Rogério Sganzerla, na Sala Marien Calixte, no Sesc Glória. No mesmo horário, mas na Sala Cariê Lindenberg, teve início a 6ª Mostra Nacional de Cinema Ambiental. A janela exibiu três curtas-metragens que abordam a temática ambiental e a coexistência entre pessoas e meio ambiente. Os filmes que fizeram parte da programação foram Memórias do Fogo, de Rita de Cássia Melo Santos, Leandro Olímpio, Irineu Cruzeiro Neto; 8 Bilhões: Somos Todos Responsáveis, de Andrea Flores Urushima, Cesar Shundi Iwamizu e Nelson Kao; e Vãhn Gõ Tõ Laklãnõ, de Barbara Pettres, Flávia Person, Walderes Coctá Priprá. A sessão contou com a participação do diretor Irineu Cruzeiro Neto (Memórias do Fogo).
Logo após, às 16 horas, também na Sala Marien Calixte, o público conferiu a Sessão Especial do filme A Cozinha, produção que marca a estreia do ator Johnny Massaro na direção de longas-metragens. “É um filme que a gente rodou em 2020, antes da vacina, com muita coragem, quase como uma estratégia de sobrevivência. Então é muito bom estar aqui, eu amo muito esse festival” disse o ator-diretor, que estava acompanhado do roteirista e ator, Felipe Haiut.
A programação da tarde contou também com a exibição do filme Porto Príncipe, de Maria Emília Azevedo. A produção, que integra a 13ª Mostra Competitiva Nacional de Longas, seria exibido originalmente na noite de quinta-feira (21), mas por questões técnicas teve sua sessão transferida para às 17 horas, na Sala Cariê Lindenberg, no Sesc Glória.
DEBATES
Comandado pelo jornalista e crítico de cinema Filippo Pitanga, o quarto dia de debate com os realizadores da 27ª Mostra Competitiva Nacional de Curtas e da 13ª Mostra Competitiva Nacional de Longas aconteceu às 10 horas, no Hotel Senac Ilha do Boi.
COLETIVA DA HOMENAGEADA
Também no Hotel Senac Ilha do Boi, Elisa Lucinda recebeu a imprensa no Salão Penedo para o lançamento do Caderno da Homenageada e para falar sobre a sua carreira no teatro, cinema e televisão, além da literatura.
23º FESTIVALZINHO DE CINEMA DE VITÓRIA
O quinto e último dia de exibições do 23º Festivalzinho de Cinema de Vitória, lotou o Cine Metrópolis, na Ufes. A janela audiovisual, exclusiva para alunos das escolas estaduais e municipais da Grande Vitória, tem como objetivo promover o intercâmbio entre estudantes da rede pública e o universo audiovisual, além de estimular a formação de plateia e desenvolver a sensibilidade do público infantojuvenil para o universo das artes. As exibições aconteceram de 18 a 22 de setembro.
O 30⁰ Festival de Cinema de Vitória conta com o patrocínio do Instituto Cultural Vale, da Petrobras e da ArcelorMittal, através da Lei de Incentivo à Cultura, Ministério da Cultura. Conta com o apoio do Canal Brasil, do Canal Like, da Universidade Federal do Espírito Santo, do Cine Metrópolis, da Rede Gazeta, da Carla Buaiz Jóias e do Sesc Glória. Conta também com o patrocínio institucional do Banestes. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).