Diversidade na forma de contar histórias é tema da oficina Descolonizando o Roteiro

Para além da difusão do cinema brasileiro, a participação no Festival de Cinema de Vitória proporciona ainda uma experiência completa de formação em diversas áreas, técnicas e processos criativos do audiovisual. Dentro da programação do 28º Festival de Cinema de Vitória – Reencontro estão acontecendo oito oficinas gratuitas. As vagas para participação nas formações já foram preenchidas, por meio de inscrições on-line divulgadas antes do festival. 

A oficina Descolonizando o Roteiro, com Clementino Junior, cineasta e educador audiovisual e ambiental, traz a compreensão da função do roteiro enquanto texto técnico e literário, dando importância para a história que será contada, a mensagem a ser transmitida e sua estrutura narrativa. A formação está sendo realizada de 21 a 25 de junho, no Hotel Senac Ilha do Boi. 

Clementino Junior traz em sua oficina o propósito de desconstruir narrativas de cinema tradicional. Ele destaca o objetivo de “desconstruir aqueles formatos que vem muito presos de Hollywood, em que toda história tem que ser contada a partir de uma jornada do herói, há espaço pra muitas formas de contar história”. 

Desta forma, o cineasta apresenta um resgate de formas diversificadas de contar histórias, inspiradas em várias tradições africanas, com contribuições fundamentais não só pela história oral,  mas pelo surgimento da escrita, da matemática e diversos saberes iniciados nas nações africanas. “Quando você pensa a forma dos povos originários de contar uma história de pai pra filho dentro de sua comunidade, não é presa em algum tipo de narrativa como as narrativas ocidentais. Existe toda uma herança, de outras formas de contar histórias, que são um pouco ignoradas quando a gente fala de como a coisa é feita atualmente. Então, se chegamos até aqui com todas essas heranças, precisamos sim resgatar esses processos. Precisamos pensar como a gente pode ressignificar e mudar o sentido daquelas histórias que já são mais conhecidas, e trazer significados insurgentes”, conta o oficineiro.

O realizador audiovisual também expressa a alegria de estar de volta ao Festival de Cinema de Vitória, pela memória especial que ele tem com o evento, que já foi palco de exibição de seus filmes. “É uma felicidade ter esse reencontro. Dos 27 filmes que eu fiz, nos meus 2 primeiros curtas as exibições foram do Festival de Cinema de Vitória em 2001 e 2003. E estar aqui como oficineiro, trazendo um pouquinho do que venho fazendo na última década e meia como educador, está sendo muito bacana. Muito bom compartilhar isso aqui no festival, poder voltar a assistir a sessão nesse momento de reencontro, com toda a segurança, seguindo os protocolos de higiene, para nos reencontrar na sala escura”. 

Para a participante da oficina, a capixaba Lavinia Cardoso, é gratificante ter o contato com essas referências do cinema negro para inspirar sua própria produção audiovisual. “Estou fazendo cinema agora, dirigindo meu primeiro longa. É uma ótima oportunidade fazer uma oficina com Clementino Junior, que é uma referência no cinema negro, que é o cinema que produzo. O primeiro dia foi maravilhoso, ele é maravilhoso”. 

O 28º Festival de Cinema de Vitória – Reencontro conta com o patrocínio do Ministério do Turismo e da ArcelorMittal Tubarão, através da Lei de Incentivo à Cultura. Conta com o apoio da Rede Gazeta e da Stella Artois, conta também com apoio institucional do Canal Like e da Universidade Federal do Espírito Santo e da TV Educativa do Espírito Santo. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).

Este projeto está sendo realizado com recursos públicos do Governo do Espírito Santo viabilizados pela Lei de Incentivo à Cultura Capixaba, da Secretaria de Cultura.

OFICINA DESCOLONIZANDO O ROTEIRO

Foto: Andie Freitas/ Acervo Galpão IBCA