A realidade das mães que perdem filhos para a violência policial nas periferias é tema da ficção A Mãe, de Cristiano Burlan. O público vai poder conferir o filme, de forma presencial e gratuita, na 12ª Mostra Competitiva Nacional de Longas. A exibição faz parte da programação do 29º Festival de Cinema de Vitória, que acontece de 19 a 24 de setembro, no Centro Cultural Sesc Glória e no Cine Metrópolis, na UFES. “A Mãe, apesar de ser um roteiro de ficção, parte do meu desejo em seguir denunciando a letalidade da força policial nas periferias, e o círculo de violência e abandono do poder público diante dos problemas de inúmeras famílias pobres. Vivemos uma guerra civil em que corpos periféricos seguem sendo o principal alvo”, pontua Cristiano Burlan, diretor do longa.
A ficção traz uma denúncia contra a violência policial nas periferias. Esse contexto se materializa na história de uma mãe, moradora de uma periferia de São Paulo, diante do desaparecimento repentino do seu filho, levando à descoberta de que ele foi assassinado pela polícia e à busca pela verdade sobre o caso. Cristiano Burlan trouxe suas vivências e seu olhar para a construção do filme. “Acredito que o cinema pode ser um despertar para uma tomada de consciência, para colocar o espectador no lugar do personagem e de seus dilemas. A personagem de Marcélia [Cartaxo, atriz] é um pouco da minha mãe, que perdeu o filho nas mãos de uma milícia do Capão Redondo, é um pouco de tantas mães que seguem perdendo seus filhos pela violência do estado”.
O filme se destaca também pelo protagonismo de Marcélia Cartaxo, que vive a personagem da mãe. Uma das maiores atrizes do cinema brasileiro, com mais de 40 anos de carreira, Marcélia também foi homenageada pelo 28º Festival de Cinema de Vitória – Reencontro. Sobre a escolha da atriz para protagonizar o filme, Cristiano comenta que o roteiro foi construído “tendo a Marcélia sempre como a personagem da mãe. Escrevemos para ela. O rosto de Marcélia era força motriz para nossa construção. Marcélia é um acontecimento”.
CURADORIA
Segundo o pesquisador em cinema Gilberto Alexandre Sobrinho, um dos curadores da 12ª Mostra Competitiva Nacional de Longas, a comissão de seleção considerou como um dos pontos principais para o longa integrar a programação do 29º FCV, o olhar sensível com o qual a produção aborda a questão da violência.
“É um filme que trata de uma maneira muito delicada e forte as camadas de violência pela qual uma população vulnerável das periferias do país vive. Se volta para uma combinação muito interessante, das famílias que são organizadas por mulheres, sem figura do marido, em que a mãe organiza o quadro familiar, é um filme que a partir desse viés, mostra uma trabalhadora precarizada, pela busca de um filho que tudo indica que se envolveu num esquema de violência da periferia”, explica ele, que divide a seleção com a produtora cultural e jornalista, Leila Bourdoukan.
A Mãe concorre ao Troféu Vitória em sete categorias: Melhor Filme (Júri Técnico), Melhor Filme (Júri Popular), Melhor Direção, Melhor Roteiro, Melhor Fotografia, Melhor Contribuição Artística e Melhor Interpretação. A Cerimônia de Premiação será realizada em uma noite especial de encerramento do Festival, no dia 24 de setembro, no Teatro Glória, no Centro Cultural Sesc Glória.
O 29º Festival de Cinema de Vitória conta com o patrocínio do Ministério do Turismo, através da Lei de Incentivo à Cultura e também com o patrocínio da EDP, através da Lei de Incentivo à Cultura Capixaba. Conta com o apoio da Rede Gazeta e da TV Educativa ES. E conta com o apoio institucional do Canal Like, da Carla Buaiz Jóias e do Cine Metrópolis. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).