Aconteceu na manhã desta quarta-feira (24), o primeiro debate do 28º Festival de Cinema de Vitória. Mediado pelo jornalista e crítico de cinema, Filippo Pitanga; e pela doutoranda em psicologia e cinema pela USP e crítica de cinema para o portal Geledés, Viviane A. Pistache, o primeiro encontro teve como foco a primeira sessão da 25ª Mostra Competitiva Nacional de Curtas. Participaram do bate-papo, Heraldo de Deus Borges, co-diretor do curta 5 Fitas; Luan Santos, diretor da ficção Praia dos Tempos; e a atriz Hawalari Coxini, protagonista do filme Hawalari.
O debate começou com Heraldo de Deus Borges, pontuando a forma independente como vários realizadores produzem audiovisual na Bahia . “Esse filme não é uma produção só nossa, da Sujeito Filmes, mas ele é co-produzido por um movimento que eu costumo dizer que é IN (depente). Porque, embora não tenha financiamento, nem público nem privado, é a gente que custeia o filme, tem uma leva de coletivos que chegam junto para ajudar nos filmes uns dos outros. Nessa oportunidade a gente teve uma alegria inestimável de contar com a ajuda inestimável da Saturnema Filmes, Gira Pomba Produções e Bico Produções, os três coletivos que chegaram pra a gente na construção dessa história”.
Na sequência, Luan Santos, falou da experiência de dirigir o primeiro filme para além do espaço universitário, e de transformar algo tão pessoal em um produto audiovisual. “ É o meu terceiro filme, e o primeiro sem ser um exercício da faculdade. Eu reuni uma equipe que são pessoas, minhas amigas, a maioria são mulheres negras de Salvador, Cachoeira e Santo Amaro, e a gente fez o argumento muito coletivamente. A gente tinha pouco tempo, então entrava em uma reunião pegava um documento do docs e ia escrevendo junto e colocando algumas questões que eram importantes pra gente. O filme fala muito de autoestima, de autocuidado. Teve um processo da gente ir discutindo essas questões que a gente vinha enfrentando, essa problemática desde a infância com autoimagem. É um filme que parte muito de mim e da minha questão com a autoimagem, principalmente nesses formatos que a gente está vivendo de telas, onde eu tenho que me ver constantemente. E conversando com essas outras pessoas era muito compartilhado esse sentimento. Minha ideia era transformar essa sensação em um filme e que, de alguma forma, ele pudesse intervir na realidade que a gente vive”.
Hawalari Coxini, que também é roteirista e produtora do filme, falou um pouco sobre o filme que apresenta um olhar sobre a história do Brasil a partir do ponto de vista indígena. “O Hawalari é um curta que se passa nos séculos anteriores, quando estava sendo descoberto o país, só que é o contexto do olhar indígena. A personagem indígena em contato com a pessoa branca, como colonizador. E tinha um sentimento de ficar em dúvida: se você ia acolher ou ter medo, porque você já sabe o que fazia o colonizador. A ideia do curta tem um tempão que a gente estava trabalhando, desde 2016, e conseguimos rodar em 2019”.
Confira na íntegra o 1º Debate da 25ª Mostra Competitiva Nacional de Curtas
On-line
O Festival de Cinema de Vitória é o maior e mais importante evento de cinema do Espírito Santo. Entre os dias 23 e 28 de novembro, o evento será realizado em formato on-line e gratuito, com as mostras exibidas na plataforma Innsaei.tv. Os filmes estarão disponíveis para o público por 24 horas após a estreia.
O 28º Festival de Cinema de Vitória conta com o patrocínio do Ministério do Turismo, através da Lei de Incentivo à Cultura. Conta com o apoio da Rede Gazeta, da Tower Web e do Banestes. Conta também com o apoio institucional do Canal Brasil, da ABD Capixaba, da Carla Buaiz Jóias, da Inssaei.tv, do Centro Cultural Sesc Glória e da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo. A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA).