Janela dedicada a à experimentação de linguagens e estéticas, a 10ª Mostra Corsária trouxe seus representantes para ampliar as discussões sobre os oito curtas-metragens selecionados para a janela audiovisual, no debate que aconteceu no início da tarde desta quinta-feira (25), às 14 horas, no Canal de Youtube do Festival de Cinema de Vitória.
Mediado pelo jornalista e crítico de cinema, Filippo Pitanga; e pela doutoranda em psicologia e cinema pela USP e crítica de cinema para o portal Geledés, Viviane A. Pistache, o encontro teve a participação de Diego Locatelli, diretor de Atlântida; Davi Mello e Deborah Perrota, diretores de Todos os rostos que amo se parecem; Jeã Santos, de Presente Maravilha; Lucas Camargo de Barros, diretor do documentário Há uma Profeta nas Olaias, Tenham Cuidado!; Carol Lima, diretora de Mormaço; de Tom Nóbrega, co-diretor de Minha Bateria Está Fraca e Está Ficando Tarde, em parceria com Rubiane Maia; Bibi Dória, fotógrafa do curta Casa de um Corpo Gasoso; Henrique Arruda, diretor de Os Últimos Românticos do Mundo.
Diego Locatelli abriu o debate falando sobre o seu documentário. “É um documentário performático, é um filme que fala muito de Vitória, fala muito de Guiné-Bissau, que é de onde o Nabillah [Sedar, protagonista do filme] vem, sobre essa construção imaginada e projetada dentro da cidade residente. É um filme realizado com a minha produtora Sugar Cane Filmes, da qual eu faço parte, sou representante, e conta sobre essa criação, essa imaginação, e projeção de cidades umas nas outras a partir dessas experiências vividas”.
Davi Mello falou um pouco sobre o processo de criação que desenrolou no filme. “Durante a pandemia a gente [ele e Deborah Perrota] começou a fazer alguns projetos que a gente brincava que eram nossos filmes de fundo de quintal, porque a gente gravava no nosso quintal, e depois disso a gente ficou na ansiedade de ficar produzindo, mesmo em um período tão conturbado e, antes da Deborah ir pra Europa fazer um mestrado, a gente combinou que ia fazer um filme. Partiu dela da gente ir filmar no sítio da Deborah, interior de Minas. A gente não tinha um roteiro. Tínhamos um título, que é baseado em um desenho do Jean Cocteau, e a gente também tinha imagens. Eu não conhecia o sítio da Débora, ela ia me descrevendo e a gente ia desenhando junto o roteiro, que surgiu de um grande mosaico de desenhos e a gente descobria ali esse filme”, pontuou o diretor. “”É interessante porque é um filme que é ficção, mas é experimental, é fantasia, e a ele tá sempre nesse limbo e a gente tá na Mostra Corsária, uma mostra justamente dedicada a esses filmes mais ousados, inventivos, que tem um teor ali com o lado mais imaginário”.
Jeã contou um pouco sobre o curta-metragem que foi inspirado em um VHS de A Hora da Estrela, protagonizado por Marcélia Cartaxo (homenageada no 28º FCV). “Eu decidi homenagear a própria linguagem do cinema, escolhendo essa fita VHS, de um dos filmes mais importantes da minha vida e da minha vida profissional também. Desde quando eu assisti a Hora da Estrela foi marcante pra mim, a Marcélia, e tudo mais. Eu me identifico muito com a personagem dela, eu vejo muito a minha mãe, a minha família. Somos nordestinos, eu sou baiano, mas vivi muitos anos em Recife. Fiz filmes em Recife. Hoje moro no Rio de Janeiro. Agora eu tô aqui no Rio de Janeiro, vivendo uma realidade social muito cruel, e tentei trazer tudo isso para o filme”.
On-line
O Festival de Cinema de Vitória é o maior e mais importante evento de cinema do Espírito Santo. Entre os dias 23 e 28 de novembro, o evento será realizado em formato on-line e gratuito, com as mostras exibidas na plataforma Innsaei.tv. Os filmes estarão disponíveis para o público por 24 horas após a estreia.
O 28º Festival de Cinema de Vitória conta com o patrocínio do Ministério do Turismo, através da Lei de Incentivo à Cultura. Conta com o apoio da Rede Gazeta, da Tower Web e do Banestes. Conta também com o apoio institucional do Canal Brasil, da ABD Capixaba, da Carla Buaiz Jóias, da Inssaei.tv, do Centro Cultural Sesc Glória e da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).