Sessão Retrospectiva de Curtas-Metragens encerra programação com filmes que ampliam o olhar para as questões sociais 

No universo audiovisual, o curta-metragem é o equivalente ao conto no mundo da literatura. Com narrativas curtas, em poucos minutos, o público acompanha histórias que comovem, divertem e surpreendem. Foi essa diversidade de emoções que a plateia da Sessão Retrospectiva de Curtas-Metragens conferiu no último dia de exibição da janela audiovisual, que aconteceu no domingo (18), às 14 horas, na Sala Marien Calixte, no Sesc Glória, e faz parte da programação da Mostra Comemorativa 30 Anos do Festival de Cinema de Vitória

Na programação, cinco curtas vindos de estados diferentes e com um olhar particular sobre os muitos brasis. Meninos, de Ursula Dart (2009, ES); Em No Devagar Depressa dos Tempos, de Eliza Capai (2014, SP); Alma Bandida, de Marco Antônio Pereira (2018, MG); Rap, o Canto da Ceilândia, de Adirley Queirós (2005, DF), e Na Missão, com Kadu, de Aiano Bemfica, Kadu Freitas e Pedro Maia de Brito (2016, MG/ PE).

Pedro Maia de Brito, um dos diretores de Na Missão, com Kadu, ao lado de Aiano Bemfica e Kadu Freitas, falou sobre a felicidade do reencontro com o espectador na sala de cinema e da importância de continuar jogando luz sobre o assunto que o seu documentário aborda. “Fico feliz, depois de um período tão longo distante das salas de cinema, poder reencontrar com o público: é uma oportunidade valorosa. O filme em parceria com o MLB, Movimento de Luta de nos Bairros, Vilas e Favelas, é um movimento nacional, mas essa ocupação, essa história, se passa dentro de um conflito bastante complexo, urbano e fundiário em Belo Horizonte. É um filme que carrega muita beleza, mas sobretudo muita dureza. Apesar de ser um filme de 2016, é fundamental que essa história e tudo que decorre dela siga reverberando. E agradeço ao Festival de Vitória, a curadoria, a direção e a toda equipe por me receber, receber a todos nós tão bem, e a oportunidade de nesses parabéns de 30 anos de festival terem selecionado o nosso filme para essa história continuar sendo contada”.

A realizadora Ursula Dart falando sobre o filme Meninos. Foto: Gustavo Louzada/ Acervo Galpão IBCA

Diretora e roteirista de Meninos, Ursula Dart esteve presente na sessão e falou um pouco sobre a criação do curta. “O filme parte de uma cena que eu vi em um prédio: eu estava descendo as escadas e no primeiro andar eu vejo uma criança, no hall que separa os apartamentos do resto do andar, com pernas para fora chutando uma bola. E fiquei com isso na cabeça até desenvolver esse documentário. Eu chamo de documentário, apesar de ter usado muitos recursos ficcionais, o que foi uma estratégia de improviso. Eu lançava algumas situações para o João Gabriel Nascimento, ator do filme, e a partir dali ele desenvolvia algumas ações e eu registrava isso”. Ela também falou sobre a importância do Festival de Cinema de Vitória para o fomento do audiovisual local. “É um festival que fortalece a produção local, abre janelas para muitos filmes e eu agradeço por estar aqui”.

Diretor de Alma Bandida, Marco Antônio Pereira explicou a ideia do curta. Foto: Gustavo Louzada/ Acervo Galpão IBCA

Marco Antônio Pereira, diretor de Alma Bandida, falou sobre o processo de criação do curta-metragem. “Não tem coisa mais mágica do que sentar em uma sala, com outras pessoas, e poder contemplar a realidade de quem mora em cidades diferentes. Esse filme, Alma Bandida, vem do interior de Minas Gerais, de um município chamado Cordisburgo, onde eu nasci e cresci. Esse curta eu fiz com os meninos que eu vi nascer e crescer na minha cidade. Em 2017, eu fiquei andando com eles por seis meses, a gente produziu clipes e no final eu chamei eles para fazerem esse trabalho. O filme conta a história de um desses rapazes, o Rafaelzinho. O sonho dele é comprar um celta e casar com a namoradinha dele, mas nem tudo sai como a gente quer” disse o realizador, que ficou muito feliz por ter seu filme na seleção de 30 anos do festival. “Eu estou muito feliz de participar, de ser lembrado, porque nos 30 anos do festival muitos dos meus heróis exibiram filmes aqui e eu fui lembrado. Quero agradecer essa oportunidade de estar aqui”. 

SESSÃO RETROSPECTIVA DE CURTAS-METRAGENS 

Ao longo de cinco dias a Sessão Retrospectiva de Curtas-Metragens exibiu 20 filmes do formato que deu origem ao Festival de Cinema de Vitória há 30 anos atrás. Para esta edição especial, a Comissão de Seleção preparou programas especiais que apresentaram um recorte simbólico do audiovisual brasileiro a partir dos filmes que fizeram parte da história do Festival de Cinema de Vitória nas últimas três décadas. A seleção reafirma o caráter contemporâneo e atento do Festival de Cinema de Vitória ao acompanhar as transformações culturais e sociais que aconteceram no país por meio de sua produção audiovisual. 

A Mostra Comemorativa 30 Anos do Festival de Cinema de Vitória conta com o patrocínio do Instituto Cultural Vale, da Petrobras e da ArcelorMittal, através da Lei de Incentivo à Cultura, Ministério da Cultura. Conta também com o apoio do Canal Brasil, da Universidade Federal do Espírito Santo, do Cine Metrópolis, da Rede Gazeta, da Carla Buaiz Jóias, do Sesc Glória e da Prefeitura Municipal de Vitória. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).

SESSÃO RETROSPECTIVA DE CURTAS-METRAGENS [DIA QUATRO]
Fotos: Gustavo Louzada/ Acervo Galpão IBCA