Debate 25ª Mostra Competitiva Nacional de Curtas aborda as múltiplas formas de existência no mundo contemporâneo por meio do audiovisual

Mediado pela doutoranda em psicologia e cinema pela USP e crítica de cinema para o portal Geledés, Viviane A. Pistache; o Debate 25ª Mostra Competitiva Nacional de Curtas – Programa 4 aprofundou o debate das produções com seus realizadores. O bate-papo teve a participação de Natália Maia e Samuel Brasileiro, diretores do documentário Muxarabi; Carlos Segundo, diretor de De Vez em Quando eu Ardo; Lucas Melo, diretor de Prata; e Léo Bittencourt, diretor de Vagalumes. 

Natália Maia, realizadora do doc, falou sobre como encontrou o personagem principal do filme. “Muxarabi surgiu de uma vontade da gente filmar os processos de feitura das grades de ferro em Fortaleza. De olhar pra paisagem da cidade. Ao mesmo tempo que as grades são ornamentais elas também são proteção. A gente estava muito interessado na produção, em quem produz, quem são esses metalúrgicos. O que fez o filme existir era nossa curiosidade em acompanhar esse processo. Na pesquisa para encontrar esses metalúrgicos, a gente foi filmando, conhecendo esses processos e, entre eles, estava Eudes, o Bonitão, que é o personagem central de Muxarabi. Além de filmar, de conversar, a gente teve um encontro muito aberto. Com uma pessoa muito aberta a falar da vida, a filosofar sobre a vida”. Samuel Brasileiro, complementou a fala da co-diretora. “Nós filmamos com quatro metalúrgicos e descobrimos, durante a montagem, que o filme era do Bonitão. E a gente tem a vontade de montar os filmes com os outros metalúrgicos”. 

Carlos Segundo falou da experiência da arte como um lugar de experimentação para possíveis reflexões. “De Vez em Quando eu Ardo tem uma relação muito forte com essa experiência imagética. A gente tenta olhar por dentro da câmera pinhole, mas o que me interessava muito mais ali era a questão conceitual desse encontro, a possibilidade que a pinhole dá pela própria experiência da exposição da imagem. A possibilidade de dissolver os corpos e construir uma outra coisa. Dissolver um corpo físico. E pra mim abre uma discussão do campo da arte, da possibilidade de dissolver esses territórios simbólicos, territórios sociais, de gênero, ou seja, a arte como um espaço neutro para a experimentação e para a provocação”. 

Lucas Melo contou que seu filme surgiu de um lugar muito pessoal e que a história foi ganhando contornos coletivos. “O Prata é um filme muito sobre mim, o lugar que eu vivo, eu sou residente do bairro da Prata. E desde o começo eu queria fazer um filme sobre adolescência, sobre esse momento esquisito, esse momento de transição da adolescencia para a vida adultua. Mas ao mesmo tempo eu queria apresentar o meu bairro, que ele fosse um personagem. Então eu falo com muito orgulho que o Prata foi um filme feito com muitas mãos, mas ao mesmo tempo com muitas cabeças. Foi pensado por muita gente. Dá muito orgulho saber que ele não é só um filme só sobre os meninos, mas um filme dos meninos também. Eles participaram ativamente de todo o processo. E isso foi essencial”. 

Léo Bittencourt falou sobre o processo ‘vivo’ que foi a construção do seu curta-metragem. “Vagalumes teve um percurso muito grande, a gente filmou em 2017 e só foi lançar agora, em 2021. Eu moro muito perto do Aterro do Flamengo, locação principal do filme. Nessa época eu dividia apartamento com Juliano Gomes, e a gente começou a fazer um documentário de observação sobre o Parque do Aterro, porque é um lugar muito vivo, muito importante pra cidade do Rio de Janeiro. Conforme a gente foi pesquisando sobre o processo de criação do Aterro, a gente decidiu mudar totalmente o enfoque do filme. A ideia original era dividir o fime em manhã, tarde e noite – filmado em vários dias, mas montado como se fosse um dia só – mas como a gente começou a pesquisar sobre essa reformulação do Rio e a prórpria construção do Aterro, a gente decidiu fazer um filme todo noturno, justamente trabalhando e enfocando essa população que foi marginlizada no processo de reformulação da cidade e do Centro do Rio: as pesoas em situação de rua, as pessoas que praticam o Candomblé, e toda parte do cruising, o sexo anônimo casual, que acontece no Aterro de madrugada. O parque ganha uma nova vida e um outro significado pelo uso dessas pessoas.  Durante a pesquisa a gente foi vendo como isso é muito mais bonito, muito mais potente e muito mais forte do que a gente imaginava”. 

Confira na íntegra o Debate 25ª Mostra Competitiva Nacional de Curtas – Programa 4

On-line

O Festival de Cinema de Vitória é o maior e mais importante evento de cinema do Espírito Santo. Entre os dias 23 e 28 de novembro, o evento será realizado em formato on-line e gratuito, com as mostras exibidas na plataforma Innsaei.tv. Os filmes estarão disponíveis para o público por 24 horas após a estreia.

O 28º Festival de Cinema de Vitória conta com o patrocínio do Ministério do Turismo, através da Lei de Incentivo à Cultura. Conta com o apoio da Rede Gazeta, da Tower Web e do Banestes. Conta também com o apoio institucional do Canal Brasil, da ABD Capixaba, da Carla Buaiz Jóias, da Inssaei.tv, do Centro Cultural Sesc Glória e da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).