A formação audiovisual é um dos principais focos do Festival de Cinema de Vitória, complementando sua missão de difusão e valorização do audiovisual brasileiro. Nesse sentido, a Oficina de Realização em Cinema e Vídeo, de Luiz Carlos Lacerda e Alisson Prodlik, é oferecida há mais de 10 anos pelo Festival. E nesta edição, a formação ocorreu de 20 a 25 de junho de 2022, em parceria com o Centro de Referência das Juventudes (CRJ) Feu Rosa, ofertada exclusivamente para jovens atendidos pelo equipamento e que são moradores do entorno.
A formação proporcionou à turma uma imersão completa no processo de produção audiovisual, englobando diversas áreas técnicas (Câmera, Produção, Som, Edição) e artísticas (Roteiro, Direção, Direção de Fotografia, Arte). A partir desses aprendizados, os participantes tiveram a oportunidade de experimentá-los na prática com a criação de um filme com autonomia para criarem suas próprias narrativas.
“Eles é que decidem, eu fico orientando o roteiro. É sempre a partir de ideias deles e desenvolvimento de roteiro deles. Aprendem a decupagem, a nomenclatura dos planos, a utilização dramatúrgica das lentes, aprendem isso para o resto da vida. Na verdade eles ocupam vários espaços, tem os que optam por dirigir; trabalhar imagens com fotografia; trabalhar no roteiro. Então vão se encaminhando para esses departamentos, e às vezes exercem várias funções. Essa polivalência completa o aprendizado de uma forma definitiva” explicou o oficineiro Luiz Carlos Lacerda, um dos maiores cineastas do Brasil.
O diretor também destacou a qualidade dos trabalhos que resultam e finalizam as oficinas. “O resultado desses filmes é sempre muito surpreendente, porque são poucos dias, a maioria das pessoas é inexperiente, e o resultado é muito bom. Tem um nível de resolução dramatúrgica ou documental, beirando o profissional, as ideias são muito originais”.
O legado da oficina, que já virou tradição do FCV, contribuiu com o incentivo e a formação de gerações de cineastas brasileiros. Nesse sentido, Luiz Carlos Lacerda lembra de cineastas como Gui Castor, Tadeu Vieira e Bernardo Leitão, que passaram pela oficina em outras edições, inspirando suas carreiras. “É muito reconfortante você ver que de alguma maneira as oficinas serviram para confirmar a opção por fazer cinema, fazer vídeo. Na verdade, muita gente vem pra aprender e acaba entusiasmada com o ato de fazer, e faz disso uma profissão”, comenta Luiz Carlos.
EXIBIÇÃO
Na noite de encerramento do 28º Festival de Cinema de Vitória – Reencontro, os aprendizados absorvidos e experimentados pelos jovens atendidos pelo CRJ Feu Rosa, resultaram no curta-metragem Dá Pra Mim Que é Gol, criado pelos alunos durante a oficina, e que foi exibido e aclamado pelo público do festival que lotou o teatro.
Para abrir a sessão e celebrar os resultados da oficina, subiram ao palco do Teatro Glória, junto dos oficineiros, o presidente da ADESJOVEM, Gabriel Roccon, e o assessor especial da Secretaria de Estado de Direitos Humanos (SEDH), Geovanni Lima, além de participantes da formação.
Gabriel Roccon celebrou a parceria do Festival de Cinema de Vitória. “Foi um encontro muito especial de dois projetos que já acontecem. Estamos executando uma das mais lindas políticas públicas para a juventude do governo do Estado, e em conversa com o Festival a gente conseguiu unir apoio, unir forças, pra poder realizar essa oficina dentro do espaço do CRJ”.
Geovanni Lima comemorou o potencial do projeto na valorização dos projetos. “Para nós da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, é um prazer somar com o Festival de Cinema de Vitória, sobretudo porque o Instituto Brasil e Cultura e Arte acreditam nessa política. A Secretaria de Estado de Direitos Humanos acredita que a cultura é um lugar para promover acessos, para que a gente garanta direitos. Convido todas e todos os realizadores que conheçam esse projeto, porque há potência na juventude”.
Sobre esta edição realizada especialmente aos jovens do CRJ Feu Rosa, Luiz Carlos enfatizou que o contato com eles foi “emocionante, porque são pessoas socialmente carentes, mas que são atendidas por esse projeto fantástico, de uma magnitude social indescritível. E a relação com eles é impressionante, porque eles têm uma avidez no aprendizado melhor do que todo mundo, aprendendo naqueles dias coisas que serão essenciais para o resto da vida. Recebem aprendizados com um interesse acima do normal, um interesse muito grande. Ontem, por exemplo, uma menina que estava como diretora se emocionou vendo aquela imagem que foi produzida. É uma coisa que mexe com o sentimento da gente num nível muito grande”.
O 28º Festival de Cinema de Vitória – Reencontro conta com o patrocínio do Ministério do Turismo e da ArcelorMittal Tubarão, através da Lei de Incentivo à Cultura. Conta com o apoio da Rede Gazeta e da Stella Artois, conta também com apoio institucional do Canal Like e da Universidade Federal do Espírito Santo e da TV Educativa do Espírito Santo. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).
Este projeto está sendo realizado com recursos públicos do Governo do Espírito Santo viabilizados pela Lei de Incentivo à Cultura Capixaba, da Secretaria de Cultura.