Debate da 10ª Mostra Foco Capixaba trouxe realizadores do Espírito Santo para falarem sobre a produção recente do audiovisual do estado

Janela exclusiva para a produção de realizadores do Espírito Santo, a 10ª Mostra Foco Capixaba exibiu a produção recente do audiovisual capixaba. O debate da mostra trouxe os realizadores locais para falarem sobre suas produções. Mediado pelo jornalista e crítico de cinema, Filippo Pitanga, o encontro teve a participação de Carol Covre, co-diretora de Metamorfose Concreta, ao lado de Larissa Barreto e Narjara Portugal; do diretor Ricardo Sá e a personagem Victoria de La Paz, de Ausência; e de Edson Ferreira, diretor de Chamada a Cobrar.  

Carol Covre contou um pouco da experiência e do processo de criação coletiva do seu curta-metragem. “Metamorfose Concreta é um curta experimental feito no ano passado (2020) e ele é uma reflexão minha com a Narjara e a Larissa, na época estávamos trabalhando juntas, no município de Marechal Floriano, e foi um curta que nasceu da nossa reflexão de como a gente experiencia essa existência, essa relação com a gente mesmo, com a terra que está em volta ou impermeabilizada, a gente teve muitas conversas de como seria se a gente cavasse todo o concreto e o que a gente iria encontrar, quais seriam as nossas sensações, qual a nossa relação com a gente mesmo com essas cascas ou a relação que a gente cria com o mundo, com os outros seres, pra além dessa experiência humana, em que a gente se coloca no centro, mas na verdade a gente compartilha a mesma existência aqui na Terra. O curta foi uma reflexão, uma experimentação em cima dessa temática”. 

Ricardo Sá falou um pouco do processo de constante atualização do roteiro do documentário quando se conta uma história ainda viva. “A gente se encontrou – o diretor e a Victoria -, a gente gravou um encontro dela com o avô, ele mostrando cartas, e reconstituindo essa história pra gente. Quando ela ficou grávida a gente gravou de novo. E com esse projeto a gente foi gravando algumas coisas. Eu também acompanhei o crescimento do filho dela na primeira infância, até que em 2019 a gente conseguiu aprovar o projeto de finalização desse filme. Só que nesse meio tempo aconteceu esse processo do julgamento dos pais dela. E isso provocou uma mudança muito grande na estrutura do roteiro que estava todo estruturado. Mas era um fato tão importante que não tinha como não colocar na história. O julgamento virou o eixo narrativo principal e todo o resto foi sendo acoplado nesse eixo narrativo. E foi uma pesquisa bem complexa, bem difícil. Porque era preciso entender a história dela também”. 

Edson Ferreira falou sobre criar durante o período de isolamento social e também sobre a representatividade negra na sua produção. “O Chamada a Cobrar surgiu no auge da pandemia. Eu lembro que no isolamento social, no mês de março, e quando veio o isolamento foi aquela loucura. Eu sempre produzi muito. E quando veio a pandemia eu fiquei pensando: ‘o que eu vou fazer?’. Comecei a abrir gavetas, procurar projetos. Eu tinha um projeto de um filme que as pessoas ligavam umas pras outras. Pensando em como produzir com segurança e pensando nessa ideia que eu tive, eu fiz uma adaptação e passou a ser uma videochamada dentro de um celular. Então o filme se passa dentro de várias chamadas. É uma comédia. Foi uma outra coisa que pra mim foi um desafio porque eu não tinha produzido nada de gênero. Então foi tudo muito novo: produzir dessa maneira, uma comédia, mas era uma coisa que eu queria experimentar em algum momento e veio agora. E também é o meu primeiro projeto em que tenho uma predominância de pretos, tanto na tela quanto na equipe. Era uma coisa que eu queria muito, até pela minha etnia, mas também por trazer um outro olhar sobre os pretos no cinema. Mudar aquela condição estereotipada, ou de subalternidade, ou de violência. Eu trouxe o horizonte de uma família de classe média”.  

Confira na íntegra o Debate 25ª Mostra Competitiva Nacional de Curtas 

On-line

O Festival de Cinema de Vitória é o maior e mais importante evento de cinema do Espírito Santo. Entre os dias 23 e 28 de novembro, o evento será realizado em formato on-line e gratuito, com as mostras exibidas na plataforma Innsaei.tv. Os filmes estarão disponíveis para o público por 24 horas após a estreia.

O 28º Festival de Cinema de Vitória conta com o patrocínio do Ministério do Turismo, através da Lei de Incentivo à Cultura. Conta com o apoio da Rede Gazeta, da Tower Web e do Banestes. Conta também com o apoio institucional do Canal Brasil, da ABD Capixaba, da Carla Buaiz Jóias, da Inssaei.tv, do Centro Cultural Sesc Glória e da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).